Ao longo do período, o predomínio de radiação solar e as temperaturas amenas nos primeiros dias, seguidas de calor ao final, favoreceram o avanço da colheita, que atinge 92% da área cultivada. Ainda restam por colher as lavouras localizadas em altitudes mais elevadas no Planalto e ao Sul, especialmente na Campanha, regiões tradicionalmente associadas ao cultivo tardio.
A produtividade e a qualidade dos grãos apresentam variações significativas entre as regiões. No Noroeste, no Centro e na Metade Sul, os resultados ficaram abaixo da média estadual devido às chuvas prolongadas, que dificultaram o manejo fitossanitário ou incidiram no momento da colheita. Já no Planalto e Nordeste, os indicadores foram satisfatórios, configurando uma safra plena.
Nas regiões com menor desempenho, diversos produtores têm solicitado perícias para avaliação das lavouras, dado que a receita obtida não cobre os custos dos financiamentos contratados, reflexo da frustração com a quantidade ou qualidade do produto colhido.
Conforme a Emater/RS-Ascar, a área cultivada de trigo totaliza 1.322.167 hectares, e a estimativa atual de produtividade está em 3.116 kg/ha.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, as precipitações pontuais e de baixos volumes favoreceram o avanço da colheita. Em São Borja, nos 30 mil hectares cultivados, a colheita foi concluída, e a produtividade média é de 2.600 kg/ha, o que corresponde à redução de 3,7% em relação à estimativa inicial. O principal problema foi a baixa qualidade dos grãos, que atingiram em média PH 74, o que impacta negativamente o preço de venda e gera prejuízos para a maioria dos produtores.
Em Manoel Viana, mais de 85% da área de 12 mil hectares foi colhida, e a variação nas produtividades se deu conforme a época de semeadura e as cultivares utilizadas. Em Maçambará, 90% de 21.848 hectares foram colhidos, e a produtividade média é de 2.565 kg/ha, representando perda de 5% em relação ao potencial inicial.
Na Campanha, a colheita iniciou em Caçapava do Sul (15% da área de 2.500 hectares) e em Lavras do Sul (10% de 3.200 hectares). Nos demais municípios, as lavouras estão em maturação, mas a colheita está prevista para começar nos próximos dias, estendendo-se até a primeira quinzena de dezembro. O fim do ciclo da cultura tem sido beneficiado pela redução das chuvas desde novembro, embora algumas perdas possam ocorrer devido ao excesso de umidade e à falta de luminosidade nos meses anteriores.
Na de Caxias do Sul, a colheita prosseguiu, de modo intenso, nos Campos de Cima da Serra, e as médias de produtividade estão entre 3.600 e 4.000 kg/ha, com PH 78 ou superior.
Na de Erechim, 95% foram colhidos, e 5% encontram-se maduros. A ocorrência de chuvas em dois dias não permitiu a conclusão da operação, que deverá acontecer em breve. A produtividade estimada deve se manter próxima a 3.600 kg/ha.
Na de Frederico Westphalen, a colheita foi encerrada. A média regional permanece em 3 mil kg/ha. Estima-se que 65% da produção colhida apresenta PH igual ou superior a 78.
Na de Ijuí, a colheita encontra-se em fase final, abrangendo 95% da área cultivada. Em Santo Augusto, Salto do Jacuí e Cruz Alta, ainda há áreas remanescentes a serem colhidas. As condições climáticas de baixa umidade relativa e as temperaturas elevadas facilitaram a operação, dispensando a extensão dos horários de trabalho. As lavouras foram colhidas com umidade inferior a 13%; no entanto, registra-se queda na produtividade.
Em Santa Bárbara do Sul, onde restam cerca de 500 hectares para a conclusão da colheita, a produtividade reduziuse, ficando entre 1.800 e 2.100 kg/ha. Além disso, a qualidade do produto apresentou deterioração ao longo do processo, e os grãos colhidos, no período, não superaram PH 75.
Na de Passo Fundo, 90% das lavouras foram colhidas, e 10% estão maduras, por colher. A produtividade alcançada permanece estimada em 3.500 kg/ha.
Na de Pelotas, a colheita atingiu 26% da área cultivada. A produtividade varia entre 2.400 e 2.600 kg/ha, semelhante à projetada. As demais lavouras encontram-se nas fases de florescimento (4%), enchimento de grãos (22%) e maturação (48%). As temperaturas diurnas em elevação, aliadas ao aumento gradual das horas de luz, favoreceram o enchimento dos grãos e a sanidade das plantas e aceleraram significativamente a maturação das espigas.
Na de Santa Maria, a colheita atingiu 90% da área cultivada. A produtividade e a qualidade das lavouras colhidas estão ligeiramente abaixo da estimativa inicial, como em Santiago, onde se projetavam 3 mil kg/ha, mas o índice alcançado está em 2.880 kg/ha e o PH na média de 74.
Na de Santa Rosa, a colheita foi encerrada. As primeiras lavouras colhidas antes das chuvas intensas em final de outubro apresentaram altos rendimentos, superiores a 3.600 kg/ha, e os grãos se encontram com qualidade elevada, registrando PH entre 78 e 80. Após as chuvas, houve redução significativa na produtividade, que variou de 2.100 a 2.900 kg/ha, e na qualidade dos grãos (PH entre 70 e 76). Essas produtividades abaixo de 3.300 kg/ha e o PH inferior a 76 não cobrem os custos de produção, levando a maioria dos produtores que financiaram suas lavouras a recorrer à cobertura do seguro agrícola ou ao Proagro.
Na de Soledade, a colheita do trigo foi concluída. A produtividade e a qualidade geral dos grãos estão dentro do padrão esperado, variando entre 3.000 e 3.360 kg/ha, e PH médio de 78. As condições climáticas foram favoráveis durante o ciclo, e os casos de baixa produtividade estão mais associados ao manejo tecnológico, fitossanitário e nutricional.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio para o PH 78, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, reduziu 1,70%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 69,33 para R$ 68,15. O produto disponível foi cotado na Bolsa de Cereais de Cruz Alta em R$ 73,00/sc.
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Fonte: EMATER RS