As cotações do trigo, em Chicago, recuaram fortemente nesta semana. O bushel do cereal fechou o primeiro mês cotado, no dia 07/03, em US$ 5,20, contra US$ 5,77 uma semana antes. A média de fevereiro ficou em US$ 5,85, sendo 2,5% mais baixa do que a média de janeiro. Entre dezembro/23 e fevereiro/24 a média recuou 4,4%.

MERCADO

O mercado aguardava o relatório de oferta e demanda do USDA para verificar se as projeções do Fórum Outlook do USDA, de meados de fevereiro, seriam confirmadas. Neste Fórum projetou-se uma área total de trigo, nos EUA, em 19 milhões de hectares, porém, um aumento de 2% na produtividade média, passando a mesma para 3.330 quilos/hectare, ou seja, 55,5 sacos/hectare. Com isso a produção final estadunidense subiria para 51,7 milhões de toneladas, contra 49,3 milhões no ano anterior.

Dito isso, os EUA embarcaram 353.137 toneladas de trigo na semana encerrada em 29/02, sendo que este volume ficou dentro das expectativas mais baixas do mercado. No acumulado do ano o volume chega a 13 milhões de toneladas, ou seja, 17% menor do que em igual período do ano anterior.

E na Austrália, a produção de trigo de inverno foi elevada para 26 milhões de toneladas, ganhando 500.000 toneladas sobre as estimativas anteriores. Lembrando que o país da Oceania é um dos maiores exportadores de trigo do mundo.

E no Brasil, os preços do trigo se mantiveram estáveis, com a média gaúcha fechando a semana em R$ 59,94/saco e as principais praças praticando valores entre R$ 60,00 e R$ 62,00. Já no Paraná os preços oscilaram entre R$ 63,00 e R$ 64,00/saco na maioria das regiões produtoras.

É bom salientar que os preços nestes dois principais produtores brasileiros, em fevereiro, tiveram um recuo médio entre 5% e 6%. Necessidade dos produtores em desovar estoques, diante da aproximação da entrada da safra de verão, e uma demanda reprimida diante de moinhos abastecidos, teriam sido os motivos centrais do movimento. Além disso, há muito trigo de qualidade inferior disponível, fato que pressiona o mercado.

Vale destacar que a Argentina também registrou queda de preços em fevereiro, com a mesma se aproximando de 9,5%, o que deu mais competitividade ao trigo importado do vizinho país. E não há perspectiva de grandes mudanças de preço no curto prazo, embora a falta de produto superior no mercado brasileiro.

Diante do exposto, a área nacional de trigo, no próximo plantio, deverá diminuir sensivelmente. São Paulo, por exemplo, projeta uma redução de 20% em sua área do cereal em 2024. No Rio Grande do Sul também se espera uma importante redução, porém, ainda sem quantificação da mesma.

Isso poderá comprometer a expectativa de uma produção final brasileira, neste ano, ao redor de 10 milhões de toneladas, após as 8,1 milhões no ano passado. E se o clima não ajudar, não se pode descartar um volume final abaixo do colhido em 2023 diante desta tendência de plantio, já que no Paraná igualmente o quadro não é animador.

Neste sentido, a iniciativa privada avança uma redução de 11% na área nacional de trigo, com a mesma passando a 3,05 milhões de hectares. Com isso, somente com clima perfeito a produção final poderá chegar a 9,2 milhões de toneladas como ela está prevendo. (cf. StoneX)

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Dr. Argemiro Luís Brum

Site: Ceema UNIJUÍ

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