A colheita avançou de 5% para 11% da área cultivada, proporcionalmente ao encerramento do ciclo fenológico das lavouras. Os cultivos em enchimento de grãos totalizam 41% e em maturação, 39%.

No entanto, na maior parte do Estado, os rendimentos e a maturação seguem desuniformes, refletindo a variabilidade na distribuição das chuvas ao longo do ciclo, a qual afetou a eficiência operacional da colheita e a qualidade final dos grãos colhidos. Na região Centro-Oeste, nas lavouras mais afetadas pela estiagem, a produtividade (cerca de 500 kg/ha), o peso dos grãos e a qualidade estão menores. A ausência de chuvas, nas regiões de menor precipitação em 09/03, continua prejudicando as plantas em floração, em formação de vagens e em enchimento de grãos, e a insuficiência de volumes adequados de precipitações para a cultura preocupa os produtores, pois as perdas podem se agravar ainda mais. Nessas áreas afetadas pelo estresse hídrico, os grãos apresentam tegumento enrugado e coloração esverdeada. Em casos extremos, houve perdas devido à abertura de vagens e debulha e aumento significativo de demandas por cobertura de Proagro.

Nas lavouras afetadas pelo estresse hídrico de janeiro, mas beneficiadas pelas chuvas de fevereiro e início de março, observam-se vagens em diversos estágios, desde a formação inicial até enchimento completo do grão, além de emissão de novas folhas nas plantas.

Já nas áreas que receberam precipitações regulares, as produtividades alcançam em torno de 3.300 kg/ha, mais próximas do potencial das cultivares.

Na maioria das áreas, foram concluídos os tratamentos fitossanitários, com foco em Doenças de Final de Ciclo (DFC), destacando-se a ferrugem-asiática. A incidência da doença nesta safra foi muito inferior à passada, mas as temperaturas amenas e o orvalho persistente durante as manhãs têm proporcionado condições ideais para a infecção e danos às lavouras mais tardias. Nos cultivos de maior potencial, são efetuadas aplicações preventivas com produtos de alto desempenho, priorizando áreas semeadas entre o final de dezembro e janeiro, que necessitam de proteção até abril. Há relatos de excelente eficácia de inseticidas e fungicidas biológicos, reduzindo, em muitos casos, a necessidade de misturas com pesticidas químicos. As temperaturas amenas contribuíram para diminuir a pressão de insetos, especialmente tripes.

A área de cultivo foi reestimada pela Emater/RS-Ascar em 6.729.354 hectares. A produtividade média está em 2.240 kg/ha, em decorrência da estiagem.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a colheita ganhou celeridade, e a produtividade está estimada em 1.679 kg/ha. Na Fronteira Oeste, em Maçambará, 8% foram colhidos, mas as produtividades estão extremamente baixas, variando entre 360 e 480 kg/ha. Em Santa Margarida do Sul, as primeiras produtividades variam entre 480 e 600 kg/ha. Em São Borja, os produtores buscam acionamento do seguro rural devido à quebra da cultura, que está próxima a 55% no município. Há expectativa quanto às lavouras mais tardias, onde os prejuízos foram menores em relação às de semeadura antecipada. Em São Gabriel, observase grande variação de produtividade, desde áreas com rendimentos insuficientes para cobrir os custos de colheita até talhões com produtividades dentro da normalidade. As perdas no município são estimadas em 40%.

Na Campanha, as precipitações na primeira quinzena de março foram insuficientes e resultaram no reaparecimento de sintomas de estresse hídrico, como murcha das plantas nos períodos mais quentes e abortamento de folhas e vagens. As perdas podem se acentuar, especialmente nas lavouras tardias, que ainda estão em transição da fase final de floração para o início da formação de vagens e grãos. Já nas áreas mais adiantadas, o impacto tende a ser menor, mas poderá ocorrer encurtamento do ciclo e redução no peso dos grãos. Do ponto de vista fitossanitário, os cultivos apresentam boas condições, e há baixa incidência de doenças fúngicas e pragas. Em Hulha Negra, as lavouras implantadas no início de novembro encontram-se no final do enchimento de grãos. A produtividade estimada está dentro da média histórica, apesar das perdas no terço inferior das plantas, decorrentes do estresse hídrico de janeiro, que causou intensa queda de flores, vagens e folhas. Contudo, as lavouras se recuperam bem em razão da regularidade das chuvas de fevereiro. Os produtores planejam a aplicação de dessecantes na última semana de março para uniformizar a maturação e mitigar o impacto de plantas daninhas, que podem dificultar a colheita e aumentar os descontos por impurezas na entrega da soja às cerealistas.

