O controle de plantas daninhas desempenha papel fundamental na redução dos danos ocasionados pela matocompetição na produtividade dos cultivos agrícolas. Uma das principais estratégias para minimizar a competição entre plantas daninhas e a soja no início do estabelecimento da lavoura é a semeadura da lavoura “no limpo”.

Sendo assim, o momento após a colheita das culturas de inverno é fundamental para a realização do controle de plantas daninhas especialmente nas regiões Sul do Brasil. A prática visa controlas as plantas daninhas presentes no final do ciclo das culturas de inverno, evitando sua disseminação e consequentemente proporcionando um ambiente mais favorável ao estabelecimento da soja no campo.

Entretanto, a dessecação pré-semeadura, com o uso de herbicidas pós ou pré-emergentes deve levar em consideração algumas variáveis relacionados as espécies a serem controladas e produtos a serem utilizados, sendo uma das mais importantes a resistência das plantas daninhas. Como já conhecido, uma das espécies que apresenta resistência a diferentes herbicidas, especialmente ao glifosato é a Buva (Conyza spp.), entretanto, entender como é dada essa resistência é fundamental para o planejamento do controle da daninha, visando a maior eficiência e eficácia.

Em vídeo no canal Plantas Daninhas do Agro a professora Ana Ligia Giraldeli destaca que atualmente são conhecidos cinco mecanismos de resistência, sendo eles:

  • Alteração no sítio de ação do herbicida
  • Amplificação gênica
  • Metabolização ou desintoxicação
  • Absorção foliar e/ou translocação diferencial do herbicida
  • Sequestro ou compartimentalização do herbicida


Segundo Ana Ligia, a alteração no sítio de ação do herbicida consiste basicamente na modificação do local de ação/destino do herbicida, impossibilitando a ligação do herbicida ao seu sítio de ação, sendo esse mecanismo, o mais comumente encontrado. O processo ocorre pela troca da sequência de aminoácidos do sítio de ação impossibilitando a ligação do herbicida ao sítio específico e resultando na ineficiência do controle da planta daninha.

Figura 1. Representação esquemática da alteração no sítio de ação do herbicida.

Adaptado: Plantas Daninhas do Agro.

A exemplo de plantas daninhas que apresentam esse mecanismo de resistência a herbicidas conforme abordado por Ana Ligia, podemos citar a Bidens pilosa (ALS), a Euphorbia heterophylla (ALS) e a Urochloa plantaginea (ACCase).

Ampliação gênica: Conforme explicado pela professora, “as plantas que possuem esse mecanismo de resistência produzem várias cópias da enzima em que o herbicida atua” ou seja, devido a elevada produção da enzima, o herbicida não consegue inibir todas as enzimas, o que resulta na sobrevivência da planta. Um exemplo destacado por Ana é a resistência do Amaranthus palmeri ao glifosato. De maneira geral, as plantas que possuem esse mecanismo de resistência produzem tantas enzimas (as quais o herbicida deveria se ligar) que a dose utilizada do herbicida para o controle da daninha não é o suficiente para comprometer a sobrevivência da planta.

Mobilização ou desintoxicação: processos evolutivos permitiram que o metabolismo da planta degrade o herbicida e níveis não tóxicos a ponto de comprometer a sobrevivência da daninha. Ana Lígia destaca que as principais enzimas envolvidas no processo de metabolização ou desintoxicação do herbicida são a Monoxigenase (citocromo P450) e a Glutationa (reações de oxidação e conjugação). Esse mecanismo de resistência pode ser observado sobre diversos mecanismos de ação de herbicidas, dentre eles, ACCase, ALS, FSI, FSII, EPSPs entre outros.

Absorção foliar e/ou translocação diferencial do herbicida: Ana Lígia explica que “as plantas que possuem esse mecanismo de resistência translocam menos o herbicidas nos tecidos vegetais ou tem uma maior retenção desse produto na superfície da folha”, ou seja, a quantidade de herbicida que atinge o interior da planta não é capaz de causar danos comprometedores a sua sobrevivência. Esse mecanismo pode ser observado na Conyza bonariensis (Buva) pela absorção reduzida e maior retenção foliar do glifosato.

Sequestro ou compartimentalização do herbicida: ocorre o sequestro do herbicida, evitando com que a molécula chegue em seu local de atuação no interior da planta. “a planta sequestra o produto e o armazena em organelas celulares, especialmente o vacúolo”.

Veja também: O crescente caso de resistência da Buva

Além de conhecer o mecanismo de resistência das plantas aos herbicidas, é fundamental atentar para a espécie da planta daninha e ao mecanismo de ação do herbicida ao qual ela apresenta resistência conhecida. Dentre as alternativas de manejo, podemos citar a rotação de mecanismos de ação de herbicidas e a utilização de “doses cheias” para o controle das plantas daninhas, evitando a subdosagem de produtos impedindo a exposição rotineira da planta daninha ao mesmo mecanismo de ação do herbicida.

Confira abaixo o vídeo completo com as explicações da professora Ana Lígia Giraldeli.


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