Há uma grande diversidade de espécies de insetos que atuam como agentes de controle biológico de lagartas na cultura da soja. Além disso, certos grupos de microrganismos entomopatogênicos apresentam grande potencial no controle de lagartas.  Neste grupo encontram-se os baculovírus, um tipo de vírus patogênico a insetos, encontrados principalmente na ordem Lepidoptera.

O baculovírus é utilizado para o controle de diversas lagartas, como Spodoptera frugiperda, Anticarsia gemmatalis e Helicoverpa armigera, em culturas como soja, milho, entre outros. Pode ser utilizado diretamente na pulverização ou até mesmo em sistemas de irrigação, apresentando bons resultados de controle (VALICENTE & DA COSTA, 1995).

A opção de baculovírus mais comum é a chamada poliedrose nuclear (VPNs).  Nesse caso, as partículas virais são pulverizadas nas plantas, tratando a superfície foliar. A infecção se inicia com a ingestão do vírus presente na superfície das folhas. Ao chegar ao intestino médio do inseto, o vírus é submetido a pH alcalino (aproximadamente 11), estimulando a liberação de vírions (ou seja, a forma infecciosa propriamente dita do vírus) no lúmen digestivo do inseto. As partículas infecciosas penetram nas células da parede intestinal, levando o inseto à morte por infecção generalizada (CASTRO et. al, 1999).

Cerca de quatro dias após consumir as folhas infectadas, a lagarta começa a apresentar sintomas como perda de cor (adquirindo tonalidades amareladas), perda de apetite, comportamento de subida para o dossel superior das plantas e lentidão na movimentação. A morte ocorre dentro de sete dias. Após a morte e início do apodrecimento da lagarta, o seu corpo rompe-se e libera uma grande quantidade de vírus sobre as plantas, perpetuando a contaminação de populações seguintes de lagartas até o término do ciclo da cultura.

Figura 1. Lagarta morta por baculovírus.

Fonte: AgBiTech. Confira a imagem original clicando aqui

As lagartas mortas pelo vírus também podem ser coletas e utilizadas para uma nova pulverização. Para isso, as mesmas devem ser limpas em água corrente e armazenadas a -20 ºC (temperatura de freezers), tendo assim validade de até um ano e meio. Para realizar o preparo da aplicação deve ser utilizado o equivalente a 50 lagartas por hectare, trituradas em liquidificador juntamente com água e, em seguida, coando o material.

As vantagens da utilização do baculovírus para o controle de lagartas em soja são inúmeras e os resultados ultrapassam 80% de eficiência em condições ambientais ideais, alem de não haver toxicidade para os inimigos naturais e humanos. Por outro lado, há também desvantagens em relação ao controle químico, já que as condições ambientais afetam diretamente a eficácia dos microorganismos, além do controle ser menor sobre lagartas de ínstares mais avançados.



Elaboração: Solange Andressa Figur, estudante do Curso de Agronomia na UFSM e membro do grupo Manejo e Genética de Pragas – UFSM

Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM

Referências

ANDRADE,F. G.; NEGREIRO, M. C. C.;  FALLEIROS, Â.M. F.; ASPECTOS DOS MECANISMOS DE DEFESA DA LAGARTA DA SOJA ANTICARSIA GEMMATALIS (HÜBNER, 1818) RELACIONADOS AO CONTROLE BIOLÓGICO POR BACULOVIRUS ANTICARSIA (AGMNPV). 2004. Disponível em: http://www.biologico.sp.gov.br/uploads/docs/arq/V71_3/andrade.PDF.

SIMONATO, J.; GRIGOLLI, J. F. J.; OLIVEIRA, H. N.; CONTROLE BIOLÓGICO 08 DE INSETOS-PRAGA NA SOJA. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/102097/1/cap.-8.pdf.

CASTRO, M. E. B.; SOUZA, M. L.; SIHLER, W.; RODRIGUES, J. C. M.; RIBEIRO, B. M.; BIOLOGIA MOLECULAR DE BACULOVÍRUS E SEU USO NO CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS NO BRASIL. Out de 1999. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pab/v34n10/7175.pdf.

S A V I O, G. M.; PINOTTI, E. B.; CONTROLE BIOLÓGICO DA LAGARTA-DA-SOJA (ANTICARSIA GEMMATALIS) POR BACULOVIRUS ANTICARSIA. Jun de 2008. Disponível em: http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/ABQIbvMGaRe80QG_2013-5-3-15-24-32.pdf.

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