Na de Caxias do Sul, ainda há disponibilidade de umidade residual no solo para o desenvolvimento das plantas, apesar da ausência de chuvas nos últimos dias. Em algumas localidades, como Paraí e adjacências, onde as precipitações têm sido escassas desde janeiro, a produtividade média da safra está estimada entre 1.500 e 1.800 kg/ha. Porém, a média regional, que abrange aproximadamente 250 mil hectares, deve permanecer em torno de 3.300 kg/ha, uma vez que os municípios com maior área cultivada foram menos impactados pela estiagem.

Na de Erechim, 75% das lavouras estão em enchimento de grãos e maturação; 25% foram colhidas. A produtividade média está próxima a 2.500 kg/ha, representando redução de 33% em relação à estimativa inicial de 3.600 kg/ha. Os municípios mais impactados pela quebra de safra são: Campinas do Sul (1.400 kg/ha), Floriano Peixoto (1.650 kg/ha), Ponte Preta (1.800 kg/ha), Erval Grande (1.800 kg/ha) e Benjamin Constant do Sul (1.800 kg/ha).

Na de Federico Westphalen, 2% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo; 33% em florescimento e enchimento de grãos; 50% em maturação; e 15% colhidos. As estimativas indicam produtividade média de 2.750 kg/ha.

Na de Ijuí, nas áreas em colheita (7%), há ampla variação nos rendimentos. Na Região Colonial de Ijuí, a produtividade varia entre 480 e 1.700 kg/ha. Na Região Celeiro, os rendimentos são superiores, alcançando até 3.600 kg/ha, dependendo do estágio de maturação e da época de semeadura. Contudo, em municípios próximos ao Rio Uruguai, a escassez de chuvas recentes tem gerado preocupações entre produtores e técnicos, levando à revisão das expectativas de produtividade e a manifestações de alerta por parte das administrações municipais. No Alto Jacuí, estão em colheita os cultivos semeadas no início do zoneamento. A baixa precipitação dos últimos dias tem impactado negativamente as plantas em enchimento de grãos.

Na de Passo Fundo, 60% das lavouras estão em formação de vagens e enchimento de grãos; 15% em maturação fisiológica; e 25% em colheita ou prontos para serem colhidos. A produtividade, inicialmente estimada em 3.670 kg/ha, está em 2.552 kg/ha.

Na de Pelotas, a colheita encontra-se em fase inicial, em apenas 1%, em Arroio Grande, Canguçu, São José do Norte e São Lourenço do Sul. Nas áreas remanescentes, 63% das áreas estão no estágio de enchimento de grãos; 22% em floração; 14% maduros e prontos para colheita. As perdas de produtividade variam entre 20% e 40% em relação à expectativa inicial. Porém, em algumas localidades, as lavouras devem superar as expectativas, atingindo rendimentos de até 3.600 kg/ha. Em relação ao aspecto fitossanitário, continua sendo relatado um intenso ataque de pragas, como tripes e ácaros.

Na de Santa Maria, a produtividade estimada está próxima a 1.800 kg/ha. A colheita avançou na última semana, e entre 10% e 15% das lavouras foram colhidas. À medida que o processo avança, confirmam-se as perdas. Em São Francisco de Assis, a área colhida alcança 30%; em Silveira Martins, 25%; e em Tupanciretã, 12%. A expectativa é de que as lavouras semeadas mais tardiamente apresentem melhor desempenho, ajudando a amenizar os prejuízos. No entanto, a falta de chuvas pode comprometer, ainda mais, os rendimentos médios obtidos até o momento.

Na de Santa Rosa, 3% das áreas estão no estágio vegetativo, 8% em floração, 60% em enchimento de grãos, 27% na maturação, e 2% colhidos. Nas primeiras áreas colhidas, os rendimentos variam de 1.000 a 1.500 kg/ha, e a estimativa de produtividade regional foi reduzida para 1.743 kg/ha. Mesmo com as precipitações em 09/03, o período posteriormente seco aumentou o estresse hídrico, elevando as perdas de produtividade. As lavouras precoces têm as maiores perdas, e o processo de maturação evolui rapidamente. A falta de chuvas regulares compromete o enchimento dos grãos e reduz a qualidade final, resultando em impurezas. O impacto geral é um aumento nas perdas à medida que a colheita avança.

Na de Soledade, a colheita atingiu 10% nos cultivos precoces, com produtividade variável, dependendo dos volumes de chuva recebidos durante o ciclo. Em diversas áreas, os grãos colhidos apresentam aspecto esverdeado, característico de lavouras que foram dessecadas para uniformizar a maturação. As cultivares de ciclo médio, semitardio e tardio seguem em desenvolvimento: algumas em formação de vagens; outras definindo o peso dos grãos. Embora o teor de umidade do solo esteja satisfatório, chuvas adicionais são necessárias para evitar perdas.

Comercialização (saca de 60 quilos)

O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, reduziu 0,30%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 128,44 para R$ 128,00.

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Fonte: Emater/RS 



 

FONTE

Autor:Informativo Conjuntural 1859

Site: EMATER/RS

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