Por meio do crescimento das áreas cultivadas com a soja (Glycine max) surgiram diversas pragas associadas a cultura, uma delas é o tamanduá-da-soja ou bicudo da soja (Sternechus subsignatus). Esse inseto é considerado de difícil controle e tem ganhado importância devido aos estragos que vem causando nas lavouras de vários estados, inclusive no Rio Grande do Sul.
Os adultos são besouros pretos de aproximadamente 8 mm de comprimento, com faixas amarelas na parte dorsal do tórax, próxima à cabeça (pronoto) e nos élitros (asas duras), formadas por pequenas escamas. Nesta fase são encontrados sob a folhagem da soja, ou sob restos da cultura anterior, movimentando-se durante a noite para as partes mais altas da planta para o acasalamento. A infestação da lavoura é lenta, sendo que o adulto se alimenta inicialmente próximo ao local onde emergiu do solo.
O primeiro dano que pode estar associado a esta praga é que quando adulto, para alimentar-se raspa a haste da soja e com isso seu tecido é desfiado para que possa sugar a seiva, interrompendo o fluxo dela do ponto atingido até o ápice da planta.
Outro dano é o anelamento que a fêmea faz na haste para a postura dos ovos. Em estágios iniciais da cultura, pode haver a morte das plantas. Já se acontecer nos estágios mais avançados as larvas se desenvolvem no interior da planta formando galhas, e com isso a planta poderá vir a quebrar com a ação dos ventos e das chuvas.
Para o controle do tamanduá-da-soja em áreas infestadas a técnica mais eficiente é a rotação de culturas, cujo objetivo é interromper o ciclo biológico da praga, uma vez que é um inseto oligófago que se alimenta exclusivamente de algumas espécies de leguminosas. Como exemplo de plantas não hospedeiras tem-se: milho, sorgo, girassol etc. A rotação deverá ser associada também a outras práticas como a utilização de uma “cultura-armadilha” e o controle químico nas áreas de bordadura.
A utilização da cultura-armadilha consiste em ao redor da cultura não hospedeira cultivar hospedeiras, com isso pode-se realizar o controle químico com inseticidas apenas na bordadura nos meses de novembro e dezembro que é o momento em que o maior número de insetos adultos saem do solo. Ou então, depois de detectadas as hastes danificadas com galhas, realizar o controle mecânico com roçada evitando que estas larvas se desenvolvam e no 5º instar migrem para o solo para hibernação na fase pupa. Um aspecto importante a ser considerado é o horário de aplicação, tendo em vista que no período noturno (das 22h as 02h) ocorre o acasalamento dos adultos, fazendo com que a aplicação seja mais eficiente nesse momento.
Em áreas não infestadas a utilização de sementes tratadas na bordadura (40 a 50 metros) poderá evitar que o inseto se instale na lavora.
Texto: Mariana Miranda Wruck – Bolsista do grupo PET Agronomia/UFSM.