A soja pode ser considerada uma das principais culturas anuais de verão, se não a principal cultivada em solo brasileiro. A abrangência da cultura entre outros fatores foi impulsionada pela implementação do sistema plantio direto (SPD), sistema esse que possibilitou maio conservação do solo, produtividade, rentabilidade e competitividade dos sistemas agropecuários (Embrapa).

Embora a soja seja uma cultura amplamente difundida e cultivada de Norte a Sul do Brasil, seu cultivo visando a boa produtividade, rentabilidade e sustentabilidade, depende de algumas condições de clima, ambiente e manejo, essenciais para o bom crescimento e desenvolvimento das plantas.

Clima

Considerada uma cultura de verão, como para a maioria das espécies, existe uma faixa de temperatura na qual ocorre o melhor desenvolvimento da soja. De maneira geral, a soja se desenvolve bem em temperaturas variando entre 20° e 30°C, sendo que temperaturas inferiores a 10°C e superiores a 40°C podem recusar redução do crescimento das plantas e distúrbios na floração, reduzindo inclusive o pegamento de legumes.

Com relação a exigência hídrica da cultura, ainda que possa haver variação em decorrência da cultivar, em média para o bom crescimento e desenvolvimento da soja são necessários de 450 a 800mm durante o ciclo de desenvolvimento da cultura, sendo que o pico de evapotranspiração ocorre durante o período de floração, onde a soja pode evapotranspirar até 8mm.dia-1 (PAS Campo, 2005).

Cultivares

Além de responder a temperatura, a planta de soja responde ao fotoperíodo, sendo assim, o posicionamento de cultivares é essencial para um adequando crescimento e desenvolvimento vegetal, possibilitando com que as plantas completem seu ciclo de forma eficiente. Visando um adequando posicionamento de cultivares é preciso seguir as recomendações técnicas para a cultura, e o Zoneamento de Risco Climático estabelecido para cada região de cultivo.

Embora possa haver variações do fotoperíodo ao longo do território brasileiro, existem cultivares modernas adaptadas para cada região de cultivo, sendo necessário apenas posicioná-las de forma adequada em dada região. Como forma auxiliar, uma das ferramentas disponíveis para isso é o GMR da cultivar, (Grupo de Maturação Relativa), que auxiliar técnicos e produtores no posicionamento de cultivares conforme sua resposta ao fotoperíodo.

Ao total existem 13 GMRs, começando com o triplo zero (000) para as cultivares adaptadas a regiões onde os dias são longos e o verão é curto (como por exemplo o Canada e o norte dos Estados Unidos), até o GMR 10, adaptado para regiões tropicais, com dias curtos (12 horas de sol) e pouca variação do fotoperíodo ao longo do ano (Silva, 2020).

Outro fato que deve ser levado em consideração para a escolha da cultiva é o nível tecnológico da propriedade e lavoura, sendo que cultivares com maior potencial produtivo devem ser empregadas em lavouras de alto nível tecnológico e cultivares com maior estabilidade produtiva em lavoura de menor nível tecnológico.

Solo

Como principal substrato para a produção da soja, o solo deve preferencialmente atender todas as necessidades nutricionais da planta, sendo fonte de nutrientes e água para elas. Para isso é preciso um bom manejo da fertilidade do solo, adequando níveis de fertilidade para suprir as exigências da cultura e expectativa de produtividade, entretanto, não basta apenas elevados teores nutricionais.

Como a disponibilidade de nutrientes no solo apresenta intima relação com seu pH, mesmo que em quantidades elevadas no solo, nutrientes aportados em solos de pH inadequado tendem a ficar indisponíveis para as plantas, sendo assim, o manejo da fertilidade do solo para a cultura da soja começa pela correção do pH do solo. Para a cultura a soja, o pH ideal para trabalho varia entre 6 e 6,5.

Figura 1. Disponibilidade de nutrientes em função do pH do solo.

