Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.

As cotações do trigo em Chicago recuaram nesta semana, fechando a quinta-feira (31) em US$ 5,08/bushel, contra US$ 5,16 uma semana antes.

Este recuo se deu pelo fraco desempenho das exportações de trigo por parte dos EUA. O volume atingido, na semana encerrada em 17/10, ficou em apenas 262.400 toneladas, representando um recuo de 31% sobre a média das quatro semanas anteriores. O mercado esperava um volume entre 200.000 e 600.000 toneladas.

Já as inspeções de exportação somaram, na mesma data, 523.262 toneladas, ficando abaixo do esperado pelo mercado. No acumulado do atual ano comercial, iniciado em 1º de junho, o volume atinge a 10,6 milhões de toneladas, contra 8,6 milhões em igual momento do ano anterior.

O mercado concentrou atenções no desenrolar das negociações entre EUA e China, além das eleições presidenciais na Argentina. Neste último caso, a vitória da oposição peronista traz à tona a possibilidade de se reeditar (na verdade, voltar a aumentar os percentuais de taxação) a política de tarifas sobre as exportações argentinas de trigo (retenciones), fato que tiraria competitividade do produto argentino.

Por outro lado, o plantio de trigo de inverno nos EUA está acima do esperado, tendo atingido a 85% da área até o dia 27/10, contra 82% na média histórica, embora o mercado esperasse 87%.

Já no Mercosul, a tonelada FOB para exportação ficou entre US$ 180,00 e US$ 210,00, enquanto a nova safra argentina permaneceu cotada em US$ 179,00 na compra.

E no Brasil, os preços do trigo continuaram sob pressão baixista diante da colheita que avança no sul do país, apesar das intempéries. A média gaúcha no balcão fechou a última semana de outubro em R$ 38,48/saco (no ano passado, nesta época, o valor era de R$ 39,23/saco). Já os lotes permaneceram em R$ 42,60/saco.

No Paraná, o balcão ficou em R$ 45,00, enquanto os lotes se mantiveram entre R$ 50,00 e R$ 51,00/saco. Em Santa Catarina o balcão continuou em R$ 42,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, estiveram em R$ 46,50/saco.



Apesar das quebras de safra no Paraná (e agora provavelmente um pouco mais no Rio Grande do Sul devido as fortes chuvas, acompanhadas de granizo, ocorridas nesta semana) o mercado ainda está com viés de baixa pela entrada da colheita nova. No Paraná a mesma chegou a 87% da área e no Rio Grande do Sul ao redor de 20%.

Por outro lado, com a revalorização do Real, novamente abaixo de R$ 4,00 por dólar em alguns momentos da semana, as importações ficaram novamente mais competitivas, especialmente as oriundas da Argentina na medida em que o Peso (moeda local) voltou a se desvalorizar (hoje 0,06 centavos de Real compram um Peso argentino ou, dito de outra forma, é preciso 16,67 Pesos para comprar um Real). Além disso, o trigo do Paraguai, que normalmente é importado pelo Paraná, volta igualmente a ficar mais competitivo diante de um dólar abaixo dos R$ 4,00.

Assim, o mês de outubro se encerra com o mercado acompanhando a colheita no sul do Brasil e o real tamanho que a mesma terá, diante das quebras que vêm sendo contabilizadas. Além disso, não se pode esquecer a questão da qualidade do grão, apesar dos avanços tecnológicos desta lavoura.

Outro elemento de atenção é o novo comportamento cambial no Brasil, a partir da Reforma da Previdência. Se o Real permanecer mais valorizado, o quadro das importações tende a mudar, e uma pressão baixista sobre os preços poderá ser mais prolongada. Enfim, não se pode esquecer que há indicações de perdas também nas lavouras tritícolas da Argentina, algo que ainda precisa ser contabilizado.


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CEEMA

Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.

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