O clima com noites úmidas e temperaturas acima do normal exige atenção com as doenças fúngicas no trigo. O acompanhamento das lavouras até o final da maturação dos grãos é fundamental para fazer o manejo de doenças como ferrugem da folha e giberela.

Ferrugem da Folha do Trigo

O fungo Puccinia triticina, causador da ferrugem da folha do trigo, pode atacar as partes verdes das plantas desde a emergência até a fase final da maturação dos grãos. O nome se deve ao aspecto visual de enferrujado, principalmente nas folhas, pelo aparecimento de pústulas alaranjadas. Os danos podem ser superiores a 60% em cultivares suscetíveis.

O inóculo (esporos do fungo) da ferrugem está presente nas lavouras de trigo todos os anos, já que o fungo sobrevive em plantas voluntárias e os esporos podem ser transportados pelo vento, trazendo a doença de diversas regiões produtoras de trigo na América do Sul. Contudo, a ferrugem da folha passa a ser problema quando as condições climáticas estão favoráveis à reprodução do fungo.

O clima ideal para o fungo é de 20°C com 3h de molhamento contínuo nas folhas. Porém, a doença pode se desenvolver rapidamente mesmo sob temperaturas entre 10°C e 30°C. A alta umidade relativa do ar também favorece a doença, especialmente se houver a formação de orvalho, pois os esporos do fungo precisam de um filme de água livre sobre as folhas para germinar e invadir os tecidos foliares.

O relato de epidemias no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina são mais frequentes entre os meses de agosto e setembro. Neste ano, o quadro climático do inverno (ago2020), com temperaturas mais altas, intercaladas com períodos curtos de frio, mostram um cenário insuficiente para controle natural dos inóculos no campo.

Controle

A melhor forma de controle é o uso de cultivares resistentes, com característica de resistência de planta adulta (RPA). De acordo com Cheila Sbalcheiro, fitopalogista da Embrapa Trigo, já foram identificadas mais de 60 raças do fungo causador da ferrugem da folha do trigo, mas uma cultivar pode ser resistente à maioria das raças e suscetível a apenas uma delas que, em condições favoráveis, ocorrerá a doença: “Mesmo que haja infecção, o progresso da doença será lento em cultivares com resistência de planta adulta. A área fotossintetizante é pouco afetada e o gasto energético com a defesa contra o patógeno é reduzido; assim as plantas não têm seu potencial de rendimento muito prejudicado”, explica Cheila.

De forma geral, o uso de fungicidas é eficiente para o controle químico da ferrugem da folha, desde que utilizado na dose recomendada pelo fabricante do produto. A recomendação é utilizar a combinação de estrobilurinas e triazóis quando a intensidade da doença atingir o limiar de dano econômico (LDE), conforme orientado na publicação Informações Técnicas para Trigo e Triticale – Safra 2020. 

O número de aplicações ocorrerá em função da suscetibilidade da cultivar e das condições climáticas favoráveis à ocorrência e progresso da doença na safra. O intervalo para reaplicação dos fungicidas deve respeitar o período de persistência dos ingredientes ativos utilizados, observando-se o período máximo de proteção para manter a incidência das doenças abaixo do LDE. A última aplicação de fungicidas não deve ultrapassar o estágio fenológico de grão leitoso, já que a probabilidade de retorno financeiro com aplicação após esse estágio é muito baixa.

Saiba mais sobre a ferrugem da folha do trigo assistindo o vídeo abaixo.

Giberela

A giberela é outra doença que exige atenção no trigo a partir de agora, do espigamento até o enchimento de grãos. Causada pelo fungo Gibberella zeae, a doença pode ocasionar tanto danos no rendimento quanto na qualidade dos grãos, uma vez que quando a espiga é afetada nos primeiros estágios o grão não é formado, e a maioria dos que se formam são perdidos no processo de colheita. Na alimentação, os grãos com giberela podem estar contaminados com micotoxinas, que comprometem a saúde humana e causam complicações digestivas nos animais.

Para minimizar os danos com giberela, a pesquisadora da Embrapa Trigo, Maria Imaculada Pontes Moreira Lima recomenda acompanhar diariamente as previsões climáticas: “A ocorrência de giberela depende de precipitações pluviais elevadas, ou seja, dias consecutivos de chuva. A temperatura entre 20  e  25ºC, típica de primavera, é uma porta aberta para a doença”, alerta a pesquisadora, lembrando que o controle com o uso de  fungicidas não tem eficiência por completo, resolvendo em 50 a 70% no combate ao fungo. “Se chover logo após a aplicação, a chuva lava o defensivo e deixa o trigo desprotegido novamente”, diz Imaculada.

A recomendação da pesquisa é aplicar fungicida somente quando houver ambiente favorável à infecção (veja o sistema de previsão de risco do SISALERT). Nesse sentido, a aplicação deve ser feita antes da ocorrência de chuvas previstas, assim quando ocorrer a chuva, as espigas já devem estar protegidas. O período de proteção com os fungicidas (combinação de triazóis e estrubirulinas) está estimado em, no máximo, 15 dias, quando, em caso de nova previsão de chuvas, é necessária uma segunda aplicação.

Fonte: Embrapa

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