Através da matocompetição, uma série de plantas daninhas pode causar prejuízos à cultura do milho, ocasionando significativa redução da produtividade da lavoura caso as devidas medidas de controle não sejam adotadas. As plantas daninhas competem com o milho por água, radiação solar e nutrientes do solo, podendo exercer efeito dominante sobre a cultura, reduzindo seu potencial produtivo.

Dentre as espécies mais frequentes e de maior complexidade de manejo, destacam-se as gramíneas (Poaceae) em virtude da similaridade com a cultura do milho. Avaliando os períodos de interferência de Brachiaria plantaginea na cultura do milho, Galon et al. (2008) observaram que a convivência com as plantas daninhas começou a afetar a cultura do milho aos 11 dias após a emergência (DAE), sendo constatado o período total de prevenção à interferência (PTPI) de 27 DAE, ou seja, as plantas de Brachiaria plantaginea que emergiram após esse período não prejudicaram a produtividade da cultura.

Figura 1. Produtividade de grãos de milho (t ha-1), em função dos períodos de convivência (○) e de controle (●) de Brachiaria plantaginea.

PAI: período anterior à interferência; PTPI: período total de prevenção à interferência; PCPI: período crítico de prevenção à interferência. * Significativo a 5% de probabilidade. CAP/UFPel, Capão do Leão-RS. Fonte: Galon et al. (2008)

Embora os períodos de interferência das plantas daninhas na cultura do milho possam variar de acordo com a habilidade competitiva da espécie e densidade populacional, fica evidente a necessidade do estabelecimento da lavoura na ausência de plantas daninhas e do efetivo controle inicial de plantas daninhas na cultura do milho. Além da dessecação em pré-semeadura, com o uso de herbicidas adequados que possibilitem o estabelecimento da lavoura “no limpo”, outra ferramenta interessante é o emprego de herbicidas pré-emergentes, os quais podem ser aplicação antecedendo a semeadura ou posteriormente a ela.

Os Herbicidas pré-emergentes atuam diretamente no banco de sementes do solo, reduzindo e/ou inibindo a germinação das sementes presentes nesse banco, reduzindo os fluxos de emergência de plantas daninhas. Contudo, para que desempenhem ação satisfatória, alguns critérios necessitam ser estabelecidos.



Alguns herbicidas pré-emergentes necessitam de umidade no solo para exercer função de controle das plantas daninhas, como é o caso do herbicida isoxaflutole (IFT) que é considerado um pró-herbicida, uma vez que necessita ser convertido ao metabólito diquetonitrila (DKN). A conversão de IFT em DKN é rápida no solo, na água e nas plantas; no caso do solo, quanto maior a umidade, mais rápida a conversão (Marchiori Junior et al., 2005).

Além das condições ambientais e físicas do solo, visando o uso eficiente dos herbicidas pré-emergentes, deve-se atentar para a cobertura vegetal do solo. Uma vez que os herbicidas pré-emergentes atuam no solo, é fundamental possibilitar condições adequadas para que o produto alcance a superfície do mesmo. Para tanto, deve-se priorizar a aplicação de pré-emergentes sobre solo coberto com palhada seca, uma vez que a palhada verde/resíduos vegetais frescos, podem impor certa dificuldade ao herbicida em atingir o solo pela capacidade de adsorção de algumas moléculas nos resíduos vegetais.


Veja mais: Quais os critérios para a utilização dos pré-emergentes?


Outro fato que merece atenção é o efeito residual dos herbicidas pré-emergentes. Como visto anteriormente, o ideal é o estabelecimento da cultura “no limpo”, livre da competição com plantas daninhas, logo, deve-se dar preferência para o uso de herbicidas pré-emergentes com maior efeito residual, executando o controle pós-emergente posteriormente quando necessário.

Confira abaixo as dicas do Professor e Pesquisador Mauro Rizzardi sobre o tema.


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Referências:

GALON, L. et al. PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA DE Brachiaria plantaginea NA CULTURA DO MILHO NA REGIÃO SUL DO RIO GRANDE DO SUL. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 26, n. 4, p. 779-788, 2008. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pd/a/QMGgjkfFZJ4CP8rQxhqhNTt/?lang=pt >, acesso em: 17/11/2022.

MARCHIORI Jr, O. et al. EFEITO RESIDUAL DE ISOXAFLUTOLE APÓS DIFERENTES PERÍODOS DE SECA. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 23, n. 3, p. 491-499, 2005. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pd/a/vP6VchfR5NYphSgDpv5YpTs/?lang=pt >, acesso em: 17/11/2022.

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