A ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi) é uma das principais e mais agressivas doença fungicas que acometem a cultura da soja. Segundo Godoy et al. (2020), os danos decorrentes da incidência da ferrugem podem variar de 10% a 90% dependendo da severidade da doença e susceptibilidade de cultivar.

Dessa forma, fica evidente a necessidade de manejo e controle da doença para evitar perdas produtivas de ordem significativa na soja. Por ser considerado um fungo biotróficos (necessita de um hospedeiro vivo para se desenvolver e multiplicar), práticas de manejo como o controle de plantas de soja voluntárias (tiguera) durante os períodos entressafra podem contribuir de forma significativa no manejo da ferrugem (Embrapa, 2018).

Figura 1. Sintomas típicos de ferrugem-asiática em soja.

Ferrugem da soja – Foto: Rizobacter

Práticas de manejo como a rotação de culturas, o uso de cultivares resistentes ou tolerantes, assim como o vazio sanitário podem ser de grande valia para o manejo da ferrugem, contudo, o emprego de fungicidas ainda é a forma predomina no manejo da ferrugem-asiática da soja. Segundo recomendações do Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas (FRAC-BR), todo o programa de controle da ferrugem deve ser inicializado de forma preventiva a ocorrência da doença para melhor eficiência de controle e manejo da resistência a fungicidas.

Uma ferramenta muito utiliza no manejo de doenças da soja, especialmente se tratando da ferrugem-asiática é o coletor de esporos, contudo, nem sempre essa ferramenta é empregada de forma correta. Em virtude da forma de disseminação da ferrugem (vento), o coletor de esporos possibilita a observação de esporos da doença antes que ocorra a infecção da ferrugem na soja.



Decorrente das características de desenvolvimento da doença, a identificação da ferrugem no período inicial do seu desenvolvimento nem sempre é possível, exigindo grande perícia e conhecimento técnico. Logo, quando observados os primeiros sintomas visuais da doença em soja, normalmente a infecção do fungo já se efetivou.

Dessa forma, o coletor de esporos pode atuar como ferramenta complementar ao manejo da ferrugem-asiática em soja, auxiliando principalmente no monitoramento da doença.

Figura 2. Coletor de esporos.

Fonte: Embrapa (2020)

Embora em algumas situações a presença de esporos de ferrugem-asiática no coletor de esporos venha sendo utilizado como fator decisivo para a aplicação de fungicidas na cultura da soja, essa prática não é recomendada.

Isso, porque nem sempre a presença de esporos no coletor de esporos significa a o desenvolvimento da doença ou necessidade de controle, uma vez que é preciso esporos viáveis para o desenvolvimento da ferrugem. Logo, a presença de esporos inviáveis no coletor de esporos não represente necessariamente a ocorrência da ferrugem na lavoura.

Apenas o coletor de esporos serve para definir o manejo da ferrugem?

O coletor de esporos deve ser utilizado como ferramenta complementar de manejo e monitoramento da ferrugem. As informações geradas por ele não devem ser utilizadas unicamente para a tomada de decisões sobre o manejo da ferrugem-asiática. Em virtude do rápido desenvolvimento da doença e elevado potencial a causar danos, o manejo da ferrugem deve-se basear em diversas informações e estratégias de manejo, não apenas na presença ou ausência de esporos no coletor de esporos, considerando também que a recomendação de muitos fungicidas, para obtenção de melhores resultados é uma aplicação preventiva.


Veja mais: Eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática da soja, Phakopsora pachyrhizi, na safra 2019/2020


Referências:

COMITÊ DE AÇÃO A RESISTÊNCIA A FUNGICIDAS. NOVAS RECOMENDAÇÕES PARA O MANEJO DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA. FRAC-BR. Disponível em: < https://www.frac-br.org/soja >, acesso em: 19/09/2021.

EMBRAPA. MANEJO E PREVENÇÃO DA FERRUGEM DA SOJA SÃO DESAFIOS PARA PRODUTOR BRASILEIRO. Embrapa, Notícias, 2018. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/40222700/manejo-e-prevencao-da-ferrugem-da-soja-sao-desafios-para-produtor-brasileiro >, acesso em: 19/09/2021.

GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2019/2020: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 160, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/215288/1/CT-160-OL.pdf >, acesso em: 19/09/2021.

OLIVEIRA, G. M. et al. COLETOR DE ESPOROS: DESCRIÇÃO, USO E RESULTADOS NO MANEJO DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA. Embrapa, Circular Técnica, n. 167, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/220504/1/Circ-Tec-167.pdf >, acesso em: 19/09/2021.

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