Autores: Lucas Henrique Henrichsen¹; Greisson Alex Kunz²; Daniela Batista dos Santos3; Juliano Dalcin Martins4
Introdução
O milho (Zea mays) é uma cultura que necessita de uma população adequada para expressar a máxima produtividade. Para isso, uma correta distribuição de plantas é fundamental para estabelecer arranjos espaciais equidistantes, que permita um maior aproveitamento dos recursos edafoclimáticos. A distribuição espacial é a forma como as plantas estão arranjadas na lavoura, devendo ser o mais uniforme e homogêneo possível. Ao contrário disso, a irregularidade nessa distribuição, pode reduzir a eficiência de aproveitamento de água, luz e nutrientes (Sangoi et al., 2012). Isto resultará em plantas dominadas. Nesse sentido, decréscimos na produtividade do milho têm sido ligados à medida que se aumenta a irregularidade na distribuição das plantas na lavoura (Horn, 2010).
A irregularidade no arranjo das plantas na lavoura pode ser medida através do Coeficiente de Variação (C.V.), sendo este menor, quando há uma adequada e uniforme distância entre essas plantas. Este parâmetro tem sido muito utilizado para fins de qualificação da distribuição de plantas em pesquisas.
Diante deste cenário, o objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos da variabilidade na distribuição espacial das plantas na linha de semeadura, medidas pelo coeficiente de variação e seu efeito no rendimento de grãos na cultura do milho.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido na área didática e experimental do IFRS – Campus Ibirubá com clima Cfa (subtropical úmido) e solo classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico Típico (Embrapa, 2006). Foram instalados dois experimentos, o primeiro na safra 2016/17, com o híbrido AGRO 8690 PRO3 no dia 27/09 e o segundo em 2017/18, com o híbrido PIONNER 1680 VYP no dia 22/08, ambas utilizando o espaçamento de 45 cm entre linhas, com parcelas dimensionadas de 3,15 x 7 m.
Foi utilizado o delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro repetições. Foram avaliados sete coeficientes de variação na distribuição espacial de plantas, sendo: T1: CV 0% pareado; T2: CV 0% intercalado; T3: CV 20%; T4: CV 40%; T5: CV 60%; T6: CV 80% e T7: CV 100%.
Para a implantação dos tratamentos, foi passado com a semeadora distribuindo apenas a adubação de base (270 kg.ha-1 de NPK:12-30-20) e posteriormente semeando manualmente conforme composição do tratamento, colocando-se três sementes por cova, após a emergência realizando o desbaste. A adubação de cobertura foi realizada nos estádios V4 e V6, na dose total de 220 kg.ha-1 de N, na forma de ureia. Foi feito o manejo fitossanitário de pragas, doenças e plantas daninhas para os dois anos agrícolas, quando este se fazia necessário.
A colheita foi realizada nos dias 06/02/2017 e 01/02/2018, coletando apenas as espigas presentes na área útil da parcela, que depois de colhidas, foram trilhadas e pesadas. A produtividade (kg.ha-1) foi corrigindo a umidade de grãos para 13%. Os dados obtidos foram submetidos a análise de regressão a fim de determinar a equação que melhor expresse matematicamente o comportamento dos tratamentos.
Resultados e Discussão
Não houve interação entre as safras e os resultados serão apresentados para cada ano agrícola. Para o ano agrícola 2016/17 os rendimentos foram afetados pelo efeito de distribuição e estes variaram de 8.919 kg.ha-1 a 5.695 kg.ha-1. A análise de regressão demonstrou resultado positivo para a equação linear, comprovando um decréscimo na produtividade de aproximadamente 29 kg.ha-1 para cada incremento de 1% no coeficiente de variação da distribuição espacial (Tabela 1).
Para o segundo ano agrícola 2017/18, obteve-se um rendimento de grãos variando entre 11.252 kg.ha-1 e 13.510 kg.ha-1. A análise de regressão demonstrou resultado positivo para o modelo linear, comprovando um decréscimo na produtividade de aproximadamente 16 kg.ha-1 para cada incremento de 1% no coeficiente de variação da distribuição espacial (Tabela 1).
