O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma estratégia que integra diversos métodos de controle, como cultural, genético, comportamental, varietal, biológico e, considerada como última opção, o controle químico.

O seu uso é recomendado para todas as culturas agrícolas. No entanto, ainda há certa resistência por parte dos produtores em adotar este manejo.

Neste texto veremos o potencial desta ferramenta em reduzir os custos da lavoura em valores próximos a 50% de aplicações de inseticidas e aumentar a produtividade quando comparamos com lavouras convencionais.

De acordo com o relato de um produtor rural, Carlos Eduardo Luhn: “Vi que a quantidade de lagartas estava crescendo na primeira e na segunda semana, mas os inimigos naturais também. Na terceira semana, o número de lagartas tinha diminuído”.

Quando há permanência dos inimigos naturais e estes não são afetados pelos produtos químicos, os próprios organismos presentes na lavoura podem controlar as lagartas.

Figura 1. Pilares e bases do Manejo Integrado de Pragas. 

Por que você deve utilizar desta ferramenta?

  • Redução de custos com inseticidas;
  • Não há interferência na população de inimigos naturais;
  • As aplicações são reduzidas e programadas;
  • Viabilizar os produtos por um tempo maior;
  • Mais segurança para o trabalhador;
  • Garantir eficiência dos inseticidas quando aplicados (quanto maior a exposição às moléculas químicas, mais resistentes os insetos se tornam).

Em uma pesquisa realizada por Staback et al. (2020), intitulada “USO DO MIP COMO ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DE SOJA NO ESTADO DO PARANÁ”, os autores compararam os custos em lavouras que adotaram o MIP e em lavouras convencionais (sem adoção).

Esta pesquisa foi realizada por cinco safras agrícolas. Em todos os anos, houve maiores custos de produção em áreas em que não ocorreu o planejamento com adoção de alternativas de métodos de controle.



Na Tabela 1, é possível observar que o número médio de aplicações onde existe o MIP é em torno de duas, enquanto num sistema onde ocorre pulverizações sem estratégias de manejo, podem ocorrer até cinco aplicações. O custo que poderia ser inferior a R$ 100,00/ha, pode se aproximar de valores três vezes maior em sistemas sem adoção do MIP. Qual o resultado disso? Você pode deixar de ganhar de 2-3 sacas/hectare.

Tabela 1. Custos e produtividade em lavouras com MIP e convencionais.

Adaptado: Staback et al. (2020).

Na Figura 2, considerando o número de aplicações, o MIP se manteve inferior a três aplicações durante todas as safras de soja. Percebemos que o número médio de aplicações foi 83% maior no sistema convencional. O resultado de mais pulverizações são custos de inseticidas, que tiveram um incremento de 110% a mais onde não foi adotado o MIP.

As aplicações quando realizadas em sistemas convencionais, são geralmente calendarizadas. Não se considerada as plantas atacadas e nem a presença visual da praga, apenas segue o calendário pelos estágios de desenvolvimento da planta. Este tipo de estratégia não é considerado um manejo eficiente, pois acarretará em prejuízos ao produtor.

Figura 2. Número de aplicações de inseticidas em MIP e sistema convencional.

Fonte: Staback et al. (2020).

Note que as aplicações desnecessárias reduzem a rentabilidade para o produtor e não está relacionado com maior proteção da lavoura, pois para controlar as pragas de forma satisfatória, elas precisam atingir o nível de controle.

Figura 3. Custo de Controle (Custo/saca/hectare).

Fonte: Staback et al. (2020).

Como as aplicações são realizadas com maior frequência onde se segue o calendário, pode-se pensar que a produtividade é maior no sistema convencional. Veja na Figura 4, que a produção nas áreas de MIP é ligeiramente maior que nas áreas convencionais.

A produtividade foi em média de 1,4 sacas a maior por hectare onde existe o MIP. Considerando o valor da saca de R$ 100,00, você perde valores superiores a 100 reais/hectare.

Figura 4. Produtividade (kg/ha) em áreas de MIP e sistema convencional.

Fonte: Staback et al. (2020).

