Monitorar a fertilidade do solo, principalmente os teores nutricionais e condições químicas, é essencial para a manutenção da produtividade de culturas agrícolas, em especial se tratando de culturas anuais com soja, milho, trigo, entre outras. Além de bons níveis de fertilidade do solo, suprindo as exigências da cultura e extração de nutrientes do solo, é essencial garantir condições adequadas para que a planta possa absorver os nutrientes disponíveis na solução do solo.

Um dos principais fatores responsáveis por reduzir a disponibilidade dos nutrientes do solo para é o pH inadequado. Existe uma faixa de pH onde há a maior disponibilidade da maioria dos nutrientes para as plantas, sendo que níveis de pH inferiores ou superiores, podem prejudicar a disponibilidade de dado nutriente à planta.

Figura 1. Disponibilidade de nutrientes em função do pH do solo.

Além disso, solos considerados ácidos (com pH baixo), tendem a apresentar maior disponibilidade de alumínio tóxico às plantas (alumínio trocável), fato que além de resultar em menor disponibilidade dos nutrientes, podem prejudicar o crescimento e desenvolvimento vegetal, podendo em alguns casos, até mesmo limitar o crescimento e/ou a produtividade da cultura.

A principal e mais usual forma de corrigir o pH do solo, elevando-o a níveis adequados ao desenvolvimento das culturas é por meio do uso de corretivos agrícolas, tais como o calcário. O uso do calcário para a correção do pH do solo é uma prática popularmente conhecida como calagem, que além de elevar os níveis de pH do solo, pode inclusive fornecer nutrientes como Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) ou ambos, dependendo do tipo de calcário.

Os tipos mais comuns de calcário utilizados na agricultura são o calcário calcítico, o magnesiano e o dolomítico. O calcário calcítico apresenta teor de MgCO3 inferior a 10%; já o magnesiano tem teor mediano de MgCO3 entre 10% e 25%; e o dolomítico apresenta teor de MgCO3 acima de 25% (Alcarde, 2005).

Com relação aos teores de Cálcio, o calcário calcítico apresenta maior concentração de óxido de Cálcio, variando de 45% a 55%; já o calcário magnesiano apresenta teor de Cálcio (CaO) variando entre 40% e 42%, sendo por isso, considerado intermediário entre os tipos de calcário. O calcário dolomítico por sua vez, apresenta teor Cálcio variando entre 25% a 35%, sendo característico principalmente por apresenta teor de Magnésio superior a 25%, variando normalmente de 25% a 35%, e portanto, considerado também, fonte de ambos os nutrientes.



A necessidade da realização da calagem em áreas agrícolas irá depender dos resultados da análise química da fertilidade do solo, bem como sistema de produção e cultura cultivada. No sistema plantio direto consolidado, deduzindo uma adequada implantação do sistema, a amostragem recomendada é de 0 a 10 cm, com monitoramento frequente da camada de 10 a 20 cm. Quando não há restrições químicas e físicas para o crescimento radicular na camada de 10 a 20 cm, considera-se o valor de pH (Santos, 2016).

Entretanto, além de avaliar a necessidade da calagem e definir a dose, para que a calagem atinja os objetivos de neutralização do alumínio trocável e/ou de elevação dos teores de cálcio e magnésio, algumas condições básicas devem ser observadas (Oliveira Junior et al., 2020). Conforme destacado por Oliveira Junior et al. (2020), deve-se atentar para características qualitativas do calcário a ser utilizado.

O calcário deverá passar 100% em peneira com malha de 2 mm e apresentar teores de CaO + MgO > 38%. Além disso, a escolha do calcário deve levar em consideração os teores trocáveis de cálcio e magnésio e a relação Ca/Mg do solo (tabela 1), devendo-se dar preferência ao calcário com pelo menos 12% de MgO, em solos que contenham teores baixos ou médios de Mg2+, ou ainda, quando a relação Ca/Mg é elevada (Oliveira Junior et al., 2020).

Tabela 1. Atributos químicos do solo (0 a 20 cm) como referência para interpretação da análise química do solo, para a cultura da soja.

Fonte: Oliveira Junior et al. (2020)

Por fim, a distribuição desuniforme pode aumentar a variabilidade espacial dos atributos relacionados à acidez do solo e causar ou agravar desequilíbrios nutricionais. Logo, além de definir a quantidade de calcário a ser utilizada, é fundamental atentar para a escolha do calcário, levando em consideração atributos qualitativos e a finalidade da correção (pH do solo e/ou adubação com Ca e Mg).


Veja mais: Qual o intervalo entre calagem e semeadura?



Referências:

ALCARDE, J. C. CORRETIVOS DA ACIDEZ DO SOLO: CARACTERÍSTICAS E INTERPRETAÇÕES TÉCNICAS. ANDA, Boletim Técnico, n. 6, 2005. Disponível em: < https://anda.org.br/wp-content/uploads/2019/03/boletim_06.pdf >, acesso em: 28/02/2023.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NMUTRICIONAL DA SOJA. Tecnologias de Produção de Soja, cap. 7, Sistema de Produção, n. 17, Embrapa, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 28/02/2023.

SANTOS, D. R. DIAGNÓSTICO DA ACIDEZ E RECOMENDAÇÃO DA CALAGEM. Manual de Calagem e Adubação: Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, cap. 5. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo – Núcleo Regional Sul: Comissão de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC, 2016. Disponível em: < https://www.sbcs-nrs.org.br/docs/Manual_de_Calagem_e_Adubacao_para_os_Estados_do_RS_e_de_SC-2016.pdf >, acesso em: 28/02/2023.

Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (SiteFacebookInstagramLinkedinCanal no YouTube)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.