A produção de sementes de soja se diferencia da produção de grãos principalmente pelo nível de exigência estabelecido para o produto final, sendo necessário maior aprimoramento técnico para garantir sementes de qualidade. Níveis de ação para o controle de pragas e doenças são alguns dos critérios distintos entre produção se sementes e grãos, sendo que os níveis de ação para a produção de sementes normalmente são mais rígidos.
Uma semente de qualidade deve conter bons atributos físicos, fisiológicos, genéticos e sanitários, a fim de garantir o estabelecimento de uma planta sadia, com bom crescimento e desenvolvimento, e que expresse todo seu potencial produtivo. Embora muito se fale sobre os atributos fisiológicos de uma semente, especialmente germinação e vigor, a qualidade física da semente esta diretamente relacionada com esses atributos, podendo ou não os influenciar.
Embora ainda não haja uma metodologia definida para a determinação do vigor de sementes de soja, é consenso que essa é uma variável muito importante para o bom estabelecimento da cultura no campo. Conforme observado por Costa et al. (2005), a qualidade física da soja esta diretamente relacionada com o vigor das sementes, havendo uma relação inversa entre o índice de dano mecânico na semente de soja e o seu nível de vigor.
Figura 1. Relações entre o vigor determinado pelo teste de tetrazólio (TZ 1-3) e a ocorrência de dano mecânico (TZ 6-8) em sementes de diversas cultivares de soja.

Tendo em vista a influência dos danos mecânicos na qualidade das sementes de soja, é necessário conhecer os principais fatores promotores dos danos mecânicos e como agir para reduzir perdas de qualidade das sementes produzidas. Normalmente, os danos mecânicos sãos provocados no processo de colheita da soja, pelo sistema de corte, trilha e descarga da colhedora.
Visando reduzir os danos mecânicos, algumas orientações podem ser utilizadas para a manutenção da qualidade física da soja, sendo elas: o ajuste da velocidade do cilindro (400 rpm ou menos); ajustar a abertura do côncavo para ser a mais ampla possível; avaliação das sementes trilhadas por meio do teste de teste de hipoclorito de sódio ou pelo método do copo medidor de semente quebrada (França-Neto et al., 2016) entre outras…
Além do adequado ajuste da colhedora e monitoramento dos danos em sementes, um dos fatores determinantes para a redução dos danos físicos na soja é a umidade dos grãos no momento da colheita. Conforme destacado por França-Neto et al. (2016), a umidade inadequada das sementes de soja no momento da colheita pode aumentar significativamente os danos mecânicos. Como visto anteriormente, o aumento dos danos mecânicos pode reduzir o vigor de sementes de soja, além dos danos mecânicos servirem como porta de entrada para patógenos, depreciando ainda mais as sementes.
Figura 2. A: Níveis de danos mecânicos às sementes e de perdas na colheita (na plataforma de corte de colhedora) durante a colheita, em função do grau de umidade das sementes. B: Vigor e viabilidade (energia germinativa) da semente de soja em função do grau de umidade das sementes na colheita (França-Neto et al., 2016).

Visando reduzir os níveis de danos mecânicos em sementes de soja, a colheita deve ser realizada preferencialmente quando atingidos os níveis de umidade das sementes de 13% a 14%, segundo orientações técnicas. Cabe destacar que quando se realiza a colheita antecipada das sementes, com graus de umidade variando de 16% a 19%, deve-se atentar para o perfeito ajuste do sistema de trilha, visando minorar ao máximo a ocorrência de danos mecânicos latentes (França-Neto et al., 2016).
Veja mais: Deterioração de sementes por umidade – conheça as principais causas e consequências
Referências:
COSTA, N. P. et al. PERFIL DOS ASPECTOS FÍSICOS, FISIOLÓGICOS E QUÍMICOS DE SEMENTES DE SOJA PRODUZIDAS EM SEIS REGIÕES DO BRASIL. Revista Brasileira de Sementes, v.27, n.2, p.172-181. 2005. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbs/a/WtvhhH8NvpfCgGmXszBSX9k/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 05/04/2022.
FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, Documentos, n. 380, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 05/04/2022.
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