A partir do ano que vem, pela primeira vez, uma pesquisadora brasileira vai ocupar uma cadeira no Painel Consultivo Internacional (IAP, sigla em Inglês), na gestão do Banco Global de Sementes de Svalbard, na cidade de Longyearbyen, na Noruega. Rosa Lia Barbieri (na foto) da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF), assumirá a representação por dois anos, período em que a Embrapa será a única instituição de pesquisa da América Latina presente no Painel.
Rosa Lia é pesquisadora da Embrapa desde 2002 e atualmente atua como supervisora na Coordenação Técnica no Sistema de Curadorias de Germoplasma. Ela tem um forte trabalho no resgate de sementes de culturas tradicionais e recentemente trabalha, entre outros projetos, com a Rota dos Butiazais – espaço de integração que une Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai promovendo a conservação ambiental e o uso sustentável da biodiversidade associada aos butiazais (conjunto de palmeias dessa região da América do Sul).
O nome dela foi indicado pelo pesquisador Arthur da Silva Mariante e aprovado pelo IAP, que enviou o convite para Rosa Lia estar à frente das atividades do Painel no período de 2020 a 2022. De 2017 até este mês o representante do País no Painel foi o pesquisador Mariante – atualmente aposentado da Embrapa.
Rosa Lia assumirá a representação brasileira no dia 25 de fevereiro do próximo ano, durante uma cerimônia em Svalbard, sendo parte desse evento realizado com a participação da primeira-ministra norueguesa Erna Solberg. Ela vai levar para depósito no Banco Global variedades de sementes de pimenta, cebola, abóbora, milho crioulo e arroz.
Além da pesquisadora, os convidados também vão fazer depósitos de materiais genéticos de seus bancos de genes e o mesmo ocorrerá com os convidados internacionais do governo da Noruega. Conforme já anunciou a diretora-executiva do Nordgen, Lise Lykke Steffensen, haverá um grande depósito de sementes, onde cerca de 30 bancos de genes levarão sementes a Svalbard.
A contribuição brasileira
Em 2017 a Embrapa levou para depósito no Banco Global 514 acessos de feijão (2014), 264 acessos de milho e 541 acessos de arroz (2012). A escolha dessas culturas atende a uma das recomendações do Banco por conta da importância das mesmas à segurança alimentar e agricultura sustentável.
Além disso, trata-se de culturas que, mesmo não sendo originárias do Brasil, são cultivadas no País há séculos, reunindo características de rusticidade e adaptabilidade às condições nacionais. A conservação das espécies vegetais de importância alimentar é uma preocupação da Embrapa desde sua criação, em 1973.
A Empresa tem hoje o maior banco genético vegetal do Brasil e da América Latina, com mais de 120 mil amostras de sementes de cerca de 670 espécies agrícolas de importância socioeconômica conservadas a 20ºC abaixo de zero na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
Um cofre da humanidade
Um imenso cofre, no meio do gelo. Assim é o Banco de Sementes inaugurado na distante ilha de Svalbard, entre a Noruega e o Polo Norte, também conhecido como a “Arca de Noé”. Naquele pedaço do mundo estão armazenadas espécies de sementes das principais culturas de alimentos do planeta. O banco já tem mais de um milhão de grãos. Inaugurado em 2008, o objetivo desse banco é salvaguardar a biodiversidade das espécies de vários cultivos, evitando assim a extinção.
Segurança no Polo Norte
O banco Global de Sementes é um local extremamente seguro para o armazenamento das amostras da Embrapa, pois o prédio, inaugurado no começo dos anos 2000 apresenta uma das estruturas mais seguras do mundo termos físicos e ambientais.
Situado em dentro de uma montanha em Longyearbyen, foi construído para resistir a catástrofes climáticas (enchentes, terremotos, aquecimento gradual, etc.) e até mesmo a uma explosão nuclear. O local tem capacidade para 4,5 milhões de amostras de sementes. O conjunto arquitetônico conta com três câmaras de segurança máxima situadas ao final de um túnel de 125 metros dentro de uma montanha em uma pequena ilha do arquipélago de Svalbard, situado no paralelo 780 N, próximo do Polo Norte.
Fonte: Embrapa