A Embrapa Agrossilvipastoril e a Embrapa Soja acabam de elaborar um comunicado sobre o apodrecimento de vagens de soja, na safra 2020/2021. O problema está sendo relatado em diversas regiões brasileiras, especialmente em Mato Grosso (com mais frequência em Sorriso, Ipiranga do Norte e Tapurah), desde a safra 2019/2020. O sintoma é caracterizado pelo apodrecimento de grãos e vagens, a partir da formação de grãos (estádio R5.4: entre 51% a 75% da formação de grãos), o que causa redução de produtividade – de até 20% – e perda da qualidade de grãos. Além disso, o apodrecimento gera níveis de desconto por grãos avariados que chegaram a 30%.

Confira abaixo o comunicado completo ou clique aqui para baixar o pdf.

A ocorrência de apodrecimento de vagens na cultura da soja vem sendo observada em diversas regiões brasileiras, em especial no estado de Mato Grosso, com maior frequência nos municípios de Sorriso, Ipiranga do Norte e Tapurah, desde a safra 2019/2020, expandindo-se na safra 2020/2021 para outras regiões adjacentes. O problema é caracterizado pelo apodrecimento de grãos e vagens, a partir do estádio R5.4 (51% a 75% da formação de grãos), causando redução de produtividade de até 20% e perda da qualidade de grãos e gerando níveis de desconto por grãos avariados que chegaram a 30%.

Diante das observações e análises realizadas até o momento, a hipótese da causa do apodrecimento de vagens está ligada a um conjunto de fatores relacionados ao ambiente desfavorável e à sensibilidade de determinadas cultivares. O ambiente desfavorável trata-se, muito provavelmente, de estresses térmicos, com elevadas temperaturas, associadas com déficit hídrico. Quanto às cultivares de soja, as observações a campo sugerem existir variabilidade genética para sensibilidade a esse problema.

Em análises realizadas em grãos e vagens com e sem sintomas, foram encontrados gêneros de fungos já descritos na cultura como Phomopsis, ColletotrichumCercospora e Fusarium. Esses fungos são descritos como latentes na cultura da soja, podendo ser obtidos de diversos tecidos em diferentes estádios fenológicos. A diversidade de fungos obtidos, inclusive em vagens sem apodrecimento, indica que a colonização pelos mesmos é secundária, não podendo ser atribuída a eles a causa do problema. Muitas áreas com apodrecimento de vagens são expostas a aplicações regulares de fungicidas e apresentam boa sanidade foliar. Até o momento, não há evidências de que o problema seja decorrente de ataque de uma nova doença.

Foto: apodrecimento das vagens – Crédito: Mauricio Meyer.

Em estudos preliminares, constatou-se que os grãos dentro das vagens deterioradas apresentavam elevados índices de enrugamento, resultantes da exposição das plantas a condições de elevadas temperaturas durante a fase de enchimento de grãos. Esse enrugamento normalmente é mais intenso sob déficit hídrico, mas pode também ocorrer em condições normais de disponibilidade hídrica. O enrugamento afeta drasticamente a qualidade dos grãos e das sementes e propicia a infecção secundária por Phomopsis spp., o que pode propiciar o apodrecimento das vagens, principalmente em situações de ocorrência de chuvas em pré-colheita. Sabe-se que a expressão do enrugamento de grãos tem grande influência genética. Supõe-se que as cultivares que estão apresentando esse problema possam ser mais suscetíveis à sua expressão.

A Embrapa, em parceria com outras instituições e empresas, vem desenvolvendo trabalhos de pesquisa para ampliar as hipóteses e suas interações. Desta forma, irá continuar o isolamento de fitopatógenos, a avaliação da nutrição das plantas na ocorrência da anomalia, bem como a observação das relações entre o teor de lignina nas vagens e grãos e do enrugamento dos grãos com o apodrecimento.

Fonte: Embrapa Agrossilvipastoril e Embrapa Soja

Foto de capa: Mauricio Meyer

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