As cotações do milho, em Chicago, se mantiveram praticamente estáveis durante a semana, flertando com os US$ 4,00/bushel na maior parte do tempo, na espera do relatório de oferta e demanda do USDA, o qual foi anunciado neste 10/10. O fechamento deste dia, após o anúncido do relatório, acabou sendo baixista, com o bushel do cereal registrando na quinta-feira US$ 3,80, após US$ 3,88 uma semana antes.O relatório trouxe os seguintes números para a safra 2019/20:

  1. A safra dos EUA foi mantida em 350 milhões de toneladas e os estoques finais daquele país reduzidos para 106,7 milhões, contra 110,4 milhões de toneladas em setembro;
  2. A produção mundial de milho foi mantida em 1,104 bilhão de toneladas, e os estoques finais mundiais reduzidos para 302,6 milhões, após 306,3 milhões de toneladas em setembro;
  3. A produção brasileira e argentina de milho foi mantida em 101 e 50 milhões de toneladas respectivamente;
  4. As exportações brasileiras de milho foram mantidas em 34 milhões de toneladas;
  5. O preço médio do bushel de milho aos produtores estadunidenses ficou, agora, projetado em US$ 3,80.


Por outro lado, o mercado não se mostrou entusiasmado com o programa do governo estadunidense em relação ao etanol, cuja matéria-prima é o milho. Diante de uma colheita importante, o programa não parece ser suficiente para melhorar o consumo interno.

Entretanto, o clima preocupa cada vez mais os operadores na Bolsa. Até o dia 06/10 a área colhida chegava a 15% do total, contra a média de 27%, confirmando os efeitos do atraso no plantio. O mercado esperava pelo menos 19% de área colhida. Para completar o quadro, houve fortes chuvas nas regiões produtoras nos últimos dias, retardando ainda mais a colheita. Enfim, uma frente fria de forte intensidade estaria chegando ao Meio Oeste estadunidense neste final de semana, podendo trazer geadas e até neve. Se isso vier a ocorrer, milho e soja poderão ainda ser prejudicados.

Por sua vez, na Argentina e no Paraguai a tonelada FOB de milho fechou a semana em US$ 153,00 e US$ 120,00 respectivamente. Já no mercado brasileiro, os preços do cereal se mantiveram firmes. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 32,78/saco, enquanto os lotes registraram valores entre R$ 39,00 e R$ 41,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 26,50/saco em Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 42,50/saco em Itanhandu (MG), passando por R$ 41,00 em Videira e Concórdia (SC).

Neste momento, o mercado nacional do milho não está mais balizado pelo câmbio e por Chicago, embora o primeiro seja importante para as exportações. As atenções estão quase que totalmente voltadas para os produtores da safrinha e suas intenções de venda. Com o atraso no plantio da safra de verão, o clima mais seco na regiões produtoras, e as exportações sustentadas, os produtores estão segurando o produto na expectativa de preços ainda maiores. (cf. Safras & Mercado)

Neste sentido, por exemplo, mesmo janeiro/20 na BM&F registrando R$ 41,00/saco, o sentimento é de que tal preço está abaixo dos valores praticados no mercado físico atualmente, mostrando que os operadores na Bolsa não estão precificando, ainda, a possibilidade de menor safra no verão e as exportações recordes deste ano 2019/20, que se encerra em 31/01/2020.

Na prática, não está faltando produto e sim trata-se de estratégia dos produtores da safrinha, especialmente em São Paulo, que seguram seu produto objetivando preços maiores nas próximas semanas. (cf. Safras & Mercado)



Há fortes preocupações quanto a disponibilidade de milho para os primeiros quatro meses do próximo ano, caso o quadro climático não melhore e as exportações permaneçam elevadas. Ou seja, a situação se inverteu totalmente. Semanas antes, a preocupação era de que as exportações não diminuíssem para que não houvesse um forte aumento de estoques de passagem, os quais derrubariam os preços. Agora, a preocupação é que possa faltar produto no início do próximo ano, diante do risco da safra de verão, que já vai ter área menor, sofrer alguma frustração. Assim, o volume exportado em demasia pode ser um problema futuro, especialmente porque o câmbio, acima de R$ 4,00/dólar, continua sendo favorável às vendas externas.

No Paraná, mais precisamente no porto de Paranaguá, já há negócios para a safrinha de 2020 a preços de R$ 40,00/saco, para entrega em julho. E no final da corrente semana o referencial Campinas bateu em R$ 42,00 a R$ 43,00/saco no CIF disponível. Enfim, a melhoria recente das cotações em Chicago ajudou para que tais preços se mantivessem, pelo menos por enquanto. Até o momento, as projeções de colheita para a safra de verão no Centro-Sul brasileiro são de 24 milhões de toneladas, contra 24,8 milhões no ano anterior e 24,6 milhões dois anos antes. Mas este volume pode ser reduzido se o clima não melhorar nos próximos dias em boa parte das regiões produtoras.

Enfim, quanto às exportações, depois do recorde para o mês de agosto, de 7,6 milhões de toneladas, setembro bateu novo recorde para o mês, atingindo a 6,5 milhões. Nos primeiros nove meses do ano (janeiro-setembro) o Brasil já exportou 27 milhões de toneladas, contra 12,7 milhões em igual período do ano passado e 16,7 milhões de toneladas dois anos antes. (Cf. Safras & Mercado) Neste ritmo, o país deverá chegar mesmo ao recorde de 35 milhões de toneladas no final do ano.

Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.

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