O emprego de biotecnologias tem ganhado espaço na agricultura brasileira, impulsionadas pelos benefícios diretos e indiretos, atrelados normalmente a um baixo custo de investimento, os microrganismos benéficos têm contribuído significativamente para o aumento da produtividade e sustentabilidade das lavouras brasileiras.

Um desses microrganismos é o Trichoderma spp., sendo um dos principais e mais analisados microrganismos empregados na agricultura. Trazendo benefícios que vão além do estímulo ao crescimento vegetal, é comprovado que através da interação entre planta e microrganismo, espécies do gênero Trichoderma pode atuar como indutoras de resistência de plantas a doenças. Os mecanismos do Trichoderma no controle biológico de fitopatógenos e na promoção do crescimento vegetal são diversos, conforme podemos observar a seguir.

Tabela 1. Mecanismos de ação de Trichoderma.

Fonte: Machado et al. (2012).

De acordo com Lucon et al. (2014), no parasitismo ele se alimenta do fitopatógeno, enfraquecendo-o ou causando à sua morte. Na competição, tanto o patógeno quanto o Trichoderma disputam pelos mesmos recursos para sobreviver, no solo ou na superfície da raiz, o Trichoderma pode impedir que as estruturas de infecção do patógeno entrem em contato com a planta para causar danos. Em relação à antibiose, o Trichoderma produz substâncias que inibem o crescimento ou a reprodução do fitopatógeno, seja no ambiente ou na própria planta.



Além de atuar como indutores de resistência em plantas, contra diversos tipos de fitopatógenos como vírus, bactérias e fungos. Isso ocorre porque as defesas formadas pela planta para evitar a entrada de micro-organismos indesejados não são específicas contra um único organismo, tornando-se uma estratégia para a proteção da cultura (Lucon et al., 2014).

As plantas acumulam compostos que ativam mecanismos de defesa sistêmica para proteger tecidos sadios. Esta resposta de longa duração e amplo espectro se apresenta de duas maneiras: resistência sistêmica adquirida ou SAR (Systemic Acquired Resistance) e resistência sistêmica induzida ou ISR (Induced Systemic Resistance). A ativação das respostas de defesa envolve a regulação do equilíbrio de hormônios vegetais como etileno (Et), ácido salicílico (SA) e ácido jasmônico (JA), o que varia de acordo com o organismo invasor e dos efetores envolvidos (Ramada et al., 2019).

No caso do Trichoderma spp. além de promover o crescimento vegetal, os diferentes metabolitos secundários produzidos pelo microrganismo, podem atuar como indutores de resistência na interação entre planta e Trichoderma. Ramada et al. (2019), destacam que a indução da resposta imune em plantas por Trichoderma spp., é desencadeada por diferentes classes de moléculas sinalizadoras, como proteínas, incluindo as codificadas por genes de avirulência (Avr), peptídeos, enzimas, pequenas moléculas como oligossacarídeos provenientes da degradação de paredes celulares e metabólitos secundários.

Figura 1. Interação do gênero Trichoderma e planta. O gênero Trichoderma traz efeitos indiretos (Antagonismo e Micoparasitismo) e diretos (Indução de resistência sistêmica e Promoção de crescimento) na planta. Hifas do Trichoderma estão representadas pela cor verde. Hifas do fitopatógeno estão representadas pela cor cinza.

Fonte: Ramada et al. (2019).

Em razão da interação entre Trichoderma e plantas, os autores destacam que diferentes estudos têm apontado a redução dos sintomas de doenças nas plantas, além do aumento da expressão de genes de resistência, como quitinases, endoquitinases e proteínas relacionadas a patógenos 1 (PR-1), além do aumento da atividade de peroxidases, polifenol e oxidases em algumas espécies vegetais (Ramada et al., 2019).

Ou seja, em função de ser capaz de produzir metabólitos com diversas atividades (Tabela 2), quando em contato com a planta, o gênero Trichoderma é capaz de induzir repostas positivas no que diz respeito ao aumento da resistência das plantas a determinados patógenos, sendo, portanto, uma ferramenta promissora no manejo sustentável de doenças em culturas agrícolas.

Tabela 2. Principais metabólitos secundários produzidos pelo gênero Trichoderma.

Fonte: Ramada et al. (2019).

Veja mais: Controle Biológico de Pragas


 

Referências:

LUCON, C. M. M.; CHAVES, A. L. R.; BACILIERI, S. Trichoderma: O QUE É, PARA QUE SERVE E COMO USAR CORRETAMENTE NA LAVOURA. Instituto Biológico, ed. 1, São Paulo – SP, 2014. Disponível em: < http://www.biologico.sp.gov.br/uploads/files/pdf/cartilhas/trichoderma.pdf >, acesso em: 11/09/2023.

MACHADO, D. F. M. et al. Trichoderma NO BRASIL: O FUNGO E O BIOAGENTE. Revista de Ciências Agrárias, v. 35, 2012. Disponível em: < https://scielo.pt/pdf/rca/v35n1/v35n1a26.pdf >, acesso em: 11/09/2023.

RAMADA, M. H. S.; LOPES, F. A. C.; ULHOA, C. J. Ttichoderma: METABÓLITOS SECUNDÁRIOS. Trichoderma uso na agricultura, cap. 5. Embrapa, Brasília – DF, 2019. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/208230/1/livro-trichoderma-online-06.01.20.pdf >, acesso em: 11/09/2023.

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