São de coloração branca-acizentada com cerca de 0,5cm. Alimentam-se da seiva da planta do milho e realizam a oviposição na epiderme da folha, especialmente na nervura central de folhas do cartucho (Embrapa, 2018).

Figura 1. Ninfas e adultos no interior do cartucho.

Foto: Cultivar.

Os molicutes são microorganismos patogênicos que sobrevivem apenas na cultura do milho e são disseminados, de planta em planta, pela alimentação da cigarrinha. A infecção com molicutes ocorre nos estágios inicias da cultura. Entretanto, os sintomas de enfezamento se apresentam no período de enchimento de grãos (Embrapa, 2017).

 Figura 2. Período de maiores danos com o ataque de cigarrinha.

A praga migra das lavouras mais velhas para mais novas, infectando mais áreas. A presença de plantas tigueras favorece a permanência da praga, além de temperaturas elevadas e inverno ameno (Portal Syngenta, 2018).

DANOS

Waquil (1997), em seus estudos relatou que em uma densidade de 10 adultos.planta-1, há uma redução de 40% do peso seco da parte aérea e de 62% de redução radicular.

ENFEZAMENTOS

Os molicutes transmitidos pela cigarrinha, se distribuem nos feixes vasculares da planta, reduzindo sua nutrição e seu metabolismo. Afetam o processo de translocação de fotoassimilados, com consequente redução no tamanho das espigas e grãos (Adapar, 2020).

Figura 3. Transmissão dos molicutes através da cigarrinha.

Temperaturas acima de 17°C durante a noite e 27°C durante o dia, facilitam a multiplicação dos molicutes e a manifestação dos sintomas nas plantas (Embrapa, 2016). A doença é mais frequente nos locais mais quentes e onde há cultivo de milho em safras consecutivas (Embrapa).

Sintomas:

  • Descoloração na margem das folhas;
  • Redução na altura da planta, encurtamento dos entre-nós;
  • Redução no tamanho das espigas, com grãos chochos ou poucos grãos;
  • Avermelhamento nas folhas;
  • Formação reduzida de raízes;
  • Brotamento nas axilas das folhas;
  • Emissão de perfilhos na base das plantas;
  • Secamento precoce e morte;
  • Perda total da produção.

Figura 4. Danos por enfezamento na espiga.

Foto: Sabato et al. (2016).

Figura 5. Danos por enfezamento nas folhas.

Foto: Cultivar.

Equipe Dupont Pioneer realizou um levantamento da presença de cigarrinhas e o potencial de enfezamentos na safra 2016/17. As regiões com temperaturas elevadas e com plantio de milho em mais de uma safra, concentram a densidade de praga e a doença. Estados como Bahia, Minas Gerais e Goiás apresentaram alta incidência nas safras de verão e inverno (VIANA, F. 2017).

Figura 6. Regiões com concentrações de enfezamento e cigarrinha-do-milho.

Foto: DuPont Pioneer (2017).

A transmissão de um inseto-vetor é chamada “persistente e propagativa”. Isso indica que uma vez que a cigarrinha se encontra infectada, disseminará o vírus por toda sua vida (Embrapa, 2017).



Os danos podem atingir 70% ou mais da produção decorrente dos prejuízos do enfezamento (Sabato et al., 2016). A intensidade do sintoma depende do nível de resistência da cultivar e se a planta é infectada nos estágios iniciais de desenvolvimento, resultando em danos mais severos (Embrapa, 2017).

VIROSE: Maize Rayado Fino Virus (MRFV)

Causa a virose chamada de “risca”, pois apresenta finos pontos cloróticos paralelos as folhas. Pode causar reduções na produção de 30%. Plantas infectadas apresentam espigas e grãos menores (Cultivar).

Figura 7. Sintoma de Risca.

Foto: Sabato et al. (2016).