Fonte: Gitti; Roscoe; Rizzato (2018)

Após a adequação do pH do solo, é necessário realizar a adubação visando suprir as necessidades da cultura e expectativas de produtividade. Cabe destacar que todo esse manejo deve ser realizado com base nos resultados da análise química da fertilidade do solo e recomendações técnicas para a cultura.

As fontes de adubação podem variar de acordo com a região de cultivo e disponibilidade de insumos, entretanto, o objetivo é o mesmo, “suprir as necessidades nutricionais da soja”, sendo essencial para isso conhecer a extração e exportação de nutrientes por parte da cultura.

Figura 2. Extração e exportação de nutrientes pela cultura da soja por tonelada de grãos produzidos. Resultados obtidos por diferentes autores.

Fonte: Martins (2019)

Além de boa fertilidade do solo, para a obtenção de boas produtividades de soja é essencial a boa qualidade do solo, especialmente esse tratando de seus atributos físicos. Solos com boa qualidade física e estrutural tendem a possuir uma maior taxa de infiltração de água no solo, o que contribui para o armazenamento de água no solo, e posterior disponibilidade para as plantas. Além disso, solos de boa qualidade física não apresentam impedimento físico para o crescimento do sistema radicular das plantas, refletindo em maior volume de solo explorado por elas.

Sementes

A semente pode ser considerada o principal insumo responsável pelo estabelecimento da lavoura. Para um bom estande de plantas é necessário que as sementes utilizadas na semeadura possuam boa qualidade física, fisiológica, sanitária e genética, sendo de fundamental importância trabalhar com sementes que possuam dentre outras características, pureza, alta germinação e vigor, e elevada qualidade sanitária.

Tratamento de sementes

O tratamento de sementes de soja consiste basicamente no revestimento das sementes com fungicidas e inseticidas, a fim de proteger as sementes do ataque de fungos e pragas nos estádios iniciais do desenvolvimento da soja.

Inoculação e coinoculação da soja

O Nitrogênio (N) é o nutriente mais requerido pela cultura da soja, sendo necessário em grandes quantidades para boas produtividades da oleaginosa. Felizmente a soja pertence à família Fabaceae, a qual a maioria das plantas, incluindo a soja, possuem a capacidade de realizar a fixação biológica de nitrogênio (FBN). A FBN é um processo simbiótico entre a planta e bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero Bradyrhizobium capaz de fornecer todo o nitrogênio necessário para produtividades médias de até 3600kg.ha-1 (Gitti, 2015).

A coinoculação por sua vez, consiste  na utilização em conjunto de bactérias do gênero Bradyrhizobium e bactérias do gênero Azospirillum, cujo possuem uma pequena capacidade de realizar FBN, mas se destacam por atuarem como promotoras de crescimento do sistema radicular da soja e estimularem a formação de nódulos da FBN,  contribuindo para o aumento de produtividade de até 16% quando utilizada em conjunto com o Bradyrhizobium.



Manejo fitossanitário

Embora Benedetti et al. (2009), tenham observado que o período anterior a interferência (PAI) de plantas daninhas na cultura da soja seja de aproximadamente de 25 dias após emergência para algumas espécies de daninha, a semeadura da soja “no limpo” ainda é uma das principais estratégias de manejo visando um eficiente controle de plantas daninhas, seguido pelo controle químico em pós-emergência.

Com relação ao manejo de pragas, o foco pode vária de propriedade para propriedade, mas o monitoramento é essencial para posicionar ações de controle. Dependendo da espécie de pragas, maiores danos podem ser observados no estabelecimento da lavoura, a exemplo de algumas lagartas, já os percevejos por sua vez, causam maiores danos quando atacam a cultura durante seu período reprodutivo.

No que diz respeito ao manejo de doenças na soja, o foco deve ser voltado às doenças fungicas, especialmente as com elevado potencial em causar danos. Visando um controle eficiente de doenças, fungicidas são comumente empregados na cultura da soja, entretanto cabe destacar que é preciso perícia para seu adequado posicionamento, uma vez que para algumas doenças como a ferrugem asiática da soja, todo programa de controle deve ser inicializado de forma preventiva a ocorrência da doença (FRAC-BR).

