Embora normalmente o programa fitossanitário do trigo, relacionado ao controle de doenças, seja voltado principalmente ao controle de manchas foliares e da giberela, sob condições adequadas de temperatura e umidade, a brusone pode se tornar uma problemática doença no trigo.
A brusone é favorecida por chuvas frequentes e temperaturas variando entre 24°C a 28°C (Lau et al., 2020). A temperatura média de 25°C é ideal para o desenvolvimento do patógeno (Pyricularia oryzae), e a ocorrência de chuvas ou irrigação durante a partir do período do emborrachamento favorecem a doença (Santana et al., 2012).
Sintomas
Os sintomas da brusone podem surgir nas folhas, colmos ou espigas do trigo, sendo o dano nas espigas o sintoma mais conhecido. Ainda que pouco comuns antes do início do espigamento, os sintomas nas folhas caracterizam-se pela presença de lesões elípticas, de cor branca a marrom-clara, com bordas variando de cinza escuro a marrom avermelhado (Lau et al., 2020).
Figura 1. Sintomas de brusone em folhas de trigo.
De acordo com Lau et al. (2020) a infecção das espigas pode deixá-las brancas a partir do ponto de infecção do patógeno na ráquis (Figura 2-A). A infecção nas ráquis interrompe a translocação de fotossintatos para as partes superiores da espiga (Figura 2-B), o que determina que os grãos sejam pequenos, enrugados, deformados e com baixo peso hectolítrico (PH).
Figura 2. Sintomas de brusone. A) Espigas brancas em lavouras de trigo causadas por brusone. B) Detalhe do ponto de infecção do fungo com obstrução da passagem de seiva e branqueamento das espigas a partir desse ponto.
A severidade dos sintomas pode variar de acordo com a suscetibilidade da cultivar, além disso, infecções em glumas podem causar o clareamento parcial ou total das mesmas. Sob condições favoráveis, pode haver a esporulação do fungo no sítio de infecção (Lau et al., 2020).
Figura 3. Esporulação acinzentada de Pyricularia oryzae em espiga de trigo.
Controle da brusone
Conforme orientações de manejo, o controle químico é indispensável para o manejo e controle da brusone em trigo, devendo-se atuar preferencialmente de forma preventiva. De acordo com Almeida (2024), Dentre os fungicidas para o controle da brusone em trigo, resultados de estudos realizados em rede de ensaios demonstram que, formulações contendo mancozebe (mancozebe, mancozebe + azoxistrobina, mancozebe + tiofanato-metílico) são mais eficientes. Os dados das redes são obtidos em ensaios com três aplicações em intervalos de 7 a 10 dias.
O momento de aplicação é o início do espigamento (25% de exposição das espigas). Contudo, o nível de controle é inversamente proporcional à pressão de doença. Em anos/locais com alta pressão de doença a perda por brusone pode ser de 100% no rendimento de grãos. Havendo condições meteorológicas predisponentes ao desenvolvimento de brusone (molhamento foliar superior a 10h e temperatura do ar próxima a 25 ºC), avaliar a necessidade de reaplicações (Almeida, 2024).
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Referências:
ALMEIDA, J. L. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: SAFRAS 2024 & 2025. Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, 2024. Disponível em: < https://static.conferenceplay.com.br/conteudo/arquivo/infotecnitrigotriticalesafras20242025livrodigitalfinal-1721832775.pdf >, acesso em: 11/09/2024.
LAU, D. et al. PRINCIPAIS DOENÇAS DO TRIGO NO SUL DO BRASIL: DIAGNÓSTICO E MANEJO. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 375, 2020. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1129989/principais-doencas-do-trigo-no-sul-do-brasil-diagnostico-e-manejo >, acesso em: 11/09/2024.
SANTANA, F. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 108, 2012. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/990828 >, acesso em: 11/09/2024.
Foto de capa: Flávio Santana