NÍVEL DE CONTROLE

A densidade populacional da cigarrinha não é proporcional aos danos, pois a praga é transmissora de viroses e é dessa forma que causa os maiores prejuízos. Assim, não se tem preconizado nível de dano econômico (Agro Bayer, 2018).

CONTROLE CULTURAL

  • Evitar plantio sucessivo e contínuo para que não exista ponte-verde;
  • Dessecação antecipada: eliminar plantas hospedeiras, especialmente milho tiguera, pois podem preservar molicutes;
  • Evitar sobreposição de milho, evitando que a praga migre de uma lavoura mais velha para uma com plântulas nos estágios iniciais;
  • Sincronizar a semeadura do milho com o período adotado pelas regiões vizinhas;
  • Utilizar híbridos com maior tolerância ao enfezamento;
  • Em locais com alta incidência da praga, deve-se interromper temporariamente o plantio de milho;
  • Evitar a semeadura tardia do milho.

TRATAMENTO DE SEMENTES (TS)

Oliveira et al. (2008), relataram em sua pesquisa “Eficiência de inseticidas em tratamento de sementes de milho no controle da cigarrinha Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae) em viveiro telado”, a eficiência de controle no tratamento de sementes.

Como mostra a Tabela 1, o grupo químico dos neonicotinoides, com os ativos Tiametoxam e Imidacloprido apresentaram eficiência igual ou superior a 70% até o 30° dia após a emergência.

Tabela 1. Eficiência de controle com inseticidas no tratamento de sementes.

Adaptado: Oliveira et al. (2008).

Oliveira et al. (2007), corroboraram que a incidência de enfezamentos variou 19% (TS com imidacloprido + pulverização com tiametoxam) a 36,4% (apenas pulverização com tiametoxam). Apenas os controles químicos não asseguram a redução da incidência do enfezamento.

CONTROLE QUÍMICO + TS

Agrofit (2020), possui registro de 24 inseticidas para controle de cigarrinha-do-milho. Entre os grupos químicos disponíveis, estão: neonicotinoide, piretroide, metilcarbamato de oxima, organofosforado e metilcarbamato de benzofuranila.

Martins et al. (2008), em seu trabalho intitulado “EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS NO CONTROLE DE Dalbulus maidis (HEMIPTERA: CICADELLIDAE) NA CULTURA DO MILHO”, verificaram eficiência no controle com tratamento de sementes, manejo de dessecação e pulverização.

Como visualizamos na Tabela 2, os tratamentos com eficiência >80% até 2 semanas após a emergência do milho foram: Tiodicarbe + Imidacloprido (TS), Clotianidim (TS), Imidacloprido (TS) e Cipermetrina + Tiametoxam (pulverização).

Tabela 2. Eficiência de controle de cigarrinha-do-milho.

Adaptado: Martins et al. (2018).

HÍBRIDOS

CCGL TEC (safra 2016/17), estudaram híbridos de milho com sintomas de enfezamento. Percebeu-se a maior suscetibilidade de algumas cultivares de milho à doença, como P1630 (quase metade da produção com plantas atacadas).

Figura 8. Porcentagem de plantas com sintomas de enfezamento vermelho.

Fonte: Palma (2017).

Viana (2017), relata que apenas a Resistência Genética de Híbridos não soluciona o problema da praga, pois os molicutes se adaptam conforme a exposição do híbrido.


Veja também: Plantas com Tecnologia Bt 


CONSIDERAÇÕES FINAIS

A cigarrinha-do-milho é uma praga que causa danos através da transmissão de viroses, afetando a planta no seu tamanho, redução de espigas, grãos, sistema radicular, secamento e morte.

O uso de cultivares resistentes é um dos métodos mais adotados e recomendados para o controle das doenças. O grupo químico dos neonicotinoides possue destaque no controle da cigarrinha-do-milho, como mostram os estudos acima.

