Lagartas Desfolhadoras

As principais lagartas desfolhadoras em soja são:

  • Anticarsia gemmatalis (lagarta-da-soja)
  • Chrysodeixis includens (lagarta-falsa-medideira).

As lagartas jovens (1° e 2° instar) apenas raspam as folhas. As lagartas de instares mais avançados, perfuram e causam lesões.

Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)

Os danos ocasionados pela lagarta-da-soja nas folhas se dão pelo consumo do limbo foliar e nervuras.

Os danos podem atingir até 75,8% de perdas por desfolha e uma redução da produtividade de até 1214 kg/ha quando não há controle (SILVA, et al. 2003).

Figura 1. Danos de Anticarsia gemmatalis

Lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

Não consome as nervuras e partes fibrosas, atacando apenas o limbo foliar. As folhas apresentam aspecto rendilhado.

Durante todo o seu ciclo, a falsa-medideira, pode consumir até 200 cm2 de área foliar (HOFFMANN-CAMPO, et al. 2000).

Figura 2. Danos de Chrysodeixis includens

Lagarta das vagens: Complexo Spodoptera

As principais pragas do complexo Spodoptera são: S. frugiperda, S. cosmioides e S. eridania.

No início do desenvolvimento da cultura, perfuram e destroem os cotilédones, consomem as folhas e as nervuras. Assim, reduzem o potencial fotossintético da soja.

Figura 3. Spodoptera cosmioides atacando a área foliar

As lagartas das vagens, além de serem pragas desfolhadoras, alimentam-se das vagens. Quando são grandes, podem acarretar em redução do estande de plantas, pois cortam as plantas rente do solo.

Para a cultura da soja, a tecnologia Bt não é eficiente no controle, assim o inseto apresenta potencial para causar danos mesmo possuindo essa ferramenta.

Veja também: Lagartas do Complexo Spodoptera – danos e controle

Em condições de alta infestação, as perdas podem atingir 70% da produção (PERUCA, R. 2015).

Figura 4. S. eridania atacando os grãos

Lagarta do velho mundo: Helicoverpa armigera

No início do desenvolvimento da cultura, atacam as folhas unifolioladas, hastes e cotilédones.

Figura 5. Ataque de Helicoverpa armigera aos cotilédones da soja.

Entretanto, possui preferência pelas estruturas reprodutivas da soja. É considerada uma praga de grande agressividade, causando danos nas estruturas proteicas da planta, principalmente nas reprodutivas (brotos, flores, canivetes e vagens). Perfuram as vagens e possuem a capacidade de reduzir significativamente a produção.

Figura 6. Ataque às vagens.

Foto: Semagro, 2017.

Os danos representados na cultura da soja variam de 30-40% de redução da área foliar. Na Bahia, um dos estados mais afetados pela praga na safra 2012/13, obteve perdas de 1,7 bilhões de reais (AGRO BAYER, 2018).

As reduções no estande de plantas podem atingir 90% quando ocorre a incidência de 28 lagartas/m2 (GUAZINA, et al. 2019).

Além disso, apenas 1 lagartas/m2 corresponde a perdas próximas a 60 kg/ha no estágio R3 (início do desenvolvimento das vagens) (MACHADO, 2016). Dessa forma, 1 saco de soja representa as perdas causados por apenas 1 indivíduo.

Figura 7. Helicoverpa armigera

Percevejos

Os percevejos mais presentes na cultura da soja são o percevejo marrom (Euschistus heros), percevejo verde (Nezara viridula) e percevejo verde-pequeno (Piezodorus guildinii).

Os percevejos são mais comuns no início da fase reprodutiva da cultura, pois consomem os grãos. Assim, acarretam em reduções na qualidade final das sementes e na retenção foliar anormal, conhecido como “soja louca”.

As lesões pela “soja louca” são vistas através de hastes verdes, retenção foliar e abortamento das vagens antes de finalizar o ciclo da soja. As perdas podem atingir até 60% da produtividade (Embrapa, 2015).

Figura 8. Sintomas de retenção foliar, característico de Soja Louca.

Foto: Embrapa, 2010.

Os sintomas nos grãos são observados pela redução do tamanho, grão chochos, manchas escuras e abortamento. Os prejuízos podem atingir até 40% considerando desde a lavoura até o final do armazenamento (FUNDAÇÃO MS, 2018).

Figura 9. Ataque de percevejos nos grãos.

Foto: Agro Bayer

Mosca-branca (Bemisia tabaci)

 É uma praga que suga a seiva da planta. Aliado ao dano direto, no momento da sucção a praga excreta uma substância açucarada que serve de hospedeiros para fungos, como a fumagina. Este organismo reduz a área fotossintética da planta, reduzindo em até 75% a produtividade (SOSA-GÓMEZ & OMOTO, 2012).

Além disso, pode ocorrer a transmissão de viroses, como a necrose da haste da soja, com perdas de produção superando 85% em altas infestações (SANTOS, E. 2019).

Figura 10. Danos de mosca-branca

Ácaros

Esta praga causa danos de coloração amarelada nos folíolos da soja, tanto na parte superior quanto inferior. Reduz a fotossíntese e ocasiona desfolha precoce.

