- Dependendo das condições ambientais, uma planta de Amaranthus palmeri pode produzir mais de 1 milhão de sementes;
- O palmeri apresenta resistência simples e múltipla a herbicidas;
- Pecíolo maior que o comprimento do limbo foliar e ausência de pilosidade nas folhas são características que ajudam a identificar o A. palmeri;
- A planta atinge alturas superiores a 2 m com facilidade.
As plantas do gênero Amaranthus, popularmente conhecidas como caruru, têm crescido em área territorial, infestando culturas agrícolas como soja, milho e algodão, causando significativas perdas de produtividade. A elevada habilidade competitiva dessas plantas, atrelada ao rápido crescimento e desenvolvimento do caruru e grande capacidade em produzir sementes, tem tornado o caruru, uma das principais e mais preocupantes plantas daninhas em áreas agrícolas.
Dentre as principais espécies, caracterizadas como plantas daninhas, destacam-se o Amaranthus palmeri; Amaranthus spinosus; Amaranthus deflexus; Amaranthus viridis; Amaranthus retroflexus e o Amaranthus hybridus, esse com duas variedades, o A. hybridus var. patulus e o A. hybridus var. paniculatus.
Um dos fatores mais preocupantes com relação a dispersão das plantas de caruru está relacionado a produção de sementes. Embora possa variar em função da espécie de caruru, há relatos na literatura de plantas cuja produção de sementes ultrapassou 1 milhão, no caso do Amaranthus palmeri (Gazziero & Silva, 2017).
Figura 1. Sementes de caruru (Amaranthus sp.).
Dentre as espécies de caruru com maior capacidade em causar danos em lavouras agrícolas, o Amaranthus palmeri, popularmente conhecido como caruru palmeri é tido como uma das espécies mais preocupantes. Até então, essa planta daninha é considerada praga quarentenária no Brasil, ocorrendo no estado do Mato Grosso. Contudo, deve-se adotar práticas de manejo adequadas para que sua disseminação não ocorre para outras regiões.
Além da elevada habilidade competitiva entre outras características que tornam do A. palmeri uma das mais temidas plantas daninhas, existe relato de casos de resistência dessa planta daninha a herbicidas no Brasil, fato que dificulta ainda mais seu manejo e controle assertivo. Segundo Heap (2023), atualmente há relatos de dois casos de resistência do A. palmeri a herbicidas no Brasil, um caso de resistência simples e um de resistência múltipla a herbicidas.
A resistência simples foi observada em 2015 no estado do Mato Grosso, na cultuar do Algodão, onde foi constatada a resistência do A. palmeri ao herbicida glifosato (inibidor da EPSPs). Já o caso de resistência múltipla, foi observada em 2016, também no Mato Grosso, nas culturas do algodão e soja, onde foi constatada a resistência do A. palmeri aos herbicidas clorimuron-etil, cloransulam-metil, glifosato e imazetapir (herbicidas inibidores da ALS e EPSPs) (Heap, 2023).
Figura 2. Casos de resistência de espécies de Amaranthus a herbicidas no Brasil.
Como diferenciar o Amaranthus palmeri das outras espécies de caruru?
Quando em período avançado do desenvolvimento, o caruru palmeri se destaca dos demais pelo porte, podendo atingir rapidamente alturas superiores a 2 m (Gazziero & Silva, 2017). Entretanto, nos estádios iniciais do desenvolvimento da planta, algumas características necessitam ser analisadas para identificação do Amaranthus palmeri.
Dentre as formas de identificação das espécies, uma das mais comuns é o uso de características morfológicas, tais como manchas em folhas, pelos em folhas, tamanho de inflorescência entre outras. Na Tabela 1, estão apresentadas algumas características morfológicas das principais espécies de caruru consideradas plantas daninhas.
Tabela 1. Características morfológicas entre espécies do gênero Amaranthus que podem auxiliar na identificação do caruru.
Uma das características mais marcantes do A. palmeri é o pecíolo maior que a folha (figura 3), aliado a isso, a caruru palmeri também pode apresentar características como a presença de espinho na extremidade da folha. Outros fatores que de forma conjunta também podem ser analisados para identificar o A. palmeri são o formato da folha, a presença de pilosidade, o padrão de crescimento do meristema apical, a inflorescência e a marca d’agua na lâmina foliar.
Figura 3. Folha de caruru-palmeri (A. palmeri) com pecíolo maior que o comprimento do limbo foliar.
Com relação ao formato da folha do caruru, Gazziero & Silva (2017) destacam que pode variar dentro da mesma espécie, entretanto, é predominante o formato de ovada a rômbico-ovada das folhas de A. palmeri. Com relação a pilosidade das folhas, o Amaranthus palmeri não apresenta pilosidade em nenhuma superfície, seja em folhas jovens ou velhas, sendo essa, uma característica utilizada para distinguir as espécies nos estádios iniciais do desenvolvimento.
Além disso, é possível observar o padrão de crescimento do meristema apical, sendo que, o crescimento das plantas caruru-palmeri se assemelha à aparência de roseta quando olhado de cima para baixo (Gazziero & Silva, 2017). Contudo, uma das características mais decisivas para identificar o A. palmeri é sua inflorescência, sendo que o A. palmeri é uma espécie dióica, ou seja, apresenta inflorescência feminina e masculina, na mesma planta.
As inflorescências do A. palmeri podem apresentar longa inflorescência terminal, com mais de 60 cm, que se caracterizam por apresentarem brácteas (folhas rudimentares) rígidas que transmitem a sensação de serem espinhosas quando apertadas na mão (Gazziero & Silva, 2017), cabe destacar que visando o manejo assertivo dessa planta daninha, é essencial que seu controle seja realizado antes do florescimento, para que não ocorra a formação de sementes.
Figura 4. Inflorescência terminal do caruru-palmeri pode ser superior a 60 cm de comprimento.
Em algumas plantas, ainda é possível observar a presença de marcas d’água nas folhas, entretanto, essa característica não é regra. Contudo, quando observadas as características citadas anteriormente de forma conjunta, o A. palmeri pode ser identificado ainda no início do desenvolvimento, possibilitando o direcionamento de práticas de manejo, especialmente se tratando da resistência das plantas aos herbicidas.
Veja mais: Amaranthus palmeri – colheita também é momento de manejar essa planta daninha
Referências:
GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/159778/1/Doc-384-OL.pdf >, acesso em: 12/05/2023.
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2022. Disponível em: < http://www.weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 12/05/2023.
NICOLAI, M. et al. IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE Amaranthus palmeri E Amaranthus hybridus. HRAC-BR: Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas, 2021. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1WTIjh60bkeAv-JBUX-6KJrYwKwdH54OL/view >, acesso em: 12/05/2023.