A soja é uma das principais culturas anuais produzidas comercialmente em território brasileiro, sendo considerada cultivo principal de muitas propriedades agrícolas de norte a sul do Brasil. Entretanto, inúmeros fatores podem prejudicar o crescimento e desenvolvimento das plantas, implicando em perdas de produtividade e qualidade dos grãos ou sementes.

Segundo Soares et al. (2004), doenças fúngicas como a ferrugem asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi podem trazer inúmeros prejuízos para a cultura, ocasionando amarelecimento das folhas comprometendo a área fotossinteticamente ativa, além de ocasionar queda prematura de folhas e prejudicar a formação dos grãos. Sendo assim é fundamental atentar para o manejo e controle da doença na cultura da soja, buscando alternativas que complementem a ação dos fungicidas.

Segundo Bedin (2018), uma das alternativas é a utilização de fertilizantes minerais juntamente a caldas fitossanitárias, visando o aporte nutricional das plantas de soja. Conforme destacado por Queiroz (2012), o estado nutricional das plantas está diretamente relacionado com o crescimento e desenvolvimento vegetal, mas também com a capacidade das plantas em suportar e responder a ocorrência de pragas e patógenos.  Sendo assim, a aporte nutricional entra no sistema integrado de manejo fitossanitário como uma alternativa indução de resistência da planta ao ataque de patógenos.



Tendo em vista a utilização complementar de fertilizantes no combate a ferrugem asiática na soja, trabalhos avaliando a utilização de micronutrientes foram realizados por Lima et al. (2010); Queiroz (2012); Barcelos (2016); Bedin (2018), sendo que um dos micronutrientes mais estudados com a finalidade de promover diminuição da severidade da ferrugem asiática na soja é o Níquel.

Avaliando a severidade da ferrugem asiática após a aplicação de Níquel, Queiroz (2012) observou que para a soja inoculada com esporos da ferrugem asiática em R2, a aplicação de Níquel proporcionou menor severidade da ferrugem nas folhas da soja e também acarretou no aumento da produtividade de grãos. Entretanto, os resultados encontrados por Queiroz (2012) demostram que a aplicação de Níquel não possibilitou a redução da taxa de progresso da doença.

Tabela 1. Média de severidade de ferrugem asiática, Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD), massa de grãos e massa de raízes por planta de soja em função dos tratamentos com sulfato de níquel, Goiânia – GO, 2012.

Fonte: Queiroz (2012).

Queiroz (2012) avaliou a severidade da ferrugem asiática em soja em diferentes estádios reprodutivos do desenvolvimento fisiológico das plantas. Em todos os estádios avaliados, a severidade da ferrugem asiática foi menor quando foi aplicado fungicida ou níquel em doses de até 60 g ha-1, independentemente da forma de aplicação (via solo ou via foliar) (Queiroz, 2012).

Tabela 2. Estimativa de média de severidade (%) de ferrugem asiática em diferentes estádios fenológicos da planta de soja tratadas com sulfato de níquel, Goiânia – GO, 2012.

Fonte: Queiroz (2012).

Barcelos (2016) avaliando o Níquel no controle da ferrugem asiática da soja, observou que a utilização do Níquel proporcionou uma redução da germinação de esporos de Phakopsora pachyrhizi, entretanto, para condições in vitro. (Figura 1).

Figura 1. Porcentagem de germinação de esporos de Phakopsora pachyrhizi in vitro sob diferentes concentrações de Níquel e sob 10 mg L-1 de picoxistrobina + ciproconazol.

Fonte: Barcelos (2016).

Entretanto, o autor destaca que pra as condições do presente estudo, não foram observadas contribuições do Níquel no controle da severidade da ferrugem em condições de campo e que dependendo da quantidade de Níquel utilizado, pode ocorrer tanto o estímulo quando a inibição da atividades de enzimas nos tecidos celulares.

Contudo, vale ressaltar que conforme observado por Queiroz (2012), O Níquel pode ser uma interessante ferramenta no manejo fitossanitário da soja, ainda mais quando utilizado em doses adequadas, de forme complementar ao uso de fungicidas.


Veja também: Ferrugem Asiática da Soja: cuidados para seu controle


 

 

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Referências:

BARCELOS, J. P. Q. NÍQUEL NO CONTROLE DO OÍDIO (Erysiphe diffusa) E FERRUGEM ASIÁTICA (Phakopsora pachyrhizi) NA CULTURA DA SOJA. Universidade estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Ilha Solteira, 2016.

BEDIN, E. APLICAÇÃOES FOLIARES DE COBRE NO MANEJO DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA. Universidade de Passo Fundo, Programa de pós-graduação em agronomia, Passo Fundo, 2018.

LIMA, L. M. et al. QUANTIFICAÇÃO DA FERRUGEM ASIÁTICA E ASPECTOS NUTRICIONAIS DE SOJA SUPRIDA COM SILÍCIO EM SOLUÇÃO NUTRITIVA. Summa Phytopathol., Botucatu, v. 36, n. 1, p. 51-56, 2010.

QUEIROZ, C. S. NÍQUEL, OUTROS MICRONUTRIENTES E SILÍCIO E A FERRUGEM ASIÁTICA (Phakopsora pachyrhizi) NA CULTURA DA SOJA (Glycine max). Goiânia, 2012.

SOARES, R. M. et al. FUNGICIDAS NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA (Phakopsora pachyrhizi) E PRODUTIVIDADE DA SOJA. Ciência Rural, v. 34, n.4, 2004.

 

 

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