Após o desenvolvimento e popularização do sistema plantio direto os pontos positivos do cultivo contínuo e da importância da sustentabilidade e conservação das áreas cultivadas ficaram cada vez mais conhecidos. Esse sistema revolucionou a agricultura brasileira e ainda apresenta pontos a serem explorados dentro de sua ideologia, porém a região sul apresenta alguns empecilhos para adoção de todos os princípios dessa tecnologia, um deles é o clima, por apresentar temperaturas baixas no inverno, impossibilita a utilização de algumas culturas na rotação. Entretanto, uma das alternativas econômica e sustentável para o inverno é o trigo, tradicionalmente cultivado na região sul e com boa variedade de cultivares adaptadas, trazendo bom retorno quando manejado de forma adequada.
O trigo dentro da rotação de culturas, reduz a perda de fertilizantes da cultura antecessora fazendo com que esses permaneçam na lavoura, aumentando sua prestabilidade e diminuindo a lixiviação de nutrientes, oferecendo contribuição na conservação do solo. Além da formação de palhada que a cultura apresenta, vidente na imagem acima, a qual será responsável pela proteção contra o impacto da gota da chuva após a colheita dos grãos. Outro benefício que a cultura traz é no manejo de plantas daninhas, além da formação de palhada já citada, que suprime o desenvolvimento de plantas daninhas após a colheita, as práticas culturais presentes no seu manejo resultam na supressão de plantas daninhas, ainda mais interessante quando em rotação com a soja, pois a utilização de moléculas de herbicidas diferentes, e com foco no controle de espécies de folhas largas no trigo não poderiam ser utilizadas no manejo da lavoura de soja, impactando positivamente em drástica redução da presença de plantas altamente competitivas como a buva, por exemplo.
Graças à sua tradição, há grande possibilidade de mercado, e quando bem planejado a relação receita/investimento, resulta em retorno econômico, trazendo maior segurança para agricultura em uma visão anual, visando romper o pensamento de concentração de recursos em apenas uma cultura de verão no ano agrícola.
Entretanto, a cultura também apresenta pontos negativos na sua adesão. Um dos problemas é justamente o climático, por mais que a cultura seja suficientemente adaptada para o frio do inverno sulino, ainda sofre interferência das geadas típicas do período de inverno, além da possibilidade de temperaturas muito elevadas mesmo durante essa estação. Outro problema é a alta oscilação do preço do grão, muitas vezes tornando difícil a relação receita/custo ser positiva.
Apresentados os pontos da cultura do trigo dentro do cenário da região sul, fica claro que a mesma representa uma importante possibilidade de utilização dentro de um planejamento adequado de rotação de culturas, cuidando sempre as dificuldades que a mesma apresenta. Cabe salientar também que a utilização da cultura do trigo é ainda mais positiva para agricultores que se especializam no cultivo da mesma, não sendo recomendada para adesão sem maiores aprofundamentos no seu manejo. Para mais informações sobre a cultura, visite Embrapa Trigo em: www.embrapa.br/trigo.
Autor: Alexandre Castro Reis – Acadêmico do 7º semestre de Agronomia e Bolsista do grupo PET Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
Referências:
PIRES, João Leonardo Fernandes. A importância do trigo para a sustentabilidade da agricultura brasileira. Embrapa Trigo, [S. l.], 26 maio 2017. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/23416523/artigo—a-importancia-do-trigo-para-a-sustentabilidade-da-agricultura-brasileira. Acesso em: 30 maio 2020.