A distribuição irregular das sementes, com um número excessivo de espaçamentos falhos e duplos, pode acarretar no atraso do desenvolvimento de algumas destas plantas e originar plantas dominada de baixo potencial produtivo (Filho & Madaloz, 2017). A correta distribuição espacial das sementes na linha de semeadura é fundamental para o bom desenvolvimento da planta, contribuindo para uma melhor captação de água e nutrientes, e a interceptação da luz.
Vieira Junior et al. (2006) observaram que a produtividade de milho foi afetada negativamente pela distribuição inadequada de plantas, resultando em uma maior frequência de plantas dominadas que não produziram espigas ou produziram espigas com tamanho reduzido. Estes autores verificaram que a produtividade de milho reduzia em maior intensidade quando o coeficiente de variação (CV) entre plantas foi maior que 20%. Relações entre o erro na distribuição de plantas e aprodutividade de milho reportaram que para cada 10% no aumento no índice do CV da distribuiçãodas plantas ocorreram uma redução na produtividade de 64 a 128 kg.ha-1 (Horn, 2010; Sangoi et al. 2012). Resultados inferiores aos encontrados neste trabalho, que para cada 10% no aumento no índice do CV da distribuição das plantas ocorreram uma redução na produtividade de 160 a 290 kg.ha-1.
Pesquisadores como Kurachi et al. (1989) afirmam que a uniformidade de espaçamento entre as sementes depositadas ao longo da linha influencia diretamente a produtividade da cultura.
Conclusão
A variabilidade de distribuição espacial de plantas medidas pelo coeficiente de variação interfere diretamente no rendimento de grãos da cultura do milho, e quanto maior for este coeficiente, menor será a produtividade. Para cada 1% de aumento no coeficiente de variação da distribuição espacial de plantas na linha, há um decréscimo na produtividade na faixa de 16 a 29 kg.ha-1.
Referências
EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Centro Nacional de Pesquisa de Solo. Brasília: Embrapa, 2006. 306p.
FILHO, I. N.; MADALOZ, J. C. Plantio de milho: Fatores Relacionados à Desuniformidade de Emergência. Blog Agronegócio em foco. Setembro 2017. Disponível em: http://www.pioneersementes.com.br/blog/159/plantio-de-milho-fatores-relacionados-a desuniformidade-deemergencia.
HORN, D. Qualidade de plantio: uma nova abordagem. Boletim Informativo Pioneer, 2010.
KURACHI, S. A. H.; COSTA, J. A. S.; BERNARDI, J. A.; COELHO, J. L. O.; SILVEIRA, G. M. Avaliação tecnológica de semeadoras e/ou adubadoras: tratamento de dados de ensaios e regularidade de distribuição longitudinal de sementes. Bragantia, Campinas, v. 48, n. 2, p. 249-62, 1989.
SANGOI, L.; SCHIMITT, A.; VIEIRA, J.; PICOLI, G. J.; SOUZA, C. A.; CASA, R. T.; SCHENATTO, D. E.; GIORDANI, W.; BONIATTI, C. M.; MACHADO, G. C.; HORN, D. Variabilidade na distribuição espacial de plantas na linha e rendimento de grãos de milho. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.15, n.3°. p.268-277. 2012.
VIEIRA JUNIOR, P. A.; MOLIN, J. P.; DOURADO NETO, D.; MANFRON, P. A.; MASCARIN, L. S.; FAULIN, G. D. C.:DETOMINI, E. R. Plant population and soil attributes that drives corn grain yield (População de plantas e alguns atributos do solo relacionados ao rendimento de grãos de milho). Acta Scientiarum Agronomy, v,28, p.483-492. 2006.
Informações dos autores:
¹ Acadêmico do Curso de Agronomia, Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Ibirubá/RS. E-mail: lucas.henrichsen03@gmail.com
² Engenheiro Agrônomo, Lallemand. E-mail: greisson.kunz96@gmail.com
3 Professora do Curso de Agronomia. Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Ibirubá/RS. E-mail: daniela.santos@ibiruba.ifrs.edu.br
4 Professor do Curso de Agronomia. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS. E-mail: juliano.martins@ufsm.br
gostei de tudo todas as reportagem gostaria de entender melhor . Quando vou plantar vou procurar um engenheiro agrônomo aqui da região de lontras sc para me orientar direitinho ,por enquanto muito obrigado.