Na condução de uma lavoura, vários cuidados devem ser tomados para que a produtividade não seja afetada por pragas, doenças e plantas daninhas. Dessa forma, é indispensável que o manejo do sistema produtivo busque alternativa para o controle desses fatores limitantes da produtividade.
No cultivo da soja, os nematóides causam preocupação por apresentarem difícil controle. Os nematoides são organismos fundamentais para a preservação da microbiologia do solo, contudo, os nematoides causam danos às plantas, podendo ocasionar lesões no sistema radicular da cultura, além de interferir negativamente na produtividade e sanidade da planta. Segundo DIAS, et. al, (2010) os principais nematoides encontrados no cultivo de soja são os nematoides de galha (Meloidogyne incognita e M. javanica) e o nematoide de cisto (Heterodera glycines), os sintomas mais observados em lavouras infestadas por nematoides é o amarelecimento de plantas em reboleiras, o baixo crescimento e desenvolvimento das plantas de soja, alto índice de abortamento de flores quando em período reprodutivo da cultura, e morte de plantas. Contudo os sintomas podem ser mascarado em áreas de alta fertilidade e disponibilidade hídrica, sendo necessária a visualização do sistema radicular pra e melhor diagnose do problema.
Quando atacada pelos nematoides Meloidogyne incognita e M. javanica o sistema radicular das plantas apresenta formação de galhas de número e tamanho variado dependendo da severidade (figura 1).
Figura 1. A esquerda, planta infectada com nematoides de galha, a direita planta com sistema radicular normal.
Já quando atacadas pelo nematoide Heterodera glycines é possível visualizar nas raízes a presença de fêmeas dos nematoides em cistos com formato que lembram um limão (figura 2).
Figura 2. Raízes infectadas com nematoide de cisto.
O controle dos nematoides é dificultado e sua erradicação é praticamente impossível pela dificuldade em atingir o alvo, contido ferramentas como a rotação de culturas auxiliam na diminuição da população de nematoides no solo, pela ação antagonista de algumas plantas ao aumento da população no solo.
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Estudando o efeito antagonista de espécies de Crotalária a população de nematoides de cisto, SCHWAN (2003) observou que ao inserir o cultivo de crotalária na rotação de culturas com a soja, diminui-se a quantidade de fêmeas, ovos, cistos, e juvenis no sistema radicular e solo (tabela 1).
Tabela 1. Sistemas de cultivo, presença de fêmeas, cistos e ovos de nematoide de cisto em raízes soja e presença de cistos, ovos e juvenis em amostras de solo.
Nota-se que independentemente dos melhores resultados de diminuição serem observados no sistema de cultivo da C. achroleuca e soja, todas as espécies de crotalária apresentaram antagonismo a população de nematoides quando comparado ao sistema de cultivo Soja – soja, destacando a capacidade da espécie em contribuir para a diminuição da população de nematoides.
Mas como inserir a crotalária no sistema de cultivo?
A crotalária entra no sistema de produção como uma fonte de adubação verde, controle de nematoides e alternativa da rotação de culturas. Em sistemas de cultivo convencionais, a semeadura da crotalária pode ser realizada a lanço, após deve ocorrer a incorporação das sementes ao solo para possibilitar o contato semente/solo e o processo germinativo. Em sistemas de plantio direto, a crotalária pode ser semeada com o uso de semeadora.
Após a semeadura e tratos culturais, a atenção deve ser voltada para a preparação da área de cultivo para a cultura sucessora, podendo ser a crotalária dessecada, roçada ou até mesmo picada com o auxílio de rolo faca. Em caso de dessecação, deve-se atentar para o produto a se utilizar e dose a se aplicar.
No caso da Crotalaria juncea, relatos demonstram que a planta apresenta maior tolerância ao glifosato, sendo necessário o uso de doses maiores ou associação de herbicidas para seu controle, já para as demais crotalárias, não se tem estes relatos de dificuldades na dessecação.
Além do controle populacional de nematoides, o uso da crotalária como adubação verde é uma excelente alternativa para adição de biomassa ao sistema, além de contribuir no aumento de Nitrogênio no solo por sua capacidade de fixar nitrogênio em relação simbiótica a bactérias fixadoras de nitrogênio.
Contudo, para o correto manejo de nematoides, é preciso identificar a espécie presente no solo e escolher a espécie de crotalária que melhor os controla.
Referências:
DIAS, et. al,. NEMATÓIDES EM SOJA: IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE. Embrapa, Circular Técnica, n. 76, Londrina, PR, abr. 2010.
SCHWAN, A. V. ANTAGONISMO DE ESPÉCIES DE CROTALÁRIA AO NEMATÓIDE DE CISTO DA SOJA (Heterodera glycines). UFMS, 2003.
Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Eng. Agrônomo
Quanto ao cultivo para combate ao mosquito da dengue, o que vocês podem nos orientar? Fico agradecida se puderem responder.