Autor: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum
As cotações do trigo, em Chicago, igualmente recuaram nesta semana, após o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA, no dia 12/08, além da melhoria climática nos EUA. Assim, o fechamento desta quinta–feira (18) ficou em US$ 7,31/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 8,10 uma semana antes. O fechamento deste dia 18/08 foi o mais baixo desde o dia 14 de outubro de 2021.Dito isso, a colheita do trigo de primavera, nos EUA, atingiu a 90% da área, contra 94% na média histórica, na data do 14/08. Já o trigo de primavera, na mesma data, estava colhido em 16% da área, contra a média histórica de 35%. Por sua vez, as condições das lavouras deste trigo, que ainda faltavam ser colhidas, estavam em em 64% entre boas a excelentes, 30% regulares e 6% entre ruins a muito ruins.
Enquanto isso, os embarques estadunidenses de trigo, na semana encerrada em 11/08, atingiram a 373.227 toneladas, ficando dentro das expectativas do mercado. O volume já embarcado, no atual ano comercial 2022/23, iniciado em 1º de junho, soma 3,88 milhões de toneladas, sendo ainda 23% menor do que o embarcado no mesmo período do ano anterior.
Ainda no front externo, no final da semana anterior mais dois navios deixaram os portos ucranianos do Mar Negro, incluindo um com o primeiro carregamento de trigo ucraniano a ser exportado sob um acordo mediado pela ONU, disse o Ministério da Defesa da Turquia. Um total de 14 navios partiram da Ucrânia nas últimas duas semanas, após o acordo com a Rússia que permitiu a retomada das exportações de grãos dos portos ucranianos do Mar Negro, na sequência de uma paralisação de cinco meses devido à guerra.
A Ucrânia teria cerca de 20 milhões de toneladas de grãos que sobraram da safra do ano passado, enquanto a colheita de trigo deste ano também está estimada em 20 milhões de toneladas. Até agora, a maioria das cargas sob o acordo, transportou grãos para ração animal ou combustível. Ainda não tinha havido embarques para os países mais ameaçados pela crise alimentar global, embora na quinta-feira passada a Ucrânia tenha dito que um navio deveria chegar ao porto para levar grãos para a Etiópia.
E aqui no Brasil os preços do trigo estabilizaram, porém, em um contexto de viés de baixa. A média gaúcha fechou a semana em R$ 102,53/saco, enquanto no Paraná os preços se mantiveram entre R$ 112,00 e R$ 114,00/saco. A expectativa de uma forte massa de ar polar, chegando neste final de semana à região Sul do Brasil, trazendo geadas e até neve, pode reverter este quadro de preços mais frouxos.
Dependendo de como estas geadas atingirão as lavouras do Rio Grande do Sul, e especialmente Santa Catarina e Paraná, a quebra poderá ser significativa. Isso comprometerá totalmente as expectativas de uma safra ao redor de 10 milhões de toneladas, que alguns analistas indicavam para o país neste ano. Lembrando que o órgão público Conab projeta uma colheita de 9,16 milhões de toneladas, com alta de 19,3% sobre a safra anterior, a qual foi prejudicada pelo clima em algumas regiões.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).