Por: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e Jaciele Moreira (2)

As cotações da soja despencaram em Chicago nesta semana, com o bushel, para o primeiro mês cotado, atingindo a US$ 8,59 no dia 25/04, após US$ 8,55 na véspera e US$ 8,80 uma semana antes. A cotação desta semana esteve no nível mais baixo desde o final de outubro passado, ou seja, há cerca de seis meses.

O avanço normal, com um clima positivo, do plantio da nova safra de verão nos EUA, associado a continuidade das indefinições sobre um acordo comercial entre EUA e China, somado ao fato de que o país oriental continua com uma demanda fraca de soja no mercado em geral e nos EUA em particular, foram os pontos centrais que derrubaram as cotações. Junto a isso, os Fundos especulativos se retiraram de algumas posições compradas, vendendo contratos.

A peste suína africana continua a prejudicar o rebanho suinícola chinês, fato que leva a uma redução no consumo de farelo de soja o qual, por sua vez, freia as importações do grão da oleaginosa.



Por outro lado, a América do Sul caminha para a conclusão de sua colheita, com oferta regional maior neste ano em comparação com 2018. Soma-se a isso a especulação de que a área com soja nos EUA, que está sendo semeada neste momento, possa vir a
ser maior do que a intenção de plantio apontou.

Enfim, os preços das principais commodities mundiais, especialmente os do petróleo, recuaram, enquanto o dólar se valorizou no cenário internacional, fato que tira competitividade dos produtos estadunidenses. Estes dois pontos também pressionaram
para baixo Chicago.

Quanto as exportações líquidas de soja estadunidense, as mesmas atingiram a 382.100 toneladas na semana encerrada em 11/04, sendo 46% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2019/20 o volume ficou em 21.100 toneladas.

No somatório dos dois anos, o volume atingiu apenas o nível mínimo esperado pelo mercado. Já as inspeções de exportação atingiram a 382.298 toneladas na semana encerrada em 18/04, acumulando no atual ano comercial, iniciado em 1º de setembro, um total de 31,05 milhões de toneladas, contra 42,8 milhões no mesmo período do ano anterior. Portanto, a demanda pela soja estadunidense continua fraca.

A menor demanda por farelo de soja na China, devido a peste suína, levou a um recuo
de 6,5% no esmagamento de soja neste país. Quanto ao plantio nos EUA, o mesmo apenas começou, sendo que até o dia 21/04 em torno de 1% da área esperada havia sido semeada, contra 2% na média histórica.

No Brasil, os preços se mantiveram baixos, mesmo com o câmbio batendo em R$ 3,99 por dólar mais para o final da semana. De fato, se não fosse o câmbio, os preços internos da oleaginosa estariam muito mais baixos. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 67,87/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 72,00 e R$ 73,50/saco. Caso o câmbio tivesse permanecido ao redor de R$ 3,70 por dólar, neste momento o balcão gaúcho estaria pagando cerca de R$ 61,80/saco em média. Ou seja, graças a uma desvalorização mais importante do Real, neste momento, o produtor gaúcho está obtendo um adicional de R$ 6,07/saco na média desta semana.

Mesmo assim, em comparação com igual período do ano passado, o balcão gaúcho está pagando hoje menos R$ 7,95/saco, sem ainda considerar a inflação do período. Isso porque, além de Chicago estar bastante baixo, os prêmios nos portos brasileiros permanecem muito ruins, tendo oscilado nesta semana entre US$ 0,01 e US$ 0,36/bushel.

Nas demais praças, os lotes oscilaram entre R$ 62,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 76,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 66,00 em São Gabriel (MS); R$
65,50 em Goiatuba (GO); R$ 71,50 no centro e norte do Paraná; R$ 68,00 em Uruçuí (PI) e R$ 66,00/saco em Pedro Afonso (TO).

 Enfim, a colheita da soja no Brasil atingia a 93% da área em 18/04, contra 90% na média histórica para esta época. No Rio Grande do Sul ainda faltavam 21% da área a ser colhida; no Paraná 1%; em Minas Gerais 2%, na Bahia 38%, e em Santa Catarina 17%. A mesma já estava encerrada no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, enquanto no conjunto dos demais Estados não citados faltavam ainda 15% a ser colhido. (cf. Safras & Mercado).

Quer saber mais sobre a Ceema/Unijui? Clique na imagem e confira.CEEMA

Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.