Na última segunda-feira foi celebrado o Dia Internacional da Biodiversidade. Criado pela ONU em 1992, seu objetivo é conscientizar a população mundial sobre a necessidade de conservação das diversas formas de vida existentes no planeta. Segundo um recente estudo da Plataforma Intergovernamental de Política Científica das Nações Unidas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES – Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services), um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção, muitas delas há décadas.
Entre os fatores que podem causar perda de biodiversidade, os autores do levantamento listam a exploração direta de organismos, as mudanças climáticas, a poluição, as espécies exóticas invasoras e o uso indiscriminado da terra. A agricultura e a pecuária, atividades essenciais para a produção de alimentos para os atuais 7,7 bilhões de seres humanos existentes na Terra, podem ser peças-chave para enfrentar alguns desses desafios.
É por isso que é tão importante reconhecer o esforço que diversos agricultores e pecuaristas têm feito para tornar esse setor ainda mais sustentável e, assim, ajudar a preservar e biodiversidade.
A proteção à biodiversidade torna-se uma questão ainda mais complexa quando a analisamos à luz do crescimento populacional. Isso porque nossos sistemas alimentares terão de conciliar as demandas de segurança alimentar e nutricional para 2 bilhões de pessoas a mais até 2050, o uso sustentável dos recursos naturais, a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e o fornecimento de subsistência para 500 milhões de agricultores e outros profissionais envolvidos ao longo da cadeia de fornecimento de alimentos.
Para tanto, é essencial aumentar a produção por unidade de área. A diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani, comenta como poderemos atingir essa meta.
“As tecnologias existentes hoje e outras que virão podem permitir que a agricultura produza mais em menos espaço, diminuindo a necessidade de conversão de novas áreas em terras agricultáveis. Entre as tecnologias que podem trazer esse ganho é preciso destacar a biotecnologia agrícola”.
Para a executiva, essa inovação já entrega resultados, mas tem potencial de fazer muito mais pela biodiversidade. “Com as sementes transgênicas disponíveis hoje, que possuem características de facilitam o manejo dos agricultores, foi possível reduzir perdas e, consequentemente, aumentar a produtividade. Entretanto, o avanço das pesquisas sobre os genes diretamente responsáveis pelo desempenho das plantas permitirá que futuras variedades tenham uma contribuição ainda maior. É isso que nos ajudará a alimentar uma população em crescimento e, ao mesmo tempo, preservar a biodiversidade.”, conclui Adriana.
Estudo brasileiro confirma redução de impacto na biodiversidade advinda do uso de transgênicos
Segundo estudo de 2018 que analisou o impacto de 20 anos de adoção de transgênicos no Brasil, o diferencial de produtividade entre os sistemas que adotam a biotecnologia e os que não a utilizam, confirma o benefício para a biodiversidade, uma vez que há menor pressão por novas áreas agrícolas.
“Em outras palavras, caso fosse necessário manter o nível de produção alcançado pelas áreas de cultivos transgênicos, deveriam ter sido plantados 9,9 milhões de hectares a mais no País entre 1998 e 2017,” ressalta Adriana. Além disso, a redução no uso de insumos e a economia de área cultivada impactam diretamente nas emissões de gases de efeito estufa. A diminuição de emissões chega a 26,5 milhões de toneladas de CO2. Esse valor equivale ao plantio de 189 milhões de árvores nativas.
A utilização dessa tecnologia desencadeia uma reação em cadeia. Ao proporcionar lavouras mais protegidas, há economia de insumos que, por sua vez, também evita o consumo de combustível que seria usado no maquinário de pulverização. No período analisado, o estudo mostra que houve economia de 377 milhões de litros de combustível. Isso seria o equivalente à retirada de circulação de 252 mil carros das ruas por um ano.
Sobre o CIB
Conselho de Informações sobre biotecnologia (CIB), criado no Brasil em 2001, é uma organização não governamental, cuja missão é atuar na difusão de informações técnico-científicas sobre biotecnologia e suas aplicações. Na Internet, você pode nos conhecer melhor por meio do site www.cib.org.br.
Fonte: Assessoria de Imprensa CIB