Para expressar seu potencial produtivo, uma planta precisa de um ambiente favorável ao seu crescimento e desenvolvimento, dispondo de radiação solar, água e nutrientes do solo em quantidades suficientes para suprir a demanda da cultura. O sistema radicular da planta é o principal órgão responsável pela absorção de água e nutrientes da solução do solo, sendo assim, quando maior o volume de raízes da planta, maior o volume de solo explorado e consequentemente maior absorção de água a nutrientes.

A restrição do crescimento do sistema radicular de uma planta pode resultar em redução do potencial de crescimento da parte aérea da planta, estruturas fotossintéticamente ativas e consequentemente menor produção de fotoassimilados e acúmulo de matéria seca nos grãos. Normalmente, os principais fatores responsáveis por limitar o crescimento radicular de uma planta são o impedimento físico e o impedimento químico.

Embora seja comum associar o limitado crescimento do sistema radicular de culturas como a soja ao impedimento físico, mais especificamente a compactação do solo, nem sempre esse é o principal fator responsável pelo baixo crescimento de raízes. Para verificar a real interferência do fator físico do solo (compactação) no crescimento radicular, pode-se utilizar ferramentas que medem a resistência do solo à penetração, havendo níveis pré-estabelecidos pela pesquisa de resistência do solo a penetração que indicam a possível interferência da compactação no crescimento e desenvolvimento de uma cultura. Contudo, cabe destacar que essa característica pode variar de acordo com o solo, condições de manejo e conteúdo de água no solo.


Veja mais: Compactação do solo e sua relação com a produtividade da soja


Em alguns casos, é possível observar o limitado crescimento do sistema radicular de plantas, mesmo em condições físicas adequadas ao crescimento e desenvolvimento de raízes, fato que levanta questionamentos frente a possível causa desse problema. Além do impedimento físico, pode-se dizer que uma das principais causas da restrição do crescimento do sistema radicular de plantas é o impedimento químico, mais especificamente a acidez do solo e a disponibilidade de alumínio tóxico.

Em decorrência ao baixo pH do solo, ocorre o aumento da disponibilidade de alumínio toxico às plantas na solução do solo. O alumínio no solo pode ser absorvido/adsorvido pelas raízes afetando diversos processos biológicos e físicos que, consequentemente irão resultar na inibição do crescimento da raiz, sendo esse, o principal sintoma detectáveis da toxidade de alumínio no solo (Silva, 2018).

O sintoma típico da toxidade de alumínio no solo se assemelha muito ao de solos compactados, sendo possível observar visualmente o limitado crescimento do sistema radicular da planta. Avaliando o efeito do alumínio em raízes de soja, Silva (2018) observou que mesmo em plantas submetidas a curtos períodos de exposição ao alumínio tóxico, é possível observar limitações do crescimento do sistema radicular.

Figura 1. Alterações morfológicas em raízes de dois cultivares de soja P98Y70 e Conquista, após 24, 48 e 72 horas de exposição ao tratamento com Al (100 µM).

Fonte: Silva (2018)

A autora destaca que a inibição do crescimento radicular em plantas sensíveis ao Al pode ocorrer minutos ou horas após a exposição à baixas concentrações desse metal. A redução do crescimento do sistema radicular da soja em resposta a exposição ao alumínio também foi observada por Petrere et al. (2007) para outros genótipos, indicando que essa é uma característica comum da cultura da soja.



Figura 2. Média de crescimento da raiz principal de dois genótipos de soja (AL 72 e 8100) em solução contendo 2,5 mmol.dm -3 de cálcio e diferentes concentrações de alumínio.

Fonte: Petrere et al. (2007)

Pode-se dizer que a presença de alumínio tóxico no solo é determinante para a redução do alongamento da raiz. Uma característica que difere esse fenômeno da restrição do crescimento do sistema radicular imposta pela compactação do solo é a formação e/ou presença de danos estruturais nos ápices radiculares (pontos de crescimento/meristemas) em função da influência do alumínio, fato que pode ser observado por microscopia.

Figura 3. Micromorfologia por Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) de ápices radiculares de dois cultivares de soja, P98Y70 e Conquista, após 24, 48 e 72h de exposição aos tratamentos controle e Al (100µM). Aumento de 250X. Barra 100 µm. Danos estruturais (*). Acúmulo de mucilagem (Seta) (Silva, 2018).

Fonte: Silva (2018)

Do ponto de vista prático, quando se observa o limitado crescimento do sistema radicular e a compactação do solo não é a fonte do problema, recomenda-se a realização da análise química da fertilidade do solo a fim de identificar a presença de alumínio, normalmente, associada ao baixo pH do solo. Além de limitar o crescimento e desenvolvimento do sistema radicular, solos com baixo pH tendem a apresentar uma baixa disponibilidade de nutrientes para as plantas em função da relação da disponibilidade deles como o pH.

Figura 4. Disponibilidade de nutrientes em função do pH do solo.

Embrapa (2013).

Logo, além de impactar diretamente no crescimento do sistema radicular da planta, solos de pH inadequado podem inclusive limitar a produtividade da cultura em função da menor disponibilidade de nutrientes, sendo assim, recomenda-se a análise química da fertilidade do solo para melhor manejo. Contudo, nem sempre realizar um adequado manejo da fertilidade do solo, com eficácia e assertividade é uma tarefa fácil. Com isso em vista, a Equipe Mais Soja, preparou para você um curso exclusivo sobre Adubação, Calagem e Gessagem, onde você irá aumentar a assertividade do seu manejo e potencializar a produtividade da sua lavoura. Não perca essa oportunidade de aprimorar seu conhecimento. Clique aqui e cadastre-se para o lançamento.



Referências:

PETRERE, V. G. et al.  ESTUDOS DE TOXIDEZ DE ALUMÍNIO EM GENÓTIPOS DE SOJA E MILHO CULTIVADOS EM BIOENSAIOS. XXXI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2007. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPATSA/36038/1/OPB1411.pdf >, acesso em: 16/12/2021.

SILVA, C. O. EFEITOS DO ALUMÍNIO EM RAÍZES DE SOJA: ALTERAÇÕES MORFOANATÔMICAS, FISIOLÓGICAS E METABÓLICAS. Universidade Federal de Viçosa, Tese de Doutorado, 2018. Disponível em: < https://www.locus.ufv.br/handle/123456789/21847 >, acesso em: 16/12/2021.

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