O presente trabalho teve por objetivo avaliar o crescimento inicial de plantas melhoradoras do solo implantadas num Neossolo Regolítico reconstruído, com a presença de uma camada compactada
Autores: Thaynan Hentz de Lima1; Julio César Wincher Soares2; Lucas Nascimento Brum1; Daniel Nunes Krum1; Jessica Santi Boff1; Adriana Pilar da Silva1; Matheus Ribeiro Gorski1
INTRODUÇÃO
No manejo da lavoura, quando observado o processo de compactação, deve-se empregar um sistema de manejo que consiga romper a camada compactada, mobilizando o mínimo possível a camada arável e mantendo o máximo de palha sobre o solo, essa interferência normalmente é executada por meio de escarificadores ou subsoladores, providos de discos de corte à frente das hastes, evitando com que a palha seja incorporada ao solo (Carvalho Filho et al., 2007). Existe também, a descompactação biológica, que segundo Camargo & Alleoni (1997), promove um rompimento mais homogêneo da camada compactada, em contraponto ao uso do escarificador e do subsoladores.
Dentre as plantas melhoradoras do solo, está a Crotalaria juncea, uma leguminosa subarbustiva, originária da Índia e Ásia tropical, de porte alto (2 a 3 m). Outra espécie melhoradora do solo é a Brachiaria brizantha, que é uma gramínea originaria da África do Sul, introduzida no Brasil pela Embrapa, em meados de 1970.
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o crescimento inicial de plantas melhoradoras do solo implantadas num Neossolo Regolítico reconstruído, com a presença de uma camada compactada.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado numa casa de vegetação da Fazenda Escola da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, URI campus Santiago.
O solo do local foi reconstruído, classificado anteriormente como Neossolo Regolítico Distrófico (EMBRAPA, 2013). A área da casa de vegetação foi dividida em unidades amostrais (3 m2), com a presença ou não de uma camada compactada. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado (DIC), com quatro parcelas por tratamento. Foram utilizados quatro tratamentos: Brachiaria brizantha sob solo compactado (10 a 16 cm) (densidade do solo de 1,55 g cm-3, Reinert, 2001), Brachiaria brizantha sob solo com estrutura preservada, Crotalaria juncea sob solo compactado (10 a 16 cm) (densidade do solo de 1,55 g cm-3, Reinert, 2001) e Crotalaria juncea sob solo com estrutura preservada.
A semeadura foi realizada no dia 31 de janeiro de 2018, de forma manual, à lanço, cada unidade amostral contou com 2,12 m². A densidade de semeadura para a Brachiaria brizantha foi de 20 kg ha-1 e para a Crotalaria juncea de 30 kg ha-1. O experimento foi avaliado em 29 de maio de 2018.
Foi efetuada a coleta de duas amostras em cada unidade, coletando-se as plantas correspondentes a 1,00 m², seguindo o método do quadrado de madeira. Em laboratório, as amostras foram colocadas numa estufa a 65º C por 72 horas, ou até atingir a massa constante para a determinação da massa seca em kg ha-1. Já o desenvolvimento radicular foi mensurado em mini trincheiras.
Os resultados das variáveis foram submetidos primeiramente, ao teste de teste Shapiro-Wilk, com p < 0,05. Após a observação da normalidade dos dados, procedeu-se com a análise de variância univariada (ANOVA) (p < 0,05) e observada a diferença entre os grupos (grupos), procedeu-se com o teste de comparação de médias de Duncan.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados referentes a análise de variância (ANOVA) das variáveis biométricas revelaram que existem diferenças entre os tratamentos.
Conforme a tabela 1, os valores encontrados para a produção de matéria seca indicam que a Crotalaria juncea em solo compactado, produziu 13,7 ton ha-1, seguida por Brachiaria brizantha sob solo compactado e Crotalaria juncea sob solo com estrutura preservada, com valores de 10,59 e 9,25 ton ha-1, respectivamente. Por fim, a Brachiaria brizantha em solo com estrutura preservada atingiu a produção de 8,49 ton ha-1.
O melhor desempenho da Crotalaria juncea na produção de biomassa, em condição de compactação, também foi observado por Pacheco et al. (2015). Esta espécie caracterizou-se como de porte mais alto, uma vez que a parte aérea apresentou caules mais longos e pesados, com elevado potencial em emitir ramificações os resultados sugerem que crotalárias possuem melhor desenvolvimento da parte vegetativa e radicular, quando submetidas a um leve adensamento do solo, conforme Silva et al. (2006).
