Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

As cotações do trigo subiram durante a semana, com o primeiro mês fechando a quinta-feira (20) em US$ 5,60/bushel, contra US$ 5,44 uma semana antes. O bushel chegou mesmo a US$ 5,66 no dia 18/02.

As notícias procedentes da Austrália, que informam uma safra menor de trigo, somadas a licitações de importação pelo Marrocos e pela Turquia, puxaram para cima as cotações. Ao mesmo tempo a China anunciou a isenção de tarifas para produtos agrícolas estadunidenses, a contar do dia 02/03. Com isso, a alta percentual diária, para o trigo, ocorrida no dia 18/02, foi a maior desde 11 de julho de 2019, com os preços atingindo os melhores níveis em três semanas.

Em paralelo, as vendas líquidas do cereal, por parte dos EUA, na semana encerrada em 06/02, atingiram a 643.100 toneladas. Isso representa um crescimento de 10% sobre a média das últimas quatro semanas. Já para a temporada 2020/21 foram mais 44.000 toneladas. O mercado esperava um total entre 300.000 e 575.000 toneladas somando os dois anos.

Por fim, o mercado entrou na expectativa dos números que poderão vir do Fórum Outlook do USDA, o qual dará a primeira tendência de produção para a safra 2020/21.

Em paralelo, na Argentina o preço FOB oficial fechou a semana em US$ 240,00/tonelada para entrega em fevereiro. Com o atual câmbio, o produto chegaria aos moinhos de São Paulo ao redor de R$ 1.225,00/tonelada e em Curitiba a R$ 1.140,00. Isso significa respectivamente R$ 73,50 e R$ 68,40/saco. Ou seja, para chegar aos níveis de paridade de importação ainda há espaço para o preço do trigo brasileiro subir. (cf. Safras & Mercado)

Nos demais países do Mercosul a tonelada para exportação fechou a semana entre US$ 215,00 e US$ 225,00.



Já no Brasil, os preços do cereal se mantiveram firmes. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 43,76/saco. Para os lotes o preço ficou em R$ 51,00. No Paraná o balcão registrou valor de R$ 50,00, enquanto os lotes ficaram entre R$ 60,00 e R$ 63,00/saco. Em Santa Catarina, o balcão atingiu R$ 46,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, registraram R$ 54,00.

A pouca oferta nacional de trigo e a alta dos preços no âmbito do Mercosul, adicionada à forte desvalorização do Real, permitem esperar que os preços internos brasileiros, para o produto de qualidade, continuem em alta nas próximas semanas. Todavia, nos próximos dois meses, pelo fato da indústria nacional estar abastecida, os preços tendem a uma estabilidade. No geral, muito deste comportamento irá depender do câmbio no Brasil.

O fato é que o Brasil não tem trigo de qualidade em quantidade suficiente para atender a demanda interna até o final do corrente ano comercial. Assim, a importação será a tônica, com um câmbio muito desvalorizado, o que a deixa muito cara. Hoje, as cotações no Paraná estariam entre 6% e 10% acima do verificado em janeiro e 11% acima da mesma época do ano passado. Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, os preços estão ao redor de 2% a 3% superiores à janeiro e nos mesmos níveis do ano passado nesta época. (cf. Safras & Mercado)

Enfim, dados revisados dão conta de que a safra brasileira de trigo, no último inverno, resultou em um total de 5,1 milhões de toneladas, ficando 6% abaixo do registrado no ano anterior. O Rio Grande do Sul registrou 2,2 milhões (+17% sobre o ano anterior) e o Paraná 2,1 milhões (-24%).

O problema é que boa parte deste volume é de produto de qualidade inferior. Por sua vez, junto aos outros três parceiros do Mercosul, as exportações seriam de 12,9 milhões de toneladas, enquanto o Brasil precisará importar 7 milhões neste ano comercial. (cf. Safras & Mercado)


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CEEMA

Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.

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