O Brasil é quinto maior país em área e população, e ocupa a primeira colocação em termos de terras aráveis, com potencial de expandir ainda mais a produtividade agrícola. O país vem consolidando sua posição, nas últimas duas décadas, como um dos principais produtores de commodities agrícolas e produtos alimentícios relacionados, bem como fornecedor dos mercados internacionais. Entretanto, apesar dessa força vinda da diversificação de parceiros comerciais e volume de produção, os aumentos de preço dos combustíveis e fertilizantes estão entre os principais desafios no horizonte, além de uma malha saturada de transporte, armazenamento e logística. Também preocupa cada vez mais, o equilíbrio entre a crescente demanda e desenvolvimento sustentável.
Fatores que contribuem para a pujança nacional incluem pesquisa, expansão das lavouras, investimento maciço em novas tecnologias de produção e ampliação da gama de cultivo. A capacidade de colher duas ou até três safras por ano, oriundas da mesma área, é um diferencial em relação a outros concorrentes de peso, sobretudo no que diz respeito a grãos e a cobiçada soja. Também influenciam positivamente as políticas macroeconômicas orientadas para a exportação, longos períodos de desvalorização do Real, incentivos do governo para o setor e a presença de empresas multinacionais no país.
A robustez brasileira tem sido cada vez maior frente a um rival histórico no ramo, os EUA, com resultados gradualmente mais favoráveis, com participação substancial no PIB e na força de trabalho. Os custos de empreender são menores em comparação a outros países, e a demanda externa maior que interna deixam uma larga janela para exportar e seguir investindo com folga. A China se tornou um parceiro fundamental, na esteira dos recordes de colheita em soja, milho e arroz.
A carne também deu um salto considerável, advinda do aprimoramento de técnicas na lida com os rebanhos.
O apoio estatal não veio somente na forma de incentivos fiscais, mas no fomento ao aprendizado, pesquisa e profissionalização através de instituições especialmente dedicadas a esse fim. A Embrapa completa 50 anos como um dos principais entes públicos que ajudaram o país a conquistar tal protagonismo. Outras, como a centenária Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), auxiliam os pequenos, médios e grandes produtores a otimizarem seus ganhos e aperfeiçoar conhecimentos, modernizando técnicas, defensivos e maquinário.
Recentemente, obstáculos imprevistos ajudaram a lembrar que, ao lado do progresso, revezes também devem servir de exemplos. A pandemia de COVID – 19 restringiu quase todo tipo de atividade, pressionando a inflação, o que afetou safras, consumo e exportações. Os fertilizantes usados aqui são, em sua maioria, importados, o que deixa o preço especialmente suscetível às constantes oscilações do petróleo, que serve de base para a fabricação desses materiais. Há sobressaltos geopolíticos, como o conflito entre Rússia e Ucrânia. O crédito rural, por sua vez, já não anda tão generoso como em outros tempos, além das já citadas limitações de infraestrutura e logística para escoar a produção. Vencer esses gargalos, além de preservar o meio ambiente, é um enorme desafio que o país precisa enfrentar e vencer, se quiser continuar relevante no competitivo mercado do agronegócio, podendo inclusive ampliar sua fatia de participação nos próximos anos.
Por Marcelo Sá – Equipe SNA
Fonte: SNA