O Ferro (Fe) é um dos micronutrientes essências para a soja, sendo considerado indispensável para a fixação biológica de nitrogênio, e portanto, envolvido nesse processo. A natureza do Fe permite que ele desempenhe papel essencial em reações de oxidação e redução, respiração, fotossíntese e reações enzimáticas (IPNI). As plantas absorvem Fe da solução do solo mais prontamente como íons Fe2+. O Ferro é considerado um elemento imóvel no solo e parcialmente móvel na planta.

As respostas de produtividade da soja em função da adubação com Ferro variam em função da cultivar e condições ambientais, sendo maiores em condições em que o estado nutricional da soja apresenta menor concentração de Ferro e sob condições adequadas de precipitação ao longo do ciclo da cultura.

Ainda que a adubação com Ferro possa ser realizada na pós-emergência da soja, é importante atentar para a concentração desse micronutriente no solo, para evitar efeitos fitotóxicos à cultura. Em média, são necessários cerca de 37 g de Fe para a produção de 100 kg de grãos de soja. Embora pareça uma quantidade relativamente pequena, a deficiência desse micronutrientes pode limitar a produtividade da soja.

Efeito fitotóxico

Por outro lado, embora a falta de Ferro possa limitar a produtividade da soja, seu excesso prejudica o crescimento e desenvolvimento vegetal, impactando consideravelmente a produtividade da cultura. A toxicidade de Ferro é observada principalmente em solos hidromórficos, como solos de várzea, desde que fiquem alagados por algumas semanas, ou com alta saturação de água. Nessas condições, o teor de ferro solúvel pode aumentar no solo de 0,1 ppm a até 100 ppm, aumentando a absorção pelas plantas (Borkert et al., 1994).

Segundo Sfredo (2008), em solos mal drenados, o excesso de chuva pode induzir à toxicidade de Fe, ao aumentar a redução desse elemento no solo, por falta de aeração. Batagli & Mascarenhas (1981) destacam que os sintomas de fitotoxidade de Fe em soja se assemelham aos sintomas de deficiência de Potássio (clorose e posterior necrose das bordas das folhas). As respostas em função da ocorrência da fitotoxicidade podem variar de acordo com a cultivar, sendo algumas mais sensíveis do que outras.


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Figura 1. Sintomas típicos de Toxicidade de Fe em soja.

Vale destacar que os sintomas de deficiência de Potássio são observados nas folhas velhas da planta, enquanto os sintomas de deficiência ou de fitotoxicidade de Ferro são observados nas folhas jovens da planta. Mesmo assim, visando elucidar o diagnóstico, é aconselhado realizar a análise química da fertilidade do solo ou a análise foliar da soja, para avaliar o real estado nutricional da planta, principalmente se tratando de cultivos em solos hidromórficos.

Embora varie em decorrência da cultivar, região de cultivo e tipo de amostragem foliar (com ou sem pecíolo), em média, os teores considerados adequados de Fe para interpretação da análise foliar variam de 77 a 180 mg/kg (Oliveira Junior et al., 2020).

Com relação ao manejo nutricional, são sugeridas aplicações de Fe somente em solos com baixos teores desse micronutriente ou em casos de deficiência nutricional. Em geral, não são indicadas aplicação de Fe devido à incerteza das informações disponíveis e ao fato da maioria dos solos dos estados do RS e de SC serem bem supridos destes elementos (De Bona et al., 2016).


Veja mais: Ferro – Um micronutriente essencial para a soja


 

Referências:

BATAGLIA, O. C.; MASCARENHAS, H. A. A. TOXICIDADE DE FERRO EM SOJA. Bragantia, 1981. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/brag/a/9Pns7QxNKm8P697wDnFsfDD/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 26/08/2024.

BORKERT, C. M. et al. SEJA O DOUTOR DA SUA SOJA. POTAFOS, Arquido do Agrônomo, n. 5., 1994. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Seja%20Soja.pdf >, acesso em: 26/08/2024.

DE BONA, F. D. et al. GRÃOS. COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC. Manual de Calagem e Adubação para os Estados do Rio Grande Do Sul e de Santa Catarina, Cap. 6. Diagnóstico da fertilidade do solo e recomendação da adubação, 2016. Disponível em: < https://www.sbcs-nrs.org.br/docs/Manual_de_Calagem_e_Adubacao_para_os_Estados_do_RS_e_de_SC-2016.pdf >, acesso em: 26/08/2024.

IPNI. FERRO. International Plant Nutrition Institute, Nutri-Fatos: Informação agronômica sobre nutrientes para as plantas. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-12/$FILE/NutriFacts-BRASIL-12.pdf >, acesso em: 26/08/2024.

MASCARENHAS, H. A. A. et al. DEFICIENCIA E TOXICIDADE VISUAIS DE NTURIENTES EM SOJA. Nucleus, 2013. Disponível em: < https://www.nutricaodeplantas.agr.br/site/downloads/unesp_jaboticabal/omissao_soja11.pdf >, acesso em: 26/08/2024.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa Soja, Tecnologias de produção de soja, Sistemas de Produção, n. 17, cap. 7, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 26/08/2024.

SFREDO. G. J. SOJA NO BRASIL: CALAGEM, ADUBAÇÃO E NUTRIÇÃO MINERAL. Embrapa Soja, Documentos, n. 305, 2008. Disponível em: < https://www.agrolink.com.br/downloads/soja%20no%20Brasil%20-%20calagem,%20aduba%C3%A7%C3%A3o%20e%20nutri%C3%A7%C3%A3o%20mineral.pdf >, acesso em: 26/08/2024.

Foto de capa: Luiz Gustavo Denardin.

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