Na Figura 5, notamos que os produtores possuem o comportamento de realizar as aplicações de forma preventiva, momento em que as pragas não estão em número suficiente para gerar danos econômicos para o produtor. Este, por sua vez, não pode utilizar de critérios próprios para as aplicações, pois o controle indevido impactará no seu bolso.

Infelizmente, as aplicações realizadas de forma preventivas são a maioria, como visualizamos na Figura 5.

Figura 5. Frequência de aplicações (%).

Fonte: Corrêa-Ferreira et al. (2013).

Para que ocorra as aplicações químicas no momento ideal, o monitoramento é a estratégia inicial mais assertiva. Para a produção de grãos, o produtor do sistema convencional aplicou 4 vezes (seta azul), iniciando antes da fase reprodutiva, como visualizamos na Figura 6.

Na fase vegetativa, a recomendação é que apenas se monitore, pois, os percevejos estão recém incidindo na lavoura. As aplicações do MIP, em que os inseticidas são utilizados apenas quando atinge o nível de controle (2 percevejos/metro), ocorreram de forma reduzida, somando-se 2 aplicações.


Veja também: Eficiência de inseticidas no controle do percevejo-marrom


O dobro de pulverizações acarreta diversos custos, como o custo de operação das máquinas, custos de defensivos, desgaste de equipamentos, amassamento de plantas e risco de condições adversas do clima.

Figura 6. Flutuação populacional de percevejos na unidade de produção de grãos.

Fonte: Corrêa-Ferreira et al. (2013)

Na safra 2016/17 – Paraná, houve incremento de quase 500 kg/ha devido a adoção do Manejo Integrado de Pragas, enquanto o número de pulverizações é reduzido à metade, como descrito na tabela a seguir.

Tabela 2. Media de produtividade e aplicações de defensivos.

Fonte: Senar – PR (2017).

Considerações finais

Para que você realize o MIP de forma correta, recomenda-se que você saiba com certeza quando é o momento mais apropriado para entrar com manejos. Além disso, a identificação correta das pragas é imprescindível para controlarmos de forma eficiente.

Não calendarize as aplicações de acordo com os estádios de desenvolvimento da planta, seja na fase vegetativa ou reprodutiva. Esta estratégia é ultrapassada e não visa a sustentabilidade e a eficiência de controle e, de forma alguma pode reduzir os custos para o produtor. Ao contrário, os sistemas convencionais apresentam cerca de 2 vezes mais aplicações de inseticidas.

Agora que você aprendeu que as vantagens do MIP, além de apresentar eficiência, reduz os custos para o produtor, você com certeza irá repensar se o seu sistema precisa passar por transformações positivas tanto para o seu bolso quanto para a sua lavoura.

Referências

CORRÊA-FERREIRA, B. S. et al. MIP-SOJA: RESULTADOS DE UMA TECNOLOGIA EFICIENTE E SUSTENTÁVEL NO MANEJO DE PERCEVEJOS NO ATUAL SISTEMA PRODUTIVO DA SOJA. Embrapa Soja, Documentos, n. 341, 2013. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/963897/mip-soja-resultados-de-uma-tecnologia-eficiente-e-sustentavel-no-manejo-de-percevejos-no-atual-sistema-produtivo-da-soja >, acesso em: 08/12/2020.

SENAR. INIMIGOS DO BEM. Manejo Integrado de Pragas evita aplicações desnecessárias de inseticidas. Boletim Informativo, ano XXV, n° 1385. 2017. Disponível em: < http://testes.sistemafaep.org.br/sistemafaep/wp-content/uploads/2017/04/BI-1385.pdf >, acesso em: 08/12/2020.

STABACK, D. et al. USO DO MIP COMO ESTRATÉGIA DE REDUÇÃO DE CUSTOS NA PRODUÇÃO DE SOJA NO ESTADO DO PARANÁ. Revista Americana de Empreendedorismo e Inovação, v. 2, n. 1, p. 187-200, 2020. Disponível em: < http://periodicos.unespar.edu.br/index.php/raei/article/download/3297/2182 >, acesso em: 08/12/2020.

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Redação: Equipe Mais Soja.

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