As últimas precipitações volumosas, que abrangeram todo o território do Rio Grande do Sul, ocorreram em meados de janeiro, desde então, as chuvas tornaram-se pontuais, localizadas e desuniformes. Algumas regiões registraram volumes razoáveis, mas, em outras, os volumes foram insuficientes ou até inexistentes. Esse cenário climático, associado a elevadas temperaturas, trouxe consequências negativas para o balanço hídrico da cultura e criou disparidades nas condições das lavouras, que estavam uniformemente favoráveis.
Nas áreas que receberam volumes pluviométricos mais significativos ou intermediários, a situação é considerada satisfatória. As plantas evoluem para a fase de formação de vagens e permanecem emitindo brotações, caracterizando hábito de crescimento indeterminado. A estatura das plantas está em conformidade com a fase fenológica em que se encontram, o que sugere resultados produtivos alinhados às projeções estabelecidas inicialmente.
Entretanto, em regiões onde não choveu o suficiente, há sinais de estresse hídrico, que pode afetar o potencial produtivo. As plantas exibem sintomas de murchamento, expondo a face inferior das folhas em direção aos raios solares, que causa queimaduras nessas partes.
Observa-se também o início do processo de desprendimento das folhas mais baixas nas lavouras mais afetadas pelo déficit hídrico, as quais apresentam rápido amarelecimento e senescência.
Quanto ao manejo fitossanitário, a atenção principal tem sido direcionada à ferrugem asiática. As altas precipitações, no início do ciclo da cultura, beneficiaram o desenvolvimento da doença. Apesar da baixa umidade nas últimas semanas, o que retarda o avanço da doença, permanecem o monitoramento e a aplicação do protocolo de controle preventivo.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha, observou-se uma redução da área plantada, em alguns municípios, devido a atrasos ocasionados pelas chuvas no momento do plantio e às dificuldades operacionais associadas à implantação em um curto espaço de tempo, quando as condições eram favoráveis. As precipitações do período, em parte da região, beneficiaram principalmente as lavouras em estágio reprodutivo.
Na Fronteira Oeste, há preocupação em relação à escassez de chuvas e à alta incidência de doenças, especialmente ferrugem. O período seco prolongado – 20 dias – tem provocado sintomas de estresse hídrico nas lavouras, como murchamento de folhas nas horas mais quentes do dia e abortamento de flores. Em Barra do Quaraí, as lavouras com irrigação no sistema sulco-camalhão apresentam ótimo desenvolvimento.
Na de Caxias do Sul, as lavouras continuam com excelente desenvolvimento, adequada estatura de plantas e perspectivas positivas de rendimento. A fase predominante é a floração.
Poucas áreas estão em enchimento de grãos, e algumas ainda em estágio vegetativo. Registrase a presença de lagarta em níveis moderados de infestação, mas apenas as áreas onde há sementes sem biotecnologia para resistência a pragas receberam manejo.
Na de Erechim, as lavouras estão 10% em estágio vegetativo; 40% em fase de floração;
e 50% em formação de vagem e de enchimento de grãos. Na de Frederico Westphalen, as condições climáticas de poucas chuvas ocasionaram estresse hídrico significativo para a cultura, gerando incertezas quanto à manutenção do potencial produtivo de muitas lavouras.
Na de Ijuí, aumentaram os sintomas de estresse hídrico em decorrência do período prolongado sem chuvas consistentes, suscitando preocupações entre os produtores em relação à redução da produtividade. Observa-se grande variabilidade na incidência de ferrugem nas lavouras; a maioria apresenta baixa pressão da doença. Apesar do tempo seco, verificou-se a formação de orvalho durante as noites, que favorece a instalação da doença. Por essa razão, os produtores intensificaram a aplicação de fungicidas para conter a evolução.
A incidência de lagarta é pequena e se concentra especialmente nas partes mais tenras e reprodutivas das plantas. Embora haja aumento na incidência de tripes e ácaros, não se identificou a necessidade de controle.
Na de Pelotas, a cultura encontra-se predominantemente na fase de desenvolvimento vegetativo, seguida pelas fases de floração e enchimento de grãos. Nas lavouras localizadas em regiões mais elevadas das coxilhas e em solos arenosos, já se observam os efeitos da falta de umidade. As demais lavouras continuam em desenvolvimento em razão do teor residual de umidade nos solos. O estado sanitário é considerado satisfatório.
Na de Santa Maria, a chuva, em 04/02, gerou boas perspectivas e fortaleceu a possibilidade de uma safra satisfatória. Entretanto, persiste a necessidade de precipitações nos próximos dias, em virtude das temperaturas elevadas e do aumento das áreas em florescimento e enchimento de grãos. Essas fases demandam reposições de umidade em intervalos espaçados para beneficiar a fecundação das flores e a formação adequada dos grãos.
Na de Santa Rosa, a maior parte das lavouras encontra-se na fase de floração (60%), seguida pela fase de enchimento de grãos (30%) e de crescimento vegetativo (10%). Em decorrência da ausência de chuvas, observou-se estresse hídrico nas lavouras localizadas em solos rasos, como evidenciado, a seguir, nas imagens da mesma lavoura, capturadas em um intervalo de 7 dias. Já nas áreas com latossolos de maior profundidade, as lavouras apresentam condição satisfatória e, até o momento, estão respondendo de maneira adequada às demandas hídricas.
Na de Soledade, apesar da redução de chuvas, há normalidade no desenvolvimento, no florescimento e na formação de vagens. Em áreas onde a semeadura foi mais tardia em decorrência das várzeas úmidas ou do plantio em pós-tabaco e milho, a cultura ainda não fechou completamente as entrelinhas. No entanto, considerando o histórico de lavouras semeadas nesse período (início de janeiro), a expectativa é que a resposta produtiva alcance padrões normais. Pontualmente, algumas lavouras apresentam a presença de buva, que germinou após a semeadura da soja, sendo favorecida pela ausência de palhada.
Nessas áreas específicas, é previsto que ocorram impactos produtivos negativos. De maneira geral, o controle de plantas invasoras foi efetivo, e o foco, no momento, é a ferrugem-asiática. Em lavouras mais adiantadas, foram realizadas três aplicações de fungicidas devido à alta incidência da doença, confirmada por meio de coletores de esporos, distribuídos na região.
Paralelamente à aplicação de fungicidas, tem sido realizada a aplicação de inseticidas, mesmo diante da baixa incidência de pragas. O principal problema identificado são os percevejos na fase reprodutiva, indicando a necessidade de controle.
Programa Monitora Ferrugem RS – Laudo da presença de esporos da ferrugem asiática
O laudo apresenta os resultados do monitoramento de esporos da ferrugem asiática da soja, fungo Phakopsora pachyrhizi, em Unidades de Referência no estado do Rio Grande
do Sul. Considerando a significativa ocorrência da ferrugem asiática nas lavouras de soja do Rio Grande do Sul, é fundamental que os agricultores, ao identificarem a presença da doença em suas lavouras, adotem uma abordagem criteriosa, seguindo estritamente os calendários de aplicação estabelecidos, desconsiderando a presença ou ausência de esporos na sua região.
A ocorrência de esporos é apresentada na Figura 1.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, reduziu 0,67%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 114,68 para R$ 113,91.
Fonte: Emater-RS
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