A matocompetição imposta por plantas daninhas, pode reduzir significativamente a produtividade de culturas agrícolas, causando perdas quantitativas e qualitativas na produtividade.
Várias espécies, inclusive algumas com resistência conhecida a herbicidas, são comumente observadas em áreas agrícolas. Uma dessas espécies é o capim-amargoso (Digitaria insularis), cujos danos em competição com a soja, podem resultar em perdas de produtividade para a cultura, de até 21% sob infestações de uma planta de capim-amargoso por m², podendo atingir 59% em populações de 8 planta m2 (Supra Pesquisas).
No sistema produtivo soja/milho safrinha, as condições ambientais e de manejo podem potencializar a incidência do capim-amargoso, resultando em cenários complexos frente ao controle eficiente dessa espécie, principalmente quando observados casos de resistência a herbicidas.
Além disso, como característica do capim-amargoso, a formação de touceiras e sua capacidade de rebrote, dificultam seu controle. A formação de touceiras ou emissão de parte aérea a partir dos rizomas, ocorre cerca de 40 dias após a germinação das sementes.
Do ponto de vista técnico, em áreas infestadas, onde há sobras da planta daninha, o ideal seria realizar o controle do capim-amargoso, após a colheita da soja, no momento de rebrote, antes da semeadura do milho safrinha. A incidência dessa planta daninha em meio a cultura do milho, dificulta seu controle químico, podendo resultar em um controle ineficiente.
No entanto, é comum observar nas regiões de cultivo de milho safrinha, a semeadura do milho sobre plantas remanescentes (cortadas) de capim-amargoso, as quais irão rebrotar durante o desenvolvimento do milho. Além disso, durante a colheita do milho, as condições de umidade são relativamente baixas, atrelado a isso, nesse cenário, as plantas estão entouceiradas e perenizadas na área, dificultando o controle em pré-semeadura da soja.
Visando um manejo eficiente de plantas daninhas com o foco em capim-amargoso e capim-pé-de-galinha, o Mais Soja lançou, com o apoio da IHARA, o Missão Mato Zero, um programa que conta com uma série de vídeos com alguns dos mais renomados pesquisadores do país, podcasts e textos técnicos, com o objetivo de trazer a informação e auxiliar no manejo de plantas daninhas. No primeiro vídeo da série o Dr. Mauro Rizzardi da UPF/UPHerb, aborda o tema do manejo e controle de capim amargoso em pré semeadura da soja, confira:
O primeiro ponto a se considerar, conforme destacado por Mauro Rizzardi, é eliminar as touceiras do capim-amargoso na pré-semeadura da soja, e para ter um bom controle, o ideal seria cortá-las, esperar rebrotar e fazer aplicação de herbicida, no entanto, sabe-se que do ponto de vista operacional, isso nem sempre é possível. Atualmente, o que se tem feito é dessecações sequenciais, utilizando herbicidas que contribuem para reduzir o processo de perenização das touceiras, bem com a sua perenização.
Dificultando ainda mais o controle dessa espécie, a ocorrência de casos de resistência do capim-amargoso ao glifosato, graminicidas como cletodim e haloxifop, tem sido observada em diversas regiões de cultivo. Rizzardi destaca que o herbicida é uma das principais ferramentas de manejo, no entanto, é importante evitar a propagação dessas plantas através de práticas culturais, como o uso de plantas de cobertura, limpeza de máquinas, além de compreender como funciona o banco de sementes.
As alternativas para dessecação do capim-amargoso são basicamente EPSP’s (Glifosato), ACCase (graminicidas fop e dim) e as associações de herbicidas como o glufosinato de amônio e tiafenacil. No controle em pré-emergência, tem-se os ácidos graxos de cadeia longa (s-metolachlor, piroxisulfona), inibidores do microtúbulo (trifluralina) e os ALS (imazetapir, diclosulam). Em pós emergência, o controle de plantas pequenas em soja tolerante a glufosinato, pode ser realizado através do uso de glufosinato de amônio e os herbicidas graminicidas (fop e dim), além do próprio glifosato.
Comprometida com o manejo eficiente de plantas daninhas, a IHARA apoiadora dessa série de conteúdos, traz algumas alternativas e soluções que podem auxiliar a controlar de forma assertiva o capim-amargoso. Frederico Mendes, Gerente de Produtos da IHARA destaca que é preciso criar estratégias de manejo para combater plantas daninhas agressivas como o capim-amargoso, e chama atenção para alternativas com o emprego dos herbicidas pré-emergentes, os herbicidas Kyojin e Yamato, apresentam alto nível de controle do capim-amargoso em soja.
Não menos importantes, quando posicionados de forma eficiente, os herbicidas pós-emergentes podem trazer um controle satisfatório do capim-amargoso, no entanto, conforme destacado pelo professor e pesquisador Mauro Rizzardi, é preciso utilizar as ferramentas de manejo de forma integrada e associada, não deixando a cargo apenas dos pós-emergentes, o controle de uma planta daninha tão complexa como o capim-amargoso.