As pesquisas sobre as lavouras de trigo da T&F Consultoria abrangem todos os cantos do RS e do PR, que respondem por mais de 90% da produção nacional, através de técnicos de agronomia que visitam todas as propriedades e nos fazem relatos detalhados. E recebemos
informações de outros técnicos nos demais estados. A última novidade, por exemplo, é o plantio de lavouras de trigo em SERGIPE, que está começando, impulsionado por um engenheiro agrônomo idealista, que nos últimos anos tem se dedicado ao desenvolvimento do milho no estado e agora está começando também a desenvolver lavouras de trigo.
Como mostra nosso primeiro levantamento da safra 2020/21 de trigo no Brasil, o país tem um potencial produtivo que vai de 6,68 milhões de toneladas até 7,34 MT, dependendo do clima, é claro. Se ele não for favorável, como no ano passado, por exemplo, poderá ser até menos do que o menor número citado acima.
Enquanto não se desenvolver mais no Centro-Oeste, o plantio de trigo no Brasil continua sendo uma loteria. Mas, pelas previsões climáticas projetadas até agora para os próximos meses, tudo deverá correr bem neste ano.
Consequências deste aumento do potencial produtivo
As conseqüências deste aumento do potencial produtivo são as seguintes:
- a) Mesmo considerando um aumento da demanda de trigo de 12,52 MT, segundo a Conab, para 13,0 milhões de toneladas para a próxima temporada, na esteira do legado da pandemia que aumentou consideravelmente a demanda de farinhas, as importações brasileiras de trigo cairiam das atuais 7,3 milhões de toneladas para a faixa entre 6,32 MT e 5,66 MT, respeitando a faixa entre o potencial produtivo mínimo e máximo apresentado acima;
- b) Preços da matéria-prima cairiam abaixo das atuais pretensões do mercado de R$ 1.100,00 para setembro, R$ 1.000 para outubro, ficando inalteradas ao redor de R$ 900,00 para novembro e dezembro, reiniciando leve subida a partir de janeiro, mas sem atingir os picos da safra passada.
Mesmo assim, o trigo seria lucrativo para o agricultor em algo como 2,5% na pior das hipóteses, mais os ganhos agronômicos de aproximadamente 400 kg/hectare de aumento na produtividade da soja, ou algo como R$ 700,00/hectare, a preços de hoje. Tudo sujeito a um bom desempenho do clima, claro, porque ele tem o poder de estragar tudo.
Um detalhe importante é o seguinte: dadas as características dos portos brasileiros, que podem receber navios de 60.000 toneladas, contra o máximo de 25.000 toneladas dos portos argentinos e uruguaios, por exemplo, o preço internacional do trigo-ração é apenas pouca coisa menor do que preço do trigo-pão, porque há um bônus pelo maior e mais rápido carregamento e entrega da mercadoria no mercado internacional.
Fonte: T&F Agroeconômica