Por Fellipe Parreira – Comercial Norte da VIVAbio
Você já parou para pensar por que a soja está tão presente nas lavouras brasileiras e por que ela é tão importante para a economia do país? Muito além de um simples grão, a soja é hoje uma das bases do agronegócio nacional e boa parte desse protagonismo vem da sua versatilidade e da sua relação com os chamados bioinsumos.
Grande parte do mercado da soja está diretamente conectado à produção de carnes. O principal derivado do grão, o farelo de soja, é uma fonte rica de proteína utilizada na alimentação de aves, suínos, bovinos e até pets. Ou seja, a soja alimenta os animais que, por sua vez, alimentam o mundo. Essa engrenagem transforma o campo em um elo vital da cadeia alimentar global.
Da soja, nascem três produtos principais que merecem destaque e que são importantes para movimentar diversos setores da economia. O farelo de soja, apesar de tecnicamente ser um subproduto, é o item mais valioso da cadeia. Com teor proteico entre 43% e 48%, é indispensável na formulação de rações para diversas espécies, inclusive no segmento pet.
Na indústria alimentícia, podemos citar o óleo de soja utilizado em produtos como óleo refinado, margarinas e maioneses e que, recentemente, passou a ser também a principal matéria-prima para a produção de biodiesel no Brasil, onde cerca de 70% do produto brasileiro é feito a partir do óleo de soja, consolidando o grão como um combustível verde de peso na matriz energética nacional.
Os números não deixam dúvidas sobre a importância da soja para o cenário mundial. Em 2024, o Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária brasileira atingiu R$1,35 trilhão, sendo que a soja em grão respondeu por R$334,1 bilhões, o maior faturamento entre todos os produtos do setor.
A soja em grão é a líder da lista, deixando para trás a pecuária de corte (R$211,1 bilhões), o milho (R$128,2 bilhões) e até a cana-de-açúcar (R$106,2 bilhões). Além disso, o agronegócio absorve praticamente 1 em cada 3 trabalhadores brasileiros.
Até o fim de 2024, 28,2 milhões de pessoas estavam empregadas no setor, o equivalente a 26% da força de trabalho nacional. No comércio exterior, os produtos do agronegócio representaram 49% das exportações brasileiras no mesmo período. Mas a pergunta é: O que torna a soja tão versátil?
A resposta é que a sua composição é uma das chaves do sucesso. Em média, o grão contém: 40% de proteína, 20% de lipídios, 35% de carboidratos (sendo apenas 3% de amido), 5% de minerais e compostos bioativos como carotenóides, fenólicos e tocoferóis. Essa riqueza nutricional permite que o grão seja utilizado nas mais diversas finalidades, da alimentação humana e animal à produção de energia limpa.
Para atingir toda essa complexidade bioquímica, a soja precisa de muitos nutrientes. E o mais exigido de todos é o nitrogênio. A cada tonelada de grãos, a planta demanda cerca de 80 kg de nitrogênio. Em uma lavoura com produtividade de 3.000 kg por hectare, seriam necessários aproximadamente 240 kg/ha desse nutriente.
Se esse nitrogênio viesse exclusivamente de fertilizantes minerais, como a ureia, o custo seria alto demais: cerca de 533 kg de ureia por hectare, o que elevaria os custos de produção em mais de 25%, tornando a atividade inviável economicamente para os produtores.
Mas e quando a natureza trabalha a nosso favor? Aí entra em ação a mágica dos bioinsumos. Neste caso, em especial, podemos citar a bactéria chamada Bradyrhizobium. Ela vive em simbiose com a planta da soja, realizando um processo chamado Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN). A bactéria captura o nitrogênio presente no ar e o transforma em amônia, uma forma assimilável pelas plantas.
Essa parceria é simples e genial: a planta fornece energia (açúcares) para a bactéria, e a bactéria, em troca, fornece nitrogênio. Isso reduz drasticamente a necessidade de fertilizantes sintéticos e garante o desenvolvimento saudável do grão, com alto teor de proteína, além de diminuir a emissão de gases de efeito estufa, provindo da produção do nitrogênio químico.
Graças à ação dos bioinsumos, especialmente da FBN, a soja se mantém economicamente viável, sustentável e altamente produtiva. Em suma, os bioinsumos estão diretamente correlacionados a uma cadeia importante que geram milhões de empregos em toda a cadeia agroindustrial, aumentam a eficiência econômica da produção agrícola, ajudam o Brasil a alimentar o mundo com responsabilidade e a diminuição da emissão de gases de efeito estufa.
A história da soja no Brasil é também a história da inovação no campo. O uso inteligente da biotecnologia, por meio de bioinsumos como o Bradyrhizobium, mostra que é possível unir produtividade, sustentabilidade e competitividade.
O futuro da agricultura brasileira passa, sem dúvida, por soluções biológicas e a soja é o melhor exemplo disso.
Fonte: Assessoria de Imprensa VIVAbio