Os prejuízos causados por doenças na cultura da soja podem variar de uma safra para outra, dependendo das condições climáticas e região de cultivo. Algumas doenças podem reduzir significativamente a produtividade, como é o caso da ferrugem-asiática, caso a medida de controle implementada não for eficiente, essa doença pode resultar em perdas de até 90% de produtividade da soja (Godoy et al., 2023).

O manejo de doenças através de fungicidas é uma estratégia indispensável para garantir a obtenção de elevadas produtividades, os fungicidas são responsáveis por controlar e prevenir a propagação de patógenos, contribuindo para a proteção das plantas ao longo do ciclo de cultivo. No entanto, a aplicação em si não é suficiente, é importante realizar essa prática no momento correto, de forma eficiente, para obter melhores resultados.

Denominada como aplicação zero, a aplicação de fungicida no estádio V3-V4 da soja ocorre aproximadamente 25 dias após a emergência da cultura, normalmente junto a “capina” da cultura. Essa prática é adotada como forma de prevenção, uma vez que esse estádio já não conta mais com o efeito residual do tratamento de sementes. Nesse momento, a soja torna-se altamente suscetível ao ataque de patógenos. Vale ressaltar que a aplicação zero não deve ser considerada como uma substituição da primeira aplicação (verdadeira), a qual é realizada no estádio V6/V7, que ainda está distante (o ideal é que a 1a aplicação verdadeira seja realizada com “as ruas” ainda abertas para que o produto atinja as folhas do “baixeiro”). Pelo contrário, a aplicação zero é conhecida como um complemento, que contribui para a defesa da cultura contra possíveis patógenos (Revista Plantio Direto, 2021).

De acordo com Madalosso (2021), a aplicação zero, também é conhecida como primeira falsa, aplicação da capina ou aplicação dos 20/30 dias, e consiste na aplicação de fungicidas simultaneamente com o herbicida glifosato. O atraso na entrada de controle com fungicidas na soja durante o intervalo recomendado, entre os estádios vegetativos V3 e V4, principalmente sob condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de doenças, aumenta a pressão de doenças na cultura.

Conforme destacado por Madalosso (2021), na ausência da necessidade (ou possibilidade) de realizar a aplicação zero, considerar a antecipação da aplicação primeira verdadeira é uma alternativa. Intervalos muito longos entre a aplicação zero e as subsequente podem propiciar o desenvolvimento de inóculos, resultar na perda do efeito residual e no estabelecimento de doenças, resultando na redução da produtividade da cultura.

Confira, a seguir, o vídeo do professor e pesquisador Marcelo Madalosso falando sobre atraso e entrada da aplicação zero na cultura da soja e o impacto na produtividade de grãos da cultura:

O pesquisador destaca que a não intervenção com aplicação de fungicidas na aplicação zero, pode resultar em produtividade semelhante à obtida com aplicações em intervalos muito longos. É importante, portanto, adotar estratégias como a antecipação da aplicação primeira verdadeira, para evitar os impactos negativos do desenvolvimento de patógenos e garantir a manutenção da produtividade ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura.

“Não atrase a aplicação Zero e nem a primeira aplicação. Se está no “time” da 0 = aplique. se já passou o time aplique/antecipe a primeira verdadeira. Se aplicou a 0,  cuide o intervalo até a primeira verdadeira. DESTACA o professor e pesquisador Marcelo Madalosso.” 

É importante optar pela melhor alternativa para o manejo de fungicidas na cultura da soja afim de preservar a produtividade da cultura, algumas opções são realizar a aplicação zero e em seguida realizar a aplicação primeira verdadeira ou antecipar a primeira verdadeira caso haja alguma dificuldade em termos de logística para realizar a aplicação zero. Na maioria dos casos, a antecipação da primeira verdadeira de fungicidas pode proporcionar melhores resultados, em comparação a utilização da aplicação zero sucedida pela primeira verdadeira em um longo intervalo de tempo entre ambas. Logo, recomenda-se, que o intervalo entre aplicação zero e a primeira verdadeira seja em torno de 10 a 12 dias. Não ampliar este intervalo é um fator chave no manejo.

Porque o termo aplicação Zero? E quando não fazer? Confira…

 

No entanto, com a adoção da aplicação zero, é fundamental atentar para os fungicidas escolhidos, quando essa aplicação for simultânea a aplicação de herbicidas na capina, visando reduzir os efeitos fitotóxicos em soja. A mistura entre alguns fungicidas e o glifosato, podem acentuar danos de fitotoxicidade em soja, sendo assim, é essencial atentar para os produtos que irão compor a calda de pulverização.

Confira, a seguir, outro vídeo onde o professor e pesquisador Marcelo Madalosso aborda o tema atraso e entrada da aplicação zero na cultura da soja.


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Referências:

GODOY, C. V. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2022/2023: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, circular técnica, 195. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1154837/1/Circ-Tec-195.pdf >, acesso em: 26/12/2023.

MADALOSSO, M. G. QUAL INTERVALO DA APLICAÇÃO ZERO PARA A 1°? ANTECIPO OU AUMENTO? Madalosso Pesquisas, 2021. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=lNiCFeYsb-U >, acesso em: 26/12/2023.

REVISTA PLANTIO DIRETO. APLICAÇÃO ZERO: O QUE É, QUAIS OS BENEFÍCIOS E QUAIS OS PRODUTOS RECOMENDADOS? Revista Plantio Direto & Tecnologia Agrícola, 2021. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/artigos/9 >, acesso em: 26/12/2023.

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