Figura 11. Danos de ácaros.

Tripes

As espécies mais comuns são Caliothrips braziliensis e Frankliniella schultzei

São insetos sugadores-raspadores que causam danos diretos e indiretos. O dano direto está relacionado com o prateamento das folhas de soja. Esse dano não reduz significativamente a produção. No entanto, a transmissão de patógenos como o vírus da queima-do-broto pode ocasionar perdas de rendimento de até 25% (GAMUNDI, et al. 2005).

Ocorre o encurvamento do broto apical, necrose, sementes manchadas e aspecto de planta-anã.

Figura 12. Danos de tripes.

Mosca-das-hastes (Melanagromyza sojae)

É uma praga de hábito outonal e causa maiores danos na soja safrinha (semeada em janeiro ou fevereiro).

As maiores lesões podem ser visualizadas através da abertura longitudinal da haste da planta, onde podemos encontrar as galerias formadas pelas larvas.

Geralmente após a saída do adulto da planta, notamos alguns danos externos como emissão excessiva de ramificações laterais e entre-nós mais curtos. Em altas infestações, ocorre seca e maturação precoce da soja.

Figura 13. Danos de mosca-da-haste

Tamanduá-da-soja (Sternechus subsignatus)

As larvas consomem a medula da haste principal, enfraquecendo a planta. Os adultos raspam a haste principal e desfiam os tecidos (SILVA, 2000).

As reduções de produtividade de 7-14 sacas de soja/hectare com a incidência de 1 e 2 adultos/m de fileira em estágios V2-V5.

Se o ataque ocorre quando o caule já está lignificado e há larvas no interior da haste principal (região do anelamento), forma-se uma galha muito frágil e que pode quebrar por ação de agentes externos (vento e chuva) (HOFFMANN-CAMPO et al. 2012).

Figura 14. Surgimento da galha decorrente do consumo da medula pelas larvas.

Considerações finais

Os danos na cultura da soja estão relacionados diretamente com a redução da produtividade e rentabilidade ao produtor.

Vamos ver se você realmente sabe identificar as lesões deixadas pelas pragas?

 

Referências:

EMBRAPA. Soja Louca II é reconhecida como nova doença da soja pelo Mapa. 2015. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-

/noticia/5213621/soja-louca-ii-e-reconhecida-como-nova-doenca-da-soja-pelo-mapa>. Acesso em: 07.05.2020

FUNDAÇÃO MS. Manejo de percevejos na soja reflete no rendimento e na qualidade dos grãos. Disponível em: <http://www.fundacaoms.org.br/noticias/manejo-de- percevejos-na-soja-reflete-no-rendimento-e-na-qualidade-dos-graos>. Acesso em: 07.05.2020

GAMUNDI, J. C.; PEROTTI, E.; MOLINARI, A.; MANLLA, A.; QUIJANO, D. Evaluación del

daño de tripes Caliothrips phaseoli (Hood) en soja. Para mejorar la produción, INTA EEA Oliveros, n. 30, p. 71-76, 2005.

GUAZINA, Renato Anastácio et al. Danos da lagarta Helicoverpa armigera (Hübner, 1805)(Lepidoptera: Noctuidae) em plântulas de soja. Revista de Ciências Agroveterinárias, v. 18, n. 1, p. 41-46, 2019.

HOFFMANN-CAMPO, Clara Beatriz et al. Pragas da soja no Brasil e seu manejo integrado. Londrina: Embrapa soja, 2000.

HOFFMANN-CAMPO et al. Pragas que Atacam Plântulas, Hastes e Pecíolos da soja. EMBRAPA,         capítulo             3,             2012.             Disponível            em:                              < http://www.cnpso.embrapa.br/artropodes/Capitulo3.pdf>. Acesso em: 20.03.20

MACHADO, Josemar Neri Corrêa et al. Níveis de danos e eficiência de inseticidas para controle de lagarta Helicoverpa armigera em soja. 2016.

PERUCA, Ricardo Dias. Consumo alimentar e biologia de Spodoptera frugiperda (JE Smith, 1797)(Noctuidae) alimentada com folhas de soja, submetidas à herbivoria prévia. 2015. Tese de Doutorado. Dissertação programa de Pós-graduação stricto sensu Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária. Universidade Católica Dom Bosco.

SILVA, Mauro Tadeu Braga da; COSTA, Ervandil Corrêa; BOSS, Adriano. Controle de Anticarsia gemmatalis Hübner (Lepidoptera: Noctuidae) com reguladores de crescimento de insetos. Ciência Rural, v. 33, n. 4, p. 601-605, 2003.

SILVA, Mauro TB. Nível de controle e danos de Sternechus subsignatus (Boheman)(Coleoptera: Curculionidae) em soja, no sistema de plantio direto. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 29, n. 4, p. 809-816, 2000.

SOSA-GÓMEZ, Daniel Ricardo; OMOTO, Celso. Resistência a inseticidas e outros agentes de controle em artrópodes associados à cultura da soja. HOFFMANN-CAMPO CB et al. Soja–Manejo Integrado de Insetos e outros Artrópodes-Praga. Brasília: Embrapa, p. 673- 723, 2012.

Redação: Equipe Mais Soja.

 

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