No entanto, resultados satisfatórios de controle apenas com TS não são suficientes durante todo o desenvolvimento do milho. Não há uma medida eficaz usada isoladamente que controle as doenças transmitidas por cigarrinhas.

Pesquisas com amostragem e nível de dano econômico devem ser realizados para termos informações do momento ideal de controle da praga.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA DO PARANÁ. Adapar e Embrapa orientam sobre o controle da cigarrinha do milho. Disponível em: < http://www.adapar.pr.gov.br/2020/03/611/Adapar-e-Embrapa-orientam-sobre-o-controle-da-cigarrinha-do-milho-.html>. Acesso em: 09.04.2020

AGROFIT. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: < http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em: 10.04.2020

AGRO BAYER. Cigarrinha do milho: dicas para o controle da praga na lavoura. Disponível em: < https://www.agro.bayer.com.br/conteudos/news-bucket/2019/12/12/14/31/dicas-para-um-bom-manejo-da-cigarrinha-no-milho>. Acesso em: 10.04.2020

CULTIVAR Cigarrinha do milho e a transmissão de doenças que afetam a produtividade. Disponível em: < https://www.grupocultivar.com.br/artigos/cigarrinha-do-milho-e-a-transmissao-de-doencas-que-afetam-a-produtividade>. Acesso em: 10.04.2020

GIRALDELI, A. L. 4 MOTIVOS PELOS QUAIS VOCÊ NÃO DEVE IGNORAR CIGARRINHA-DO-MILHO. BLOG AEGRO, 2018.

Embrapa. Controle da cigarrinha do milho: Enfezamentos por molicutes e cigarrinha no milho, 2018. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/controle-da-cigarrinha-do-milho>. Acesso em: 10.04.2020

Embrapa. Enfezamento do milho aparece como problema nesta safra, 2017. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/21567441/enfezamento-do-milho-aparece-como-problema-nesta-safra >. Acesso em: 10.04.2020

Embrapa. Controle da cigarrinha-do-milho: Perguntas e respostas. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/controle-da-cigarrinha-do-milho/perguntas-e-respostas>. Acesso em: 10.04.2020

MARTINS, Gustavo Mamoré et al. Eficiência de inseticidas no controle de Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae) na cultura do milho. Revista Caatinga, v. 21, n. 4, 2008.

OLIVEIRA, Charles Martins de et al. Controle químico da cigarrinha-do-milho e incidência dos enfezamentos causados por molicutes. Pesquisa agropecuária brasileira, v. 42, n. 3, p. 297-303, 2007.

OLIVEIRA, Charles Martins de et al. Eficiência de inseticidas em tratamento de sementes de milho no controle da cigarrinha Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae) em viveiro telado. Ciência Rural, v. 38, n. 1, p. 231-235, 2008.

PALMA, J. Cigarrinha-do-milho: Vetor do Enfezamento Vermelho e Pálido. Boletim Técnico CCGL TEC. Ano VII – Nº 43, 2017.

PORTAL SYNGENTA. Cigarrinha-do-milho: dicas para controlar a praga na lavoura. Disponível em: < https://portalsyngenta.com.br/noticias-do-campo/cigarrinha-do-milho-dicas-para-controlar-a-praga-na-lavoura>. Acesso em: 09.04.2020

SABATO, E. de O.; BARROS, AC da S.; DE OLIVEIRA, I. R. Cenário e manejo de doenças disseminadas pela cigarrinha no milho. Embrapa Milho e Sorgo-Fôlder/Folheto/Cartilha (INFOTECA-E), 2016.

VIANA, F. Híbridos de Milho como Parte da Estratégia de Manejo das Viroses e Enfezamentos. Agronegócio em Foco, 2017

WAQUIL, José M. Amostragem e abundância de cigarrinhas e danos de Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott)(Homoptera: Cicadellidae) em plântulas de milho. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 26, n. 1, p. 27-33, 1997.

Redação: Equipe Mais Soja. 

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