As cotações do trigo em Chicago bateram nos US$ 5,00/bushel durante a semana, cotação que não era vista desde meados de julho. Após o anúncio do relatório de oferta e demanda, pelo USDA, nesta quinta-feira (10), as mesmas não se sustentaram e o primeiro mês cotado fechou em queda, atingindo a US$ 4,93/bushel. Mesmo assim, acima dos US$ 4,88 uma semana antes.O relatório trouxe os seguintes números para a safra 2019/20 de trigo:

  1. A safra dos EUA foi mantida quase no mesmo volume de setembro (53,4 milhões de toneladas), enquanto os estoques finais do país foram aumentados para 28,4 milhões de toneladas (o mercado esperava estoques finais em 27,6 milhões de toneladas);
  2. A produção final mundial ficaria em 765,2 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais se estabeleceriam em 287,8 milhões de toneladas, com aumento de 1,3 milhão de toneladas sobre setembro (o mercado esperava estoques mundiais em 285,7 milhões);
  3.  A produção da Argentina foi mantida em 20,5 milhões de toneladas, enquanto a da Austrália foi reduzida para 18 milhões e a do Canadá em 33 milhões de toneladas;
  4. As importações brasileiras de trigo estão projetadas em 7,7 milhões de toneladas, diante de uma produção estimada em 5,3 milhões;
  5. O preço médio do bushel de trigo para os produtores estadunidenses fica em US$ 4,70.

Afora isso, a China teria comprado trigo brando dos EUA em um total de 130.000 toneladas para 2019/20. Seria a maior compra de um país individualmente desde dezembro de 2016 e a primeira compra chinesa de trigo desde março passado. Ao mesmo tempo, as vendas líquidas de trigo estadunidense somaram 328.500 toneladas na semana encerrada em 26/09, acusando um recuo de 12% sobre a média das quatro semanas anteriores. Já as inspeções de exportação, na semana encerrada em 03/10, somaram 385.259 toneladas. Estes números frearam o entusiasmo com as compras por parte da China. Já a colheita do trigo de primavera nos EUA atingia a 91% da área em 06/10, contra 99% na média histórica para esta data. O percentual ficou abaixo do esperado pelo mercado.

Aqui no Mercosul, a tonelada FOB de trigo para exportação ficou entre US$ 180,00 e US$ 210,00, enquanto a safra nova argentina registrou US$ 179,00, ambos na compra. E no Brasil, a média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 39,73/saco, registrando novo recuo. Os lotes, por sua vez, registraram R$ 42,60/saco, também em recuo sobre as semanas anteriores. No Paraná, o balcão se fixou em R$ 45,00/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 50,00 e R$ 51,00/saco. Em Santa Catarina o balcão fechou a semana na média de R$ 42,00, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, ficaram em R$ 46,50/saco.



Na prática, o mercado do trigo nacional está trabalhando para o auge da colheita gaúcha, com preços locais ao redor de R$ 39,00/saco nos lotes, pois espera-se uma colheita normal no Rio Grande do Sul, ao contrário do que vem ocorrendo no Paraná.

Neste sentido, o clima já teria provocado uma quebra ao redor de 500.000 toneladas no Paraná, em relação ao esperado, e a colheita alcançou a 76% da área em meados da corrente semana. O retorno das chuvas naquele Estado pode trazer novas perdas, além de atraso na colheita. Este quadro pode reverter a tendência de recuo nos preços locais, fato que ficará mais claro no final deste mês de outubro, quando a colheita estiver finalizada e a produção gaúcha começar a entrar no mercado de forma mais intensa.

Neste contexto, é preciso ainda contar com o câmbio no Brasil e na Argentina. Por enquanto, o mesmo está encarecendo as compras do vizinho país, especialmente porque, por lá, o preço do trigo subiu um pouco puxado por problemas climáticos sobre as lavouras  ocais (falta de chuvas), o que poderá reduzir a produção projetada de 20,5 milhões de toneladas. Em se confirmando quebra na produção argentina, os preços de  importação subirão ainda mais e tornarão mais caras nossas compras do vizinho país, especialmente se o câmbio permanecer nos atuais níveis. Isto tenderá, mais adiante, a elevar o preço do trigo brasileiro de qualidade superior, revertendo o quadro baixista que está ocorrendo neste momento devido a pressão da colheita.

Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.


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