O crescimento radicular inicial de plantas melhoradoras do solo não transcendeu a camada compactada, localizada entre 10 e 16 cm de profundidade, tendo em vista que, as raízes de Brachiaria brizantha sob solo compactado e de Crotalaria juncea sob solo compactado se desenvolveram até 11,25 e 12,50 cm, respectivamente (TABELA 1). Conforme Silva et al. (1992) e Rosolem et al. (1994), em experimentos de curta duração as raízes têm dificuldade em penetrar verticalmente em camadas de solo compactadas.
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Analisando o teste de comparação de média, pode-se inferir que as espécies melhoradoras do solo durante o seu desenvolvimento inicial não alteraram a densidade do solo na camada compactada. Tendo em vista que, existem dois grupos em relação aos valores de densidade, o grupo com estrutura preservada e o grupo sob solo compactado (TABELA 1).
Tabela 1 – Avaliação das variáveis biométricas e pedométrica de tratamentos submetidos a diferentes plantas melhoradoras do solo.
Fonseca et al. (2007), afirma que valores críticos de densidade do solo estão inteiramente ligados a restrição do crescimento e desenvolvimento do sistema radicular, também alteram nível de infiltração e transporte de água. Corsini & Ferraudo, (1999), afirmam que valores entre 1,27 e 1,57 g cm-3 são restritivos ao crescimento radicular (TABELA 1).
CONCLUSÃO
A espécie Crotalaria juncea sob solo compactado apresentou a maior produção de biomassa. As raízes das espécie avaliadas não transcenderam a camada compactada, após 120 dias de semeadura.
REFERÊNCIAS
CARVALHO FILHO, A. et al. Métodos de preparo do solo: alterações na rugosidade do solo. Engenharia Agrícola, v. 27, n. 1, p. 229-237, 2007.
CAMARGO, O. A.; ALEONI, L. R. F. Compactação do solo e o desenvolvimento das plantas. Piracicaba: ESALQ, 1997. 94 p.
COSTA, N. R. et al. Acúmulo de nutrientes e decomposição da palhada de braquiárias em função do manejo de corte e produção do milho em sucessão. Rev. Bras. Ciênc. Solo, v. 9, p.166-73, 2014.
CORSINI, P. C.; FERRAUDO, A. S. Efeitos de sistemas de cultivo na densidade e macroporosidade do solo e no desenvolvimento radicular do milho em Latossolo Roxo. Pesq. agropec. Bras., v. 34, n. 2, p. 289-298, 1999.
CRUSCIOL, C. A. C. Persistência de palhada e liberação de nutrientes do nabo forrageiro no plantio direto. Pesq. agropec. Bras., v. 40, p. 161-168, 2005.
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FONSECA, G. C. et al. Atributos físicos, químicos e biológicos de latossolo vermelho distrófico de cerrado sob duas rotações de cultura. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiás, v. 37, n. 1, p. 22-30. 2007.
FERREIRA, D. F. Sisvar: um programa para análises e ensino de estatística. Revista Científica Symposium, v. 6, p. 36-41, 2008.
PACHECO, L. P. et al. Influência da densidade do solo em atributos da parte aérea e sistema radicular de crotalária. Pesqui. Agropecu. Trop., v. 45, n.4, p. 464-472, 2015.
REINERT, D. J. et al. Propriedades físicas de solos em sistema de plantio direto irrigado. In: CARLESSO, R. et al. Irrigação por aspersão no Rio Grande do Sul. Santa Maria: UFSM, 2001, 165p.
ROSOLEM, C.A. et al. Sistema radicular e nutrição da soja em função da compactação do solo. Bragantia, v. 53, p. 259-266, 1994.
SILVA, G. J.; MAIA, J. C. S.; BIANCHINI, A. Crescimento da parte aérea de plantas cultivadas em vaso, submetidas à irrigação subsuperficial e a diferentes graus de compactação de um Latossolo Vermelho-Escuro distrófico. Rev. Bras. Ciênc. Solo, v. 30, n. 1, p. 31-40, 2006.
SILVA, G.P. et al. Respostas de espécies de gramíneas forrageiras a camadas compactadas de solo. R. Ceres, v. 39, p. 31-43, 1992.
Informações dos autores:
1 acadêmico (a) do Curso de Agronomia, Universidade Regional Integrada (URI) Campus Santiago, Santiago/RS;
² Professor Dr. do Curso de Agronomia, Universidade Regional Integrada (URI) Campus Santiago; Santiago/RS.
Disponível em: Anais do I Congresso Online para aumento da produtividade de soja 2018. Santa Maria, RS.