ANÁLISE SEMANAL DA TENDÊNCIA DOS PREÇOS
Fator novo pode mudar a tendência dos preços da soja para 2022
Crescem as possibilidades de que o aumento dos custos com fertilizantes reduza a área que será destinada à produção de cereais no próximo ciclo. Compradores estão tratando de garantir a sua parte de matéria-prima (que poderá aumentar a demanda e os preços a curto prazo). Já está acontecendo com o milho e as fábricas de etanol, nos EUA e poderá acontecer também com a soja na China e no Brasil.
Ainda não terminamos levantamento junto às fábricas e importadoras de fertilizantes para saber como está esta matéria-prima, mas escutamos no mercado fortes preocupações quanto ao seu fornecimento para a próxima safra, a começar pela safrinha do milho de 2022 e a safra de trigo também de 2022, que serão plantadas antes da soja.
Haverá fertilizantes suficientes para todos?
A situação, neste momento, é a seguinte:
1.Os preços dos fertilizantes para a próxima safra de verão no Brasil estão garantidos e definidos, porque já foram comprados e entregues;
2.O problema começará a aparecer na compra dos insumos para o milho safrinha de 2022 e o trigo da safra 2022, atingindo a soja posteriormente.
As origens do problema
Além do aumento do preço do gás natural, que impacta a exportação de fertilizantes da China, a crise também tem motivos localizados nas implicações geopolíticas da Bielo-Rússia, e seu ditador Aleksandr Lukashenko.
A Bielo-Rússia é responsável por 1/4 da produção mundial de cloreto de potássio. No poder desde 1994, Lukashenko perseguiu oponentes e reprimiu manifestações, o que levou seu país a ser alvo de sanções por parte da União Europeia e dos Estados Unidos. A falta de disponibilidade fez o preço disparar. “Há uma escassez física de material no mercado por causa das restrições comerciais com a Bielo-Rússia e o potássio é indispensável. É produzido em alguns lugares, como Canadá, Rússia, Bielo-Rússia e um pouco na China – que está travando as exportações de fertilizantes para proteger seu mercado interno”.
Entenda os motivos da falta de fertilizantes
Há, também, “escassez e aumento dos preços do nitrogênio, que são fundamentais para todas as culturas”. As perspectivas não são muito animadoras para o futuro próximo. “O preço do gás natural não tem perspectiva de queda. O petróleo permanece sob pressão. Na questão do fornecimento de potássio, pode normalizar alguma coisa, mas entra o efeito da desvalorização do câmbio – o dólar está cada vez mais alto”, explicou.
Com isto, a pressão sobre os custos de produção para a agricultura vai continuar, mesmo em um cenário em que a União Europeia alivie a pressão sobre a Bielo-Rússia”.
Como a falta de fertilizantes afeta os alimentos
Mesmo com soluções para a crise dos fertilizantes, as perspectivas de retração da economia no próximo ano e a alta dos juros, nos EUA e o Brasil, ainda devem impactar a economia das famílias brasileiras. Do ponto de vista das famílias, mesmo que algo reduza o preço dos alimentos, o restante do custo de vida – transporte, energia – continuará afetando muito a vida das pessoas e, com ela, a economia do país.
GIRO PELOS ESTADOS
RIO GRANDE DO SUL: Mesmo com alta do dólar e de Chicago, preços caem R$ 1,50/saca nesta sexta
Mesmo com as pequenas altas de 0,37% do dólar e de 0,02% em Chicago os preços da soja no estado recuaram entre R$ 2- 1,50/saca, como mostra nossa tabela ao lado. Preços para entrega outubro e recebimento em abril/maio de 2022 bateram R$ 184,00 CIF porto, marcando queda de R$ 1,00/saca. Preços de pedra valeram R$ 160,00 Panambi, inalterados.
Já no mercado de lotes as variações foram negativas de formas variadas para todas as regiões, isso para os melhores preços do dia, a tais valores, cerca de 10.000 toneladas foram negociadas, rendendo ainda acima do esperado, a diferença percentual entre os novos e antigos preços podem ser vistos na tabela ao lado.
SANTA CATARINA: Preços recuam R$ 2,00/saca com queda do farelo
Nesta sexta-feira o mercado manteve o mesmo ritmo do resto da semana, fraco e sem interesse., com o dólar se valorizando mais de 34%. Com Chicago acompanhando, esperava-se melhora nos preços também, mas o quadro de demanda interna está prejudicado pela queda no farelo e os preços caem. Os melhores preços de quinta-feira para dezembro foram de R$ 173,50, os desta sexta-feira chegaram a R$ 171,50, dois reais a menos. Para janeiro a história não foi diferente, os preços de ontem foram R$ 175,00 para os melhores momentos, mas os de hoje estiveram em R$ 173,00. Uma perda considerável de R$ 2,00/saca.
PARANÁ: Preços em queda, vendas paradas
Chegamos à sexta-feira e nenhuma diferença real pode ser sentida no mercado de soja paranaense: dólar continua se solidificando e houve uma pequena melhora nos preços de Paranaguá e de Ponta Grossa, mas ainda nada de negócios repostados. Torna-se cada vez menos provável que os volumes venham a se valorizar acima do custo de armazenamento nesse momento. O mercado segue muito incerto, com a crise crescendo cada vez mais em complexidade. Futuros: Soja Paranaguá 2022- Março de 01/03 a 30/03 com pagamento em 02/05 a R$ 161,00 (manutenção); Abril de 01/04 a 30/04 com pagamento 31/05 a R$ 162,50 (manutenção).
MATO GROSSO DO SUL: Com preços estáveis, sem subir para onde o vendedor quer, não houve negócios
Sexta-feira e o mercado permaneceu pouco volátil, dando continuidade ao vazio dos dias anteriores. O mercado segue sem reação, com muita dificuldade de leitura, o dólar disparando e Chicago perdendo força devido a proximidade do abastecimento de maiores estoques dos EUA. Com a queda dos preços internos do farelo de soja, em que pese a pequena alta dos preços do óleo, as indústrias não puderam melhorar os preços, que permaneceram inalterados e o dia sem negócios.
SOJA MG: Lembram quando recomendávamos vender e aplicar o dinheiro, há cinco meses?
Há cinco meses, em junho, recomendávamos vender a soja e aplicar o dinheiro, que o rendimento aumentaria o lucro. Quem seguiu nosso conselho se deu bem melhor do que quem guardou até agora. De julho para cá o preço ficou inalterado (tendo até caído mais no meio do caminho). Então, quem aplicou ganhou o dinheiro do juro que, numa aplicação bem conservadora, renderia 0,8% ao mês e, somado ao preço, renderia algo como R$ 165,00/saca.
Fonte: T&F Agroeconômica
