Tradicionalmente a soja tem sido cultivada em locais onde os solos apresentam boa capacidade de drenagem natural. Durante os últimos anos observa-se o aumento constante na área cultivada com soja no Brasil, principalmente pelo aumento do consumo de proteína vegetal e derivados pela China. Devido a isso, ocorre a maior intensificação (maiores produtividades) em áreas consolidadas e também o estabelecimento da soja em novas áreas, com características distintas, a exemplo do cultivo em áreas com baixa capacidade de drenagem, nos solos hidromórficos (solos com que apresentam limitação física em subsuperfície, com camadas impermeáveis).
Em 2017 da Rocha e colaboradores conduziram ensaios em áreas com solos hidromórficos no Rio Grande do Sul. Nesse estudo, da Rocha utilizou cultivares de soja de tipo de desenvolvimento determinado (6411RG) e indeterminado (TECIRGA 6070RR), com e sem irrigação suplementar, e com grupo de maturidade relativa semelhante (6.3 e 6.4, respectivamente)
Figura 1. Tempo de duração das fases de desenvolvimento de cultivares de soja indeterminada vs. determinada e irrigada vs. não irrigada. Adaptado de da Rocha et al. 2017, publicado na Pesquisa Agropecuária Brasileira. Para mais informações clique aqui.
Observando os gráficos da Figura 1A vs 1B e 2A vs 2B é possível verificar o efeito da irrigação sobre o desenvolvimento das cultivares. Tanto para a cultivar determinada quanto para a indeterminada, não houve efeito da irrigação suplementar sobre o ciclo de desenvolvimento da soja, que foi próximo a 140 dias (o ciclo pode variar de acordo com o GMR e a época de semeadura).
Entre tipos de crescimento, a cultivar com tipo de crescimento indeterminado apresentou sobreposição 40% maior entre o período vegetativo e o florescimento em relação a cultivar determinada. Em ambientes onde estresses hídricos ocorrem de forma frequentemente, como em ambientes de solos hidromórficos, o período de sobreposição entre florescimento e período vegetativo pode proporcionar maior estabilidade produtiva e maior segurança para o produtor.
Redação: Michel Rocha da Silva