O manejo eficiente de doenças na soja é crucial para a manutenção do potencial produtivo da cultura e para a obtenção de altas produtividades. Além de reduzir significativamente a produtividade da lavoura, algumas doenças podem depreciar grãos e sementes, comprometendo atributos fisiológicos como germinação e vigor.
Nesse sentido, adotar estratégias de manejo eficientes no controle das doenças na soja é determinante para o sucesso produtivo da lavoura. Dentre as ferramentas mais utilizadas para o manejo fitossanitário da soja em escala comercial, destaca-se o emprego de fungicidas químicos.
Assim como herbicidas e inseticidas, os fungicidas necessitam ser posicionados adequadamente para o sucesso do manejo. Considerando que temperaturas amenas e alta umidade relativa do ar são condições favoráveis ao desenvolvimento da maioria das doenças fúngicas, aplicações preventivas de fungicidas em cenários com essas condições favorecem o controle das doenças na soja.
Nesse contexto, o programa de fungicidas da soja tende a ser mais rigoroso em anos chuvosos. No entanto, algumas doenças específicas, como o oídio (Erysiphe diffusa), têm seu desenvolvimento favorecido por condições contrárias (baixa umidade relativa do ar), tornando necessário o uso de fungicidas mesmo em anos secos (Soares et al., 2023).
Em função da baixa umidade relativa do ar, a pulverização de determinados fungicidas pode resultar em efeitos fitotóxicos na soja, exigindo maior cautela ao planejar e executar pulverizações, especialmente durante o período reprodutivo da cultura.
Ainda que varie em função da molécula e formulação, geralmente os fungicidas pertencentes ao grupo dos triazóis apresentam maior potencial para causar efeitos fitotóxicos na soja em anos secos. Dessa forma, adotar estratégias que minimizem os danos das pulverizações desses fungicidas sem comprometer a eficácia do controle das doenças é essencial para a manutenção do potencial produtivo da cultura.
Além do adequado posicionamento dos fungicidas, práticas voltadas à tecnologia de aplicação, como adequado tamanho de gota e condições relacionadas ao período da aplicação, são essenciais para reduzir os efeitos fitotóxicos na soja sem comprometer o controle eficiente das doenças.
Veja também: Qual tamanho de gota usar na aplicação de defensivos agrícolas?
Uma das principais estratégias empregadas com esse intuito é a aplicação noturna de fungicidas. Aplicações noturnas tendem a reduzir os riscos da ocorrência de fitotoxidade em soja. Normalmente, no período noturno, há uma maior umidade relativa do ar, atrelada a temperaturas mais amenas. O ideal é que para a aplicações de defensivos agrícolas seja realizada com umidade relativa do ar superior a 55% e temperatura inferior a 32°C, contudo, vale destacar que temperaturas abaixo de 15°C diminuem a atividade fisiológica das plantas, reduzindo a absorção de produtos que apresentam instabilidade física ou química, como é o caso dos sistêmicos ou de ação translaminar (Azevedo & Freire, 2006).
Logo, embora necessária, a aplicação de fungicidas, em especial de triazóis em anos secos, requer maior cautela e perícia, sendo essencial portanto, adotar estratégias que reduzam os efeitos fitotóxicos em soja, especialmente se tratando de plantas em ambientes de estresse.
Confira abaixo as dicas do pesquisador Carlos Pizolotto sobre o tema.
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Referências:
AZEVEDO, F. R.; FREIRE, F. C. TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS. Embrapa, Documentos, n. 102, 2006. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/426350/1/Dc102.pdf >, acesso em: 04/04/2025.
SOARES, R. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, 2023. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1158639 >, acesso em: 04/04/2025.