Por: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e Jaciele Moreira (2)

Chicago registrou recuo nas cotações da soja nesta semana, com o primeiro mês fechando o dia 18/04 (quinta-feira) em US$ 8,80/bushel, contra US$ 8,95 uma semana antes.

Neste momento atinge com mais força o mercado as dificuldades chinesas quanto a sua produção de suínos, devido à peste suína africana. De fato, a China importou 77.700 toneladas de carne suína dos EUA durante a semana, aumentando o temor de que os efeitos negativos da peste nos planteis chineses sejam importantes. Tal realidade implica em menos consumo de farelo de soja, o que remete a menos importações chinesas de soja. Ora, a China é o maior importador mundial da oleaginosa, comprando mais de 60% do grão mundial. Aliás, no primeiro trimestre de 2019 a China produziu 5,2% menos carne suína, atingindo a 14,6 milhões de toneladas.

Soma-se a isto o fato de que as fracas exportações estadunidenses de soja estão se confirmando, na esteira deste problema sanitário, sem falar na demora para que haja um acordo comercial entre EUA e China.

No que tange ao primeiro ponto, as exportações líquidas estadunidenses de soja, para o ano 2018/19, iniciado em 1º de outubro, ficaram em apenas 270.400 toneladas na semana encerrada em 04/04, representando um recuo de 76% sobre a média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2019/20 o total ficou em 10.000 toneladas. No somatário dos dois anos o volume ficou aquém do esperado pelo mercado. Por sua vez, as inspeções de exportação de soja atingiram a 460.667 toneladas na semana encerrada em 11/04, contra uma expectativa do mercado de 680.000 toneladas. No acumulado do ano comercial, iniciado em 1º de setembro, as inspeções somam 30,6 milhões de toneladas, contra 42,4 milhões em igual período do ano anterior.

As importações da China, especificamente, somaram em março 4,92 milhões de toneladas de soja no mundo todo, representando um recuo de 13% sobre o mesmo mês de 2018. No acumulado do ano os chineses importaram 16,75 milhões de toneladas, com um recuo de 14% sobre igual período do ano anterior.

Quanto ao conflito comercial entre EUA e China, as negociações avançam, porém, de forma lenta. Especula-se, agora, que os dois países estariam preparando uma reunião para a assinatura do acordo final para fins de maio ou início de junho. Tal fato, para omercado da soja, já estaria bastante assimilado, embora no curto prazo uma decisãodeste porte possa ajudar a aumentar temporariamente as cotações em Chicago.

Já nos EUA a Associação Norte-Americana dos Processadores de Óleos Vegetais (NOPA) informou que o esmagamento de soja atingiu a 4,63 milhões de toneladas em março, contra 4,2 milhões em fevereiro, fato que segurou um pouco o recuo das cotações.

Em paralelo, o clima nos EUA continua conspirando contra o plantio de milho, o que aumenta a especulação em torno da possibilidade de um aumento de área a ser substituída em favor da soja. Até o dia 14/04 os produtores estadunidenses haviam plantado 3% da área esperada para o milho, contra 5% na média histórica para esta época. Tal realidade igualmente pressiona para baixo, por enquanto, os preços da oleaginosa.

E no Brasil, mesmo com o câmbio voltando a superar os R$ 3,90 por dólar em alguns momentos da semana, após novas e desastradas declarações do Presidente da República, além de novos impasses no Congresso Nacional em torno do encaminhamento da Reforma da Previdência, os preços novamente recuaram na média. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana em R$ 68,73/saco (no ano passado nesta data a soja valia R$ 76,98/saco neste mercado, ou seja, o produtor gaúcho está perdendo, neste momento, R$ 8,25/saco, sem contar ainda a inflação no período). Por sua vez, os lotes no mercado gaúcho giraram entre R$ 71,60 e R$ 72,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes ficaram entre R$ 63,50/saco em Sorriso (MT) e R$ 76,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 72,00 no centro e norte do Paraná; R$ 68,00 em São Gabriel (MS); R$ 67,00 em Goiatuba (GO); R$ 68,00 em Uruçuí (PI) e R$ 66,00/saco em Pedro Afonso (TO).

Os prêmios nos portos brasileiros melhoraram um pouco, porém, se estabelecendo ainda em níveis muito baixos ao fecharem a semana entre US$ 0,03 e US$ 0,37/bushel. Tal realidade não ajuda na formação do preço nacional da soja. Até o dia 12/04 a colheita no Brasil atingia a 89% da área, contra 85% na médiahistórica, caminhando para o encerramento. No Rio Grande do Sul, a mesma chegava a 69%, contra 57% na média; na Bahia 54%, contra 50% na média; e em Santa Catarina 68%, contra 65% na média. Nos demais principais Estados produtores de soja a mesma estava praticamente concluída. (cf. Safras & Mercado).

Enfim, lembramos que a comercialização da atual safra de soja no Brasil, até o dia
05/04, chegava a 48% contra 56% na média histórica, fato que mostra uma resistência
do produtor em vender aos preços atuais.

Quer saber mais sobre a Ceema/Unijui? Clique na imagem e confira.CEEMA

Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.