Chicago:

As cotações do trigo, em Chicago, após subirem para níveis importantes no final de maio, quando o primeiro mês bateu em US$ 7,00/bushel, a mais elevada cotação desde a segunda quinzena de julho/23, voltaram a recuar nestes primeiros dias de junho. Com isso, o bushel do cereal fechou a quinta-feira (06) em US$ 6,39, contra US$ 6,81 uma semana antes. Destaca-se que a média de maio ficou em US$ 6,56/bushel, com expressivo aumento de 16,3% sobre a média de abril. Lembrando que a média de maio de 2023 foi de US$ 6,19/bushel. Ou seja, em Chicago, o trigo, atualmente, está com cotações mais elevadas do que às registradas um ano atrás.

Dito isso, a colheita do trigo de inverno iniciou nos EUA, sendo que até o dia 02/06 havia sido colhido 6% da área semeada, contra 3% na média histórica. Por sua vez, do que faltava colher, 18% se apresentavam em condições entre ruins a muito ruins, outros 33% estavam regulares e 49% das lavouras estavam entre boas a excelentes.

Já o trigo de primavera apresentava 94% da área semeada, contra 90% na média histórica. Por outro lado, 78% da área estava com trigo germinado, contra 69% na média histórica.

Em paralelo, na semana encerrada em 30/05, os EUA embarcaram 416.010 toneladas de trigo, ficando dentro do esperado pelo mercado. No total do atual ano comercial, tais exportações já atingem a 18,7 milhões de toneladas, porém, ainda abaixo das mais de 19,8 milhões exportadas no mesmo período do ano anterior.

Enquanto isso, na Rússia houve nova revisão para baixo nas suas estimativas de produção de trigo. Segundo a Sovecon, agora o total previsto é de 80,7 milhões de toneladas, após geadas que atingiram as lavouras locais em maio. Na prática, toda a região do Mar Negro vem sofrendo com problemas climáticos, gerando as recentes altas de preço no mercado mundial do trigo. Já a Ucrânia espera colher 19,1 milhões de toneladas de trigo neste ano. Segundo meteorologistas internacionais, cerca de metade da região do Mar Negro deverá permanecer seca pelos próximos 100 dias, sofrendo com altas temperaturas, e mais perdas nas lavouras podem ser registradas. E para piorar o quadro, existe a possibilidade de greves nos portos da França agora em junho. Estes terminais respondem por 50% das exportações francesas de trigo e cevada, lembrando que a França é o maior exportador de trigo da União Europeia, além de ser o responsável por 18% da produção agrícola total do bloco.

Por sua vez, apesar dos problemas climáticos, o governo australiano informa que a produção de trigo da Austrália deverá ser maior neste ano, atingindo a 29,1 milhões de toneladas do cereal, 12% acima do registrado em 2023/24 e 10% acima da média dos últimos 10 anos.

BRASIL:
E no Brasil, os preços do trigo estabilizaram, com a média gaúcha fechando a semana em R$ 65,63/saco, enquanto no Paraná o produto ficou em R$ 75,00/saco. Nas regiões paranaenses de Curitiba e Ponta Grossa o produto já está na faixa de R$ 1.600,00/tonelada FOB. Isso representa R$ 96,00/saco FOB. Um dos motivos é que o trigo importado subiu de preço, também puxado pela desvalorização do Real nas últimas semanas. Com isso, a tonelada do produto externo chega no Paraná ao redor de US$ 300,00 neste momento. (cf. Grupo Labhoro)

Por sua vez, o Cepea aponta que os preços do trigo, no momento, são os mais altos desde meados de 2023 junto às regiões por ele acompanhadas. Continua havendo dificuldades em se encontrar trigo de qualidade superior, devido a baixa produção passada, além do fato de que existe a expectativa concreta de forte redução na área a ser semeada nesta nova safra brasileira.

Enfim, o Ministério da Agricultura e Pecuária anunciou, neste dia 05/06, os novos preços mínimos para o trigo safra 2024/25. Os valores serão utilizados como referência nas operações ligadas à Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), que visa garantir uma remuneração mínima aos produtores rurais. “Os preços mínimos do trigo em grãos tiveram ajustes para baixo nas três regiões produtoras do país: Sul (- 10,55%), Sudeste (-11,55%) e Centro-Oeste/Bahia (-15,75%), para os três tipos do cereal com base do pH e nas quatro modalidades especificadas (básico, doméstico, pão e melhorador). Os valores ficarão entre R$ 33,49 e R$ 84,63/saco, válidos entre julho deste ano até junho de 2025. Já as sementes de trigo tiveram reajuste negativo, neste caso de 10,55%, caindo para R$ 3,22/quilo.

Segundo o governo, “no último ano os preços no mercado interno diminuíram, o que pode desestimular os próximos plantios. Então, no intuito de incentivar a produção nacional, reduzindo a dependência do país das importações, além de buscar promover a diversificação da produção agrícola brasileira, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, os preços mínimos, apesar de menores em relação à safra 2023/24, foram fixados com base no valor do custo variável médio, calculado pela Conab, acrescido de um incentivo de 10% para a Região Sul, responsável por mais de 80% da produção nacional; 11,3% para a Região Sudeste; e de 17,1% para a Região Centro-Oeste e Bahia”.

No nosso entender, estes preços tendem a ser mais uma ducha de água fria sobre os produtores de cereal, que já indicavam uma redução de área nacional em 11,1%, sendo que o Rio Grande do Sul reduziria sua área em 10,6%, e o Paraná 19,1%.

Afinal, o custo de produção, mesmo recuando um pouco, ainda fica muito elevado. No Paraná, por exemplo, segundo o Deral, o gasto médio total será de R$ 5.900,19/hectare. Ora, ao preço atual de R$ 75,00/saco, o produtor paranaense precisaria colher a média de 78,7 sacos por hectare de trigo para pagar os custos totais de produção. Isso de produto com qualidade superior. Sem dúvida, uma situação que desanima qualquer interesse em plantar o cereal. O problema é que as alternativas de inverno são muito poucas e, também, com baixa remuneração neste momento.

Autor/Fonte: CEEMA UNIJUÍ –  Prof. Dr. Argemiro Luís Brum –  Comentários referentes ao período entre 31/05/2024 e 06/06/202

FONTE

Autor:CEEMA UNIJUÍ

Site: CEEMA UNIJUÍ

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