A importância da cobertura de inverno no controle de plantas daninhas foi um dos temas discutidos no segundo módulo da capacitação na cadeia produtiva de cereais de inverno – convênio Embrapa e Sistema OCB, realizado de 23 a 25 de abril, na Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS.

Economia – De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Leandro Vargas, manter o solo coberto durante o inverno pode representar economia para o produtor: “o custo para controle de plantas daninhas em uma área de pousio se equipara ao custo da semente de uma cultura de inverno. Talvez precise investir em adubação, tratamento de doenças, mas o retorno vai aparecer na cultura de verão tanto com a menor infestação de invasoras, quanto na melhoria do solo e uso residual de fertilizantes”.



Culturas – Culturas como trigo, centeio, canola e aveia, que apresentam elevada capacidade de cobertura do solo com reconhecido efeito alelopático (substâncias químicas liberadas pelas plantas), podem diminuir o número de plantas de buva e azevém em até 65%, quando comparado a áreas de pousio. Veja abaixo os resultados de um experimento conduzido pela Embrapa mostrando os efeitos das culturas de inverno para controle da buva:

Cultivo – nº de plantas de buva/m²

Pousio – 20

Aveia Preta – 1

Trigo – 0,75

Centeio – 0

Estratégias – O uso de estratégias como sobre-semeadura de aveia em lavouras de soja e cultivo de culturas concomitantes, a exemplo de Brachiaria ruziziensis cultivada juntamente com o milho, também apresentaram excelentes resultados. “O uso dessas práticas associadas à alternância e à associação de diferentes mecanismos de ação herbicida, juntamente com o monitoramento e a eliminação mecânica ou manual de plantas daninhas sobreviventes aos tratamentos herbicidas pode resultar em controle total das daninhas”, avalia Leandro Vargas, lembrando que é necessário controlar 100% das plantas daninhas existentes na lavoura, já que as plantas que sobrevivem podem adquirir resistência aos herbicidas.

Competição – O pesquisador da UFSM, André Ulguim, explicou que as plantas daninhas competem com os cultivos de grãos, principalmente, por água, radição solar e nutrientes. Segundo ele, as perdas de produtividade das culturas devido a competição com plantas daninhas aumentam quanto mais semelhantes forem as plantas, como azevém no trigo, buva na soja, etc.

Recomendação – Para não incorrer em aplicações desnecessárias, o pesquisador Leandro Vargas recomenda avaliar o nível de controle: “quando o custo de controle for igual a perda por competição, é o momento de fazer a aplicação”.

Conhecimento em benefício do produtor – Na área de cobertura da Cooperativa Regional Auriverde, com sede em Cunha Porã, SC, a resistência de plantas daninhas é um dos problemas enfrentados pelos cooperados que buscam na assistência técnica apoio para a melhor estratégia de controle: “A solução nem sempre é imediata, não podemos pensar só na economia e praticidade para o produtor, mas convencer de que o manejo da lavoura exige atenção o ano todo, prevenindo os problemas com resultados mais duradouros” avalia o profissional do departamento técnico Edison Arcari.

Aprendizado – Ele destaca o conhecimento adquirido na capacitação: “nos dois módulos da capacitação (solos e plantas daninhas) foi possível aprender mais do que em dois anos de graduação em agronomia. Nosso desafio agora é conquistar um produtor parceiro para implantar o projeto, especialmente em conservação de solos, que sirva de modelo para os demais cooperados”.

Informação de qualidade – Para os representantes do Senar-RS, a informação técnica de qualidade está ao alcance de todos através de publicações e na internet, mas muitas vezes falta tempo e preparo para assimilar e fazer as mudanças necessárias: “Vemos muitos agrônomos chegando a campo com formação deficiente, por isso a importância desta capacitação, mesmo para bons profissionais é necessária a constante reciclagem de conhecimentos”, afirma o agrônomo Gelso Dal Bello.

Mudança de comportamento – O maior desafio, segundo Umberto Moraes, coordenador de formação profissional rural do SenarRS é a mudança de comportamento do produtor: “O produtor argumenta que o limitante é o fator financeiro, não somente para implantar a nova técnica, mas ele considera, principalmente, o retorno ou lucro imediato que a mudança pode trazer. Sabemos que na produção agrícola também é importante investir em estratégias de médio e longo prazo”.

Diferencial – O engenheiro agrônomo da Fecoagro/SC Cristiano Cesar Assmann, participou em 2018 do curso “Atualização no cultivo da soja”, conduzido pela Embrapa Soja, também no convênio Embrapa e Sistema OCB, e solicitou a participação na “Capacitação em cereais de inverno” neste ano. Ele avalia a imparcialidade das informações transferidas durante o curso como o principal diferencial na capacitação: “O profissional que está na correria no campo acaba distante da atualização técnica livre de viés comercial, ou seja, ficamos carentes de informação embasada pela pesquisa, não orientada pelo interesse comercial. Essa parada para reciclagem é fundamental para o melhor posicionamento no atendimento ao produtor”, conclui Cristiano.

Mais – Saiba mais sobre o convênio Embrapa e Sistema OCB na capacitação em cereais de inverno ouvindo a entrevista com o chefe de transferência de tecnologia da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski: https://www.embrapa.br/trigo/audios

Participantes – Participam da capacitação Embrapa e Sistema OCB na cadeia produtiva de cereais de inverno 2019 profissionais dos departamentos técnicos das cooperativas Cooperante, Cocamar, Coamo, Camnpal, Cotriel, Coopatrigo, Coasa, Cotapel, Cotripal, Coagril, Cotribá, Coopermil, Cotrisal, Cotricampo, Cotrijal, CCGL e Auriverde, além da Fecoagro/SC e do Senar/RS.

Fonte: Embrapa Trigo, disponível no Portal do Sistema Ocepar

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