Colheita

A colheita da soja ocorre após a cultura atingir a maturação fisiológica e a umidade ideal para colheita. É recomendável a colheita da soja quando as sementes/grãos atinjam umidade ao redor de 13% a 15%, que é uma faixa de umidade relativamente segura para minimizar injúrias mecânicas aos grãos pela colhedora (Aguila; Aguila; Theisen, 2011).

A produção de soja de forma rentável e sustentável é uma tarefa complexa que pode variar muito de propriedade para propriedade e entre sistemas de produção, logo, pode-se dizer que não existe “receita de bolo”, entretanto, independente da safra, o monitoramento e acompanhamento técnico da lavoura é imprescindível para a obtenção de boas produtividades de soja.

Confira o texto completo clicando aqui!

Conheça as Soluções Stoller, clique aqui!

Referências:

AGUILA, L. S. H.; AGUILA, J. S.; THEISEN, G. PERDAS NA COLHEITA DA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 271, 2011. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/79567/1/comunicado-271.pdf >, acesso em: 26/07/2021.

BENEDETTI, J. G. R. et al. PERÍODO ANTERIOR A INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS E, SOJA TRANSGENICA. Scientia Agraria, Curitiba, v.10, n.4, p.289-295, July/Aug. 2009. Disponível em: < https://revistas.ufpr.br/agraria/article/download/14801/10003#:~:text=Dias%20ap%C3%B3s%20a%20emerg%C3%AAncia%20da%20soja&text=Por%20ser%20uma%20planta%20daninha,com%20conviv%C3%AAncia%20de%2060%20dias. >, acesso em: 26/07/2021.

EMBRAPA. ARVORE DO CONHECIMENTO: PLANTIO DIRETO. Disponível em: < https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/milho/arvore/CONTAG01_72_59200523355.html >, acesso em: 26/07/2021.

FRAC-BR. NOVAS RECOMENDAÇÕES PARA O MANEJO DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA. Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas. Disponível em: < https://www.frac-br.org/soja >, acesso em: 26/07/2021.

GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção, Soja: 2014/2015, 2015. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/209/209/newarchive-209.pdf >, acesso em: 26/07/2021.

GITTI, D. C.; ROSCOE, R.; RIZZATO, L. A. MANEJO E FERTILIDADE DO SOLO PARA A CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2017/2018. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/299/299/5bf01cb30ac6d775cb98755cfc5ae770491d2c5959247_01-manejo-e-fertilidade-do-solo-para-a-cultura-da-soja-somente-leitura.pdf >, acesso em: 26/07/2021.

MARTINS, G. TABELA DE EXTRAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE NUTRIENTES NA CULTURA DA SOJA. Nutrição de Safras, 2019. Disponível em: < https://www.nutricaodesafras.com.br/tabela-de-extracao-e-exportacao-dos-nutrientes-na-cultura-do-soja/ >, acesso em: 26/07/2021.

PAS CAMPO. MANUAL DE SEGURANÇA E QUALDIADE PARA A CULTURA DA SOJA . Embrapa, Transferência de Tecnologia, 2005. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/116424/1/MANUALSEGURANCAQUALIDADEParaaculturadesoja.pdf >, acesso em: 26/07/2021.

PRANDO, A. M. et al. COINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium e Azospirillum NA SAFRA 2018/2019 NO PARANÁ. Embrapa, Circular Técnica, n. 156, 2019. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1117312/1/Circtec156.pdf >, acesso em: 26/07/2021.

SILVA, M. R. SOJA: O QUE É GMR? Mais Soja, 2020. Disponível em: < https://maissoja.com.br/soja-o-que-e-gmr/ >, acesso em: 26/07/2021.

Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (SiteFacebookInstagramLinkedinCanal no YouTube)

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.