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Trigo: Tratamento de sementes é essencial para reduzir danos diretos e indiretos dos afídeos

Afídeos em trigo

Embora não seja o foco do manejo fitossanitário do trigo, os afídeos, popularmente conhecidos como pulgões podem causar danos expressivos à cultura. Diretamente, os danos causados pelos pulgões em trigo sob elevadas populações, resultam na redução do número, tamanho e peso de grãos.

Sobretudo, os pulgões se destacam pelos danos indiretos ao trigo. Os pulgões, em especial as espécies Rhopalosiphum padi (figura 1) e Sitobion avenae (figura 2), são os principais transmissores do vírus do nanismo-amarelo dos cereais, causado predominantemente, pela espécie Barley yellow dwarf virus – BYDV-PAV (Luteovirus, Luteoviridae) (Lau et al., 2020).

Figura 1. Sitobion avenae
Foto: Douglas Lau
Figura 2. Rhopalosiphum padi
Foto: Paulo Roberto Valle da Silva Pereira
Danos vírus do nanismo-amarelo

Os danos em decorrência da transmissão do vírus do nanismo-amarelo variam em função da sensibilidade da cultivas e período em que ocorre a infecção. A atual redução do potencial prático (potencial atingível considerando a genética do hospedeiro e ferramentas de manejo disponíveis) é ao redor de 20% (Lau et al., 2020).

Quanto mais cedo ocorre a infecção, maiores são os danos. Se a transmissão de BYDV ocorrer em fases iniciais de desenvolvimento do trigo, a média de redução do rendimento de grãos da planta infectada, para as cultivares brasileiras atualmente recomendadas, varia entre 40% e 50%. Para cultivares mais sensíveis, este dano pode variar entre 60% e 80% (Cunha & Caierão, 2023).

Sintomas do BYDV

Os sintomas do vírus do nanismo-amarelo normalmente são observados em reboleiras nas lavouras. As folhas das plantas infectadas ficam amareladas, no sentido do ápice para a base.  Também pode-se observar a redução do porte das plantas afetadas, principalmente na parte aérea.

No espigamento, são evidentes a redução no tamanho das espigas e a esterilidade basal e apical que, muitas vezes, podem lembrar outros tipos de injúrias. Sintomas associados como o escurecimento das espigas em final de ciclo também podem ser observados (Lau et al., 2020).

Figura 3. A) Rhopalosiphum padi, um dos principais vetores do vírus do nanismo-amarelo. B) Plantas de trigo com sintomas de nanismo-amarelo em reboleiras. C) Reflexos da infecção por BYDV na estatura da planta e no tamanho das espigas. D) Detalhe da redução do tamanho e da esterilidade basal e apical de espigas, decorrentes da infecção por BYDV.
Fonte: Lau et al. (2020)
Manejo

Considerando que os afídeos são os principais transmissores do vírus do nanismo-amarelo, e que os maiores danos são observados quando a infecção ocorre no início do desenvolvimento do trigo, uma das principais estratégias de manejo consiste no controle do vetor (pulgão) no estabelecimento do trigo.

Para isso, é fundamental adotar o tratamento de sementes, utilizando inseticidas sistêmicos, registrados para a cultura, e que apresentem eficiência comprovada. Vale lembrar que o tratamento de sementes apresenta efeito residual limitado a alguns dias. Sendo assim, Cunha & Caierão (2023) chamam atenção para o monitoramento da lavoura, principalmente em anos mais quentes e secos, cujas condições ambientais são mais favoráveis ao desenvolvimento dos pulgões.

Em suma, visando reduzir o impacto dos danos diretos e indiretos dos pulgões em trigo, deve-se seguir os critérios pré-estabelecidos para o monitoramento e controle desses afídeos, realizando o controle químico quando necessário. Confira abaixo os critérios para o controle dos pulgões em trigo e os principais inseticidas utilizados no tratamento de sementes do trigo para o controle dos pulgões.

Tabela 1. Monitoramento e critérios para tomada de decisão no controle de pulgões em trigo
Fonte: Cunha & Caierão (2023)
Tabela 2. Inseticidas para o controle de pulgões em trigo (tratamento de sementes) Metopolophium dirhodum e Schizaphis graminum (sinonímia Rhapalosiphum graminum e Rhopalosiphum graminum). Ingrediente ativo, grupo químico, marca comercial, formulação, concentração do ingrediente ativo e inseto-alvo.
Fonte: Cunha & Caierão (2023)

Veja mais: Bacillus amyloliquefaciens como agente no biocontrole de doenças em soja



Referências:

CUNHA, G. R.; CAIERÃO, E. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: SAFRA 2023. 15ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, 2023. Disponível em: < https://www.conferencebr.com/conteudo/arquivo/informacoestecnicastrigotriticalesafra2023-1683736866.pdf >, acesso em: 08/04/2024.

LAU, D. et al. PRINCIPAIS DOENÇAS DO TRIGO NO SUL DO BRASIL: DIAGNÓSTICO E MANEJO. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 325, 2020. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1129989/principais-doencas-do-trigo-no-sul-do-brasil-diagnostico-e-manejo >, acesso em: 08/04/2024.

 

Equipe Mais Soja
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