Em anos secos e com poucas precipitações uma praga tem seu desenvolvimento favorecido na cultura da soja. Trata-se do tripes, cujas principais espécies com maior importância econômica que acometem a soja são Caliothrips braziliensis e Frankliniella schultzei.
Os principais danos ocasionados pelos tripes estão relacionados a redução da capacidade fotossintética da planta em função de leões ocasionados nas folhas. Por possuir aparelho bucal raspador-sugador (Sosa-Gómez et al., 2014), ao se alimentar, o tripes raspas as folhas de soja, causando extravasamento do líquido celular, refletindo na morte celular e redução da área fotossinteticamente ativa das folhas, dando as folhas atacadas aspecto prateado (pontuações prateadas).
Figura 1. Danos de tripes em folha de soja.
Normalmente, a praga se abrigar no interior das folhas ou dos folíolos novos, ainda não abertos, passando por três instares, atingindo a fase adulta entre oito e nove dias (Sosa-Gómez et al., 2014). Embora possa variar em função da espécie, de modo geral, o ciclo de desenvolvimento dos tripes é relativamente curto (± 10 dias), o que contribui para o significativo aumento populacional da praga sob condições ambientais adequadas.
Figura 2. Ciclo de desenvolvimento do tripes.
O desenvolvimento do tripes é favorecido por menores disponibilidades hídricas, sendo assim, períodos de estiagem devem ser monitorados com atenção a fim de avaliar a necessidade de controle de praga (Gamundi & Perotti, 2009).
Em anos secos, o estresse hídrico das plantas de soja permite que ocorra um aumento rápido das populações infestantes da praga. Nessas condições, ocorre o desenvolvimento dos tripes em estado de pseudo-pupa no solo. Após o inseto completar esta fase, surgem os insetos adultos, que rapidamente se dispersam por toda a lavoura (Pozebon, 2021).
Conforme destacado por Pozebon (2021), a praga tem sua proliferação favorecida principalmente por períodos quentes e secos, mas pode também surgir em condições de baixas temperaturas, associadas à estiagem. As chuvas reduzem as populações de tripes por ação mecânica (lavagem das folhas e afogamento dos indivíduos) e por garantir umidade favorável à atividade de microrganismos que causam doenças e matam os tripes.
Logo, em anos com predomínio do La Niña, especialmente regiões Sul do Brasil, onde se observa o baixo volume de chuvas, deve-se destinar atenção especial ao monitoramento e controle de tripes em soja. Embora silenciosa e pequena, sob condições adequadas ao desenvolvimento de elevadas populações, os tripes podem causar significativas reduções de produtividade da soja, afetando principalmente componentes de produtividade como o peso de grãos ou sementes, em função da redução da produção de fotoassimilados pelas folhas e translocação deles para os grãos ou sementes.
Veja mais: Como monitorar e quando controlar tripes em soja?
Referências:
GAMUNDI, J.C.; PEROTTI, E. EVALUACIÓN DE DAÑO DE Frankliniella schultzei (Trybom) Y Caliothrips phaseoli (Hood) EN DIFERENTES ES- TADOS FENOLÓGICOS DEL CULTIVO DE SOJA. Para Mejorar La Produccion, INTA EEA OLIVEROS, 2009. Disponível em: < https://inta.gob.ar/sites/default/files/script-tmp-evaluacion_daos_en_soja.pdf >, acesso em: 03/11/2022.
POZEBON, H. TRIPES EM SOJA: COMO O CLIMA INFLUENCIA NO ATAQUE DA PRAGA? Mais Soja, 2021. Disponível em: < https://maissoja.com.br/tripes-em-soja-como-o-clima-influencia-no-ataque-da-praga/#:~:text=A%20prolifera%C3%A7%C3%A3o%20dessa%20praga%20%C3%A9,baixas%20temperaturas%2C%20associadas%20%C3%A0%20estiagem. >, acesso em: 03/11/2022.
SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Documentos, n. 269, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105924/1/Doc269-OL.pdf >, acesso em: 03/11/2022.