O Presidente Bolsonaro ainda não havia terminado o seu pronunciamento e já recebíamos pedido de uma rádio de Montevidéo para uma declaração sobre os “novos rumos de Brasil” depois do episódio da demissão de Moro. Isto mostra o quão importante foi o fato.
Realmente, este inesperado movimento político provocou nova alta de 2,54% no dólar, elevando-o para R$ 5,7491, no seu momento de pico, e forte queda de 5,45% no Ibovespa. Mas, o pior nos parece que ainda está por vir.
Rodrigo Maia, que foi humilhado e execrado pela população no início da semana, de repente ganha força e novo vigor, porque tem na mão a possibilidade de agendar qualquer um dos 34 processos de impeachment de Bolsonaro, que agora ganham impulso pelas denúncias de Moro.
Bolsonaro, com isto, vai tratar Rodrigo Maia a partir de agora com outros olhos, dando força ao Centrão, que ele lidera e que está interessado somente em cargos e verbas, arrebentando com a economia brasileira junto com o Coronavírus. Outro motivo forte de insegurança da economia é o descontentamento do Ministro Paulo Guedes, que também pode pedir demissão, com a aprovação do programa Pró-Brasil, que destina R$ 100 bilhões que o governo não tem para ajudar os estados e municípios a enfrentar o coronavírus.
E o primeiro efeito disto devem ser mais altas do dólar a curto, médio e longo prazos. Não nos espantaríamos se atingisse R$ 6,00, embora ainda não consigamos ver no horizonte nada que corrobore a opinião de algumas corretoras de câmbio que já falam na possibilidade de chegar a R$ 7,00.
Evidentemente que isto afeta diretamente os preços da soja, exatamente como já aconteceu hoje, em que atingiram mais de R$100,00/saca em várias cidades do interior do Brasil. Tudo isto era imprevisível há dois dias, então ninguém deve se culpar por ter vendido antes. Mas, será hora de aproveitar para vender o restante, inclusive da safra de 2021, com o dólar mais elevado.
No RS os preços chegam a R$ 101,00 no interior
A forte alta do dólar desta sexta-feira fez os preços da soja disponível, no Rio Grande do Sul finalmente subirem para R$ 101,00/saca em Ijuí, Cruz Alta e Passo Fundo e R$ 105,00 no porto para abril e R$ 107,00 para maio.
Os preços de balcão, pagos aos agricultores continuam entre R$ 90,00 e R$ 94,00/saca, conforme a distância.
No Paraná mercado permaneceu com a alta do dia anterior
Os preços para os agricultores subiram forte para R$ 97,00/saca (só indicação sem comprador/sem espaço), com o preço do mercado de lotes no disponível em Ponta Grossa atingindo R$ 101,00/saca. No porto, não há mais interesse de compra para maio e o preço de junho permaneceu em R$ 105,00 pagamento no final do mês, o que equivale a R$ 102 FOB Campos Gerais. Para entrega durante e pagamento no fim de abril de 2021 o preço subiu um real/saca para R$ 96,00/saca em Ponta Grossa.
No Centro Oeste a soja foi muito negociada antes da alta desta sexta
No Mato Grosso do Sul foram negociadas 300.000 toneladas para entrega em maio e junho a preços entre R$ 85,00 e R$ 90,00/saca livre para o produtor, na região de Dourados. Para a safra 2021 também foram negociadas outras 200.000 toneladas a preços entre R$ 85,00 e R$ 86,00 antes da alta desta sexta-feira.
Em Goiás foram negociadas 259.200 toneladas da safra 2019/20 e 350.900 toneladas da safra 2021. Os preços encerraram a semana ao redor de R$ 87,50 em Anápolis e R$ 88,00 em Rio Verde. Na Bahia os preços avançaram mais cinqüenta centavos/saca para entrega e pagamento em agosto, fixando-se em R$ 94,50, um real para setembro para R$ 95,00 e permaneceram inalterados para maio de 2021, para R$ 88,00/saca. Empresas mais agressivas nos preços para soja disponível com vencimentos mais a frente, não houve preços para vencimentos até junho, todas compradoras já comprometidas até este mês.
Mesmo com alta poucos negócios saindo.
Relatório de Soja da China: Trituradores captam embarques baratos do Brasil, compra estatal dos EUA continua Os trituradores chineses privados adquiriram embarques brasileiros de soja CIF, à medida que os prêmios caíram no Brasil após mais compras estatais de soja dos EUA.
Cerca de oito cargas de soja brasileira foram negociadas quinta-feira à noite, entre as quais três foram contratadas para embarques de maio/junho de curto prazo em 118-120 c/bu em relação aos futuros de julho, uma queda significativa em relação ao dia anterior, quando os vendedores no Brasil saíram de posições spot em meio a preocupações com mais compras nos EUA. Ao todo a China comprou 28 cargos ou 1,68 milhão de toneladas de soja brasileira na semana.
Enquanto isso três carregamentos de soja brasileira entre julho e agosto deste ano mudaram de mãos em 140-145 c/bu sobre os futuros de julho quinta-feira durante a noite. Os trituradores estatais continuaram a fazer investigações sobre a soja dos EUA tanto do Golfo dos EUA quanto do Noroeste do Pacífico durante a sessão comercial de quinta-feira, apesar dos preços serem mais caros que os brasileiros.
Mais duas ou três cargas de soja dos EUA foram ouvidas contratadas do Golfo dos EUA para a China por um comprador estatal para embarques entre agosto e setembro deste ano. Isso fez com que as compras totais de soja dos EUA da China se aproximassem de 1 milhão de mt esta semana, apesar dos preços serem mais altos que o Brasil.
Na China, tanto os futuros de farelo de soja quanto de soja em Dalian caíram sexta-feira com o contrato de farelo de soja mais líquido caindo 0,5%, para CNY2.760/mt (US$ 389,83/mt) e o contrato de óleo de soja mais ativo caiu 1,3%, para CNY5.444/mt (US$ 768,93/mt). Os prêmios FOB Brasil recuaram 2 cents para maio, permaneceram inalterados para junho e julho, subiram 20 cents para agosto e começaram a ser cotados para setembro 5 cents acima de agosto. Para 2021, os preços recuaram em média 5 cents/bushel.
No mercado de Paper de Paranaguá houve negócios para Maio a +57k,Junho/Julho a +21 e 22N. No mercado CIF portos de Dallian, os prêmios da soja brasileira permaneceram inalterados, ou sondados conforme acima exposto.
Fonte: T&F Agroeconômica
