Durante o período vegetativo do desenvolvimento da soja os percevejos não causam reduções de produtividade significativas para a cultura. Entretanto, essas pragas podem atuar como vetores de doenças virais nesses estádios.

No período reprodutivo da cultura são observados os maiores danos ocasionados por percevejos, podendo esses danos ser de ordem qualitativa ou quantitativa, prejudicando a qualidade dos grãos e/ou sementes e reduzindo a produtividade da soja.

Um dos principais percevejos encontrados nas lavouras sojícolas brasileiras é o percevejo-marrom (Euschistus heros).

Figura 1. Percevejo-marrom (Euschistus heros).

Foto Percevejo – Marrom: Euschistus heros
Foto: Alessandro Tadeu.

Segundo Grigolli (2016), a maior incidência da praga, causando maior injurias na soja em virtude da sua alimentação, são observadas no período reprodutivo da cultura, especificamente variando estre os estádios R2 a R6 conforme escala fenológica de Fehr & Caviness (1977). Nos períodos entressafra o percevejo sobrevive em plantas hospedeiras tais como plantas daninhas, sendo assim além do monitoramento e controle da praga, é fundamental atentar para o manejo de plantas daninhas na safra e entressafra da soja visando reduzir as populações de percevejo.

Figura 2. Atividade alimentar de Euschistus heros na safra e entressafra de soja. Elaborado por J.F.J. Grigolli e adaptado a partir de Corrêa-Ferreira e Roggia (2013).

Fonte: Grigolli (2016).

Veja também: Danos, manejo e controle: conheça os percevejos da soja

Tendo em vista os consideráveis danos que o percevejo-marrom pode causar a cultura da soja, é fundamental realizar um manejo adequado da praga, visando um controle eficiente. O manejo do percevejo-marrom tem início ainda no período vegetativo da soja, onde práticas como o monitoramento e a identificação das espécies auxiliam na escolha e posicionamento de produtos para o controle químico no período reprodutivo da soja.

Segundo Corrêa-Ferreira & Panizzi (1999), o percevejo-marrom apresenta rápido desenvolvimento e elevada longevidade, o que torna a praga persistente nos cultivos agrícolas e difícil a assertividade do momento de controle em percevejos jovens.

Figura 3. Parâmetros biológicos das principais espécies de percevejos que ocorrem em soja.

Fonte: Corrêa-Ferreira & Panizzi (1999).

Avaliando a eficiência de inseticidas no controle do percevejo-marrom em soja, na safra 2018/2019, Roggia et al. (2019) observaram que independente da região abordada pelo estudo, sejam elas nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia ou Minas Gerais, melhores resultados de eficiência no controle do percevejo-marrom foram observadas quando controlado em estádio de ninfa-grande em comparação ao estádio de adulto.

Os produtos avaliados por Roggia et al. (2019), bem como as doses e ingredientes ativos estão apresentados na figura 4.

Figura 4. Produtos e doses estudados pela Rede de ensaios cooperativos de inseticidas para controle do percevejo-marrom em soja. Safra 2018/2019.

Fonte: Roggia et al. (2019).

Segundo Roggia et al. (2019), quando controlados no estádio de adultos, para as condições do presente estudo e com base nos produtos avaliados, a eficiência de controle do percevejo marrom variou de 63 a 74%, valores inferiores aos obtidos quando o controle ocorreu em estádio de ninfas grandes (66 a 83%).



Figura 5. Eficiência de inseticidas para o controle de adultos do percevejo-marrom em soja, calculada pela fórmula de Abbott (1925).

À direita do nome de cada produto é apresentada a sua dose ha-1. PNR = produtos não registrados. A média (n:11) de cada tratamento é indicada por uma cruz preta, o intervalo de confiança da média (95%) é indicado por uma barra horizontal cinza e a mediana é indicada por uma linha vertical preta.
Fonte: Roggia et al. (2019).

Sendo assim, com base nos aspectos observados e nos resultados obtidos por Roggia et al. (2019) é possível afirmar que a definição do momento de controle do percevejo-marrom é tão importante quando a escolha do produto para controle. Além disso, deve-se atentar para práticas de manejo que possibilitem a redução da densidade populacional da praga, tais como controle de plantas daninhas hospedeiras e rotação de culturas.

Confira o trabalho completo realizado por Roggia et al. (2019) clicando aqui!

Referências:

  CORRÊA-FERREIRA, B. S.; PANIZZI, A. R. PERCEVEJOS DA SOJA E SEU MANEJO. Embrapa, 1999.

FEHR, W.R.; CAVINESS, C.E. STAGES OF SOYBEAN DEVELOPMENT. Ames: Iowa State University, (Special Report, 80), 12p. 1977.

GRIGOLLI, J. F. J. PRAGAS DA SOJA E SEU CONTROLE. Fundação MS, 2016.

PANIZZI, A. R.; BUENO, A. F.; SILVA, F. A. C. SOJA: MANEJO INTEGRADO DE INSETOS E OUTROS 336 ARTRÓPODES-PRAGA. INSETOS QUE ATACAM VAGENS. Embrapa Soja, 2012.

ROGGIA, S. et al.  Eficiência de inseticidas no controle do percevejo-marrom (Euschistus heros) em soja, na safra 2018/2019: resultados sumarizados de ensaios cooperativos. Embrapa, Circular Técnica, n. 154, 2019. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1113935>, acesso em: 09